O Arcebispo de Coro, Dom Roberto Lückert, fez um forte chamado à população venezuelana a deixar a letargia e a apatia frente à reforma constitucional impulsionada pelo governo de Hugo Chávez e pedir o respeito pela democracia porque "somente nos dez primeiros artigos da Constituição são utilizados para todo o projeto de base da reforma".

"Os alarmes não têm só que assustar países irmãos, mas também os venezuelanos que têm que despertar frente ao projeto de reforma", declarou nesta terça-feira o Prelado ante os microfones da Unión Radio.

Em sua intervenção, o Arcebispo expressou sua preocupação porque "ninguém dissente nada do que está aí e parecia que não vai fazer nenhuma correção, parecia que não é com o povo venezuelano, mas sim acreditam que isso esteja reservado para os políticos e não é assim, aqui estão jogando com o futuro das crianças".

Em Cuba, apontou, Fidel Castro pelo menos "é honesto" ao estabelecer com clareza em sua Constituição que a ilha é um país socialista comunista, "mas aqui não, aqui é colocar um cassetete não democrático mas que parecia que sim o fora".

Escola bolivariana à força

Mais adiante, Dom Lückert relatou que na segunda-feira, durante seis horas, um grupo comunitário seqüestrou três religiosas da escola Margarida Bosco de Coro, estado Falcón, exigindo convertê-la em bolivariana e alertou de que isto pode ser um exemplo do que acontecerá em breve na Venezuela.

"A pessoa se sente triste -comentou- porque é um esforço que têm feito as irmãs salesianas por trabalhar nos bairros marginais de Coro", apoiando ao poder comunal popular que agora decide "que essas instalações serão convertidas em escolas bolivarianas, ao assalto, atropelando a propriedade privada das irmãs quem está prestando um excelente serviço à comunidade".

Em que pese a que as irmãs inclusive já asseguraram recursos como à alimentação para os menores, os do "grupo do poder comunal seguem com a insistência e as atropelam, insultam-nas, humilham-nas e ontem lhes puseram um cadeado para que ninguém entrasse ou saísse da instituição".

Ante as tentativas de ideologização das jovens gerações por parte do governo de Chávez, o Arcebispo criticou que "querem criar uma espécie de mini robôs", assinalando, entretanto, que "na Venezuela não vai resultar assim como não resultou em Cuba porque se sabe que os jovens, formados pela revolução cubana, são os que se lançam ao mar a risco de serem comidos pelos tubarões".

"Se é tão belo -questionou- por que estes jovens formados e manipulados pela revolução têm que deixar seu país e procurar asilo em outra nação? Deve ser porque essa educação manipulada como o faz Fidel não funcionou e menos na Venezuela".

"O que está passando em Coro pode ser o exemplo do que ocorre no país Que algum poder comunal dita que a Catedral de Coro serve muito bem para dançar "reguetón", vão e tomam por assalto a igreja porque é o poder popular e esse poder vem da base", assinalou.