O Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio Maria Rouco Varela, referiu-se à ofensiva exposição "Deus (é): Modos de Emprego", que se exibe no Centro Cultural da Vila, nesta cidade; e precisou que o amor a Deus não gera violência mas sim mártires.

A exibição, além de fazer apologia do laicismo, entre outras coisas, compara ao aiatolá Khomeini com a Madre Teresa de Calcutá; e apresenta novas figuras "religiosas" como o "Divino Elvis Presley". É organizada pelo Museu da Europa e a Prefeitura de Madri e co-patrocinada pelo Ministério de Assuntos Exteriores e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional (AECI).

Em seu habitual discurso breve na rede COPE, o Cardeal Rouco expressou que se pretende mostrar "com uma aproximação superficial e supostamente neutra e objetivo ao fenômeno das religiões, que a fé em Deus e que o amor a Deus gera violência". "O que é verdade e foi verdade ao longo de toda a história, muito especialmente a do século XX, é justamente o contrário: o amor a Deus, apresentado, encarnado e entregue no Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o que produz é amor misericordioso, devotado em total gratuidade ao homem. Produz Mártires!", destacou o Cardeal.

Além disso, o Arcebispo de Madri assinalou que "não é estranho, portanto, que os detentores do poder humano pretendam, e tratem por todos os meios, de fazer compreender às jovens gerações o contrário".

"É possível que tenhamos esquecido tão logo das mais horrendas tragédias da humanidade, as do século passado, com suas duas guerras mundiais e com dois regimes políticos que, negando explícita e militantemente a Deus, desprezaram ao homem e o humilharam até os extremos mais inconcebíveis do genocídio e de sua eliminação por milhões?", questionou.

Por último, o Arcebispo afirmou que "os atuais fanatismos religiosos não se curarão negando a verdade e o amor de Deus através de fórmulas cripto-religiosas de um laicismo radical e auto-suficiente, mas sim a procurando e encarnando-a o mais autenticamente possível".

Campanha de protesto

Por outro lado, a plataforma cidadã Hazteoir.org (HO) anunciou o início de uma campanha de protesto contra o Ministro do Exterior, Miguel Ángel Moratinos; e o Prefeito de Madri, Alberto Ruiz-Gallardón, exigindo a retirada da citada exposição.

José Castro, Vice-presidente do HO, denunciou que "este governo cai na hipocrisia, porque por um lado nos diz que a religião deveria ser um assunto dos cidadãos, não algo público. Mas por outro, financia exposições como estas com dinheiro público".

Do mesmo modo, "que a Prefeitura de Madri co-financie esta exposição deveria fazer o Partido Popular refletir; principalmente quando o novo curso político vem marcado pelas eleições gerais, e o senhor Gallardón faz alarde insistente de suas pretensões de cara às listas do PP".

"Não pode evitar-se esta nova piscada ao ataque aos sentimentos religiosos por parte do atual Prefeito de Madri, não já dos católicos, mas sim contra quem professa uma fé monoteísta em geral, sem que possamos nos esquecer de que a liberdade religiosa é um direito constitucional e a ofensa está tipificada como delito no artigo 525.1 de nosso Código Penal", advertiu José Castro.

Em opinião do Moratinos, esta amostra promove "um estimulante discurso para a reflexão que convida ao conhecimento, o diálogo e o respeito inter-religioso". "Todo um sarcasmo, que não surpreende ante um governo que promove um laicismo radical para obter a total erradicação do religioso da esfera pública, como mostra a doutrinação imposta nas escolas através de Educação para a Cidadania", denunciou.