Dom Reinaldo Del Prette, Arcebispo de Valência (Venezuela), saiu ao passo dos ataques de funcionários do governo de Hugo Chávez e dele mesmo, e explicou que "a Igreja Católica não é política, isso é uma visão tão torpe, tão pequena. A Igreja tem 20 séculos cumprindo sua missão e, quando fala não é de política partidária ou como partido de oposição. Qual partido de oposição?"

Em entrevista concedida ao jornal venezuelano EL Carabobeño, o Prelado assinalou que "se fôssemos oposição pretenderíamos o poder. Nós não podemos aceder a nenhum posto público, em nenhum de seus poderes, nem eleitoral, nem judicial, nem legislativo, nem executivo. Nisto, o Código de Direito Canônico é muito claro. De maneira que nós não vamos por ali".

"Onde vejamos que não é o mais condizente, por nossa experiência, por nosso amor a Venezuela, iremos dizer sem problemas, porque é parte de nossa missão", expressou o Arcebispo de Valência.

Ao ser perguntado por sua opinião ante os ataques à hierarquia da Igreja por parte de Hugo Chávez e seus funcionários, o Prelado recordou que ante eles "o Cardeal Jorge Urosa Savino reafirmou o exposto no último documento dos bispos, que tanto ardência causou no Presidente da República e em alguns membros de seu gabinete".

"Nesse documento não dissemos mais nada do que devemos dizer. Essa é a posição normal de um Episcopado ante um país que está declarado com rumo ao socialismo, cujas linhas, nós como bispos, não observamos. Esta é uma reforma que ainda não saiu à luz mas criou preocupações sobre qual é o destino da Venezuela dentro dessa política do socialismo do século XXI", prosseguiu.

Seguidamente pôs como exemplo da ação dos bispos ao Papa João Paulo II, "quando deu força ao movimento Solidariedade, partido que nasceu dentro dos sindicatos poloneses, fê-lo contra o socialismo-comunismo estatizante, absoluto que vivia sua Polônia natal. Meteu-se em política? Não acredito. Simplesmente foi o pastor supremo da Igreja que, apoiado na Doutrina Social da Igreja, cujos princípios estão no evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, teve a palavra que dizer no momento oportuno. Assim pensamos".

"Por isso o Papa João XXIII foi sábio, quando disse que a Igreja é mãe e mestra da humanidade, durante 20 séculos, pelo qual convivemos com todos os regimes que houveram e que haverão. Compartilhamos experiências com Calígula e com Nero, que nos perseguiram durante o Império Romano; conhecemos Hitler, Mussolini, Stalin e Roosevelt. Hoje estamos em presença de outros governantes: Chávez, Lula, Kirchner", apontou o Prelado.