O Semanário Alba afirmou que a nomeação de Bernart Soria como Ministro da Saúde é uma questão mais política que científica e uma provocação do Presidente José Luis Rodríguez Zapatero aos católicos, pois se trata de alguém que pertence a seu "núcleo duro" e que defende "fortemente a pesquisa com células mãe embrionárias".

"Embora do Governo 'vendeu’ como o defensor da pesquisa biomédica, a comunidade científica ‘ningunea’ a um personagem que tem mais de imediatico e político que real", expressou o artigo.

O semanário recordou que o funcionário fracassou em vários projetos de investigação e que seus artigos, 24 no total, não foram editados em publicações de "impacto" entre os cientistas, mas sim em outras consideradas de escassa relevância.

"Cientificamente suas pesquisas foram um fracasso. Em fevereiro de 2000 publicou o achado que deu notoriedade: ter obtido células mãe embrionárias de ratos que produziam insulina. Uma ‘descoberta’ desmentida posteriormente em uma prestigiosa revista científica: a insulina tinha sido gerada pelas células de cultivo, não pelas células mãe embrionárias", advertiu o semanário.

Esta opinião é compartilhada pelo diretor do Observatório de Bioética e diretor de Instituto de Ciências para a Vida da Universidade Católica de Murcia, Justo Aznar, quem afirmou que Soria "não é o grande pesquisador" mas sim "um professor universitário com uma carreira pesquisadora similar a de outros".

O artigo assinalou que Soria mais parece "um executivo agressivo que um cientista", pois "fala mais de investimentos e rentabilidade que de avanços científicos e curas". O agora ministro, indicou o semanário, reconheceu em fevereiro passado ter recebido 200 milhões de euros de recursos europeus até 2010 "graças ao trabalho do Presidente Zapatero", segundo o funcionário; um fato que uso para levantar a imagem do Presidente como quando pediu que lhe entregasse o Nobel da Paz.

Núcleo duro de zapaterismo

Alba recordou que a boa relação do Ministro com Rodríguez Zapatero foi confirmada por fontes governamentais ao meio local Época, ao afirmar que "Bernart formava parte do núcleo duro do Presidente desde antes das eleições" e que seria o encarregado de aplicar a Lei de Biomedicina, da que é autor intelectual, e que abre a porta a clonagem pese ao Convênio de Oviedo assinado pela Espanha e o Código Penal.

"A vice-presidente Vega acrescenta que o novo Ministro da Saúde esteve fazendo campanha pelo PSOE no passado 27M. Possivelmente por isso Soria foi um dos grandes beneficiários dos mais de 100 milhões de euros destinados pelo Executivo Zapatero para pesquisa em medicina regenerativa", indicou Alba.

Nesse sentido, o ex-presidente do Comitê de Bioética e catedrático da Universidade Complutense, César Nombela, disse a Alba que esta nomeação "deve interpretar-se como um gesto", devido à proximidade das eleições e a possível mudança de Governo.

Soria é "a realidade (científica) frente à fantasia; a ética frente à falta de escrúpulos; o trabalho escuro frente ao glamour do ‘efeito imediático’. Soria é um ‘blefe’ além de uma provocação", afirmou Alba.