MADRI, 8 de jun de 2007 às 11:06
O Bispo de Battambang (Camboja), Dom Enrique Figaredo Alvargonzales, denunciou que na Espanha produz e comercializa bombas racemo e recordou que a falta de transparência deste comércio faz "virtualmente impossível" saber quem são os receptores destas armas.
Em um comunicado por sua próxima visita a Espanha, sua terra natal, o Prelado afirmou que o Governo deste país "crê conveniente sua produção (das bombas racemo) para manter a operatividade das Forças Armadas", o que a seu julgamento "resulta incongruente com sua participação nas iniciativas internacionais contra a proliferação de armas", como a Declaração de Oslo, que assinou em fevereiro.>
Dom Figaredo considerou "ambíguo" que por um lado o Parlamento espanhol tenha aprovado uma lei que pretende aumentar os controles na comercialização de todo tipo de armas, e por outro lado, não se lute contra as bombas racemo.>
Logo depois de dez anos do Tratado de Ottawa; que proíbe a fabricação, uso, venda e armazenagem de minas, entre as quais destacam as bombas racemo, Camboja continua sofrendo as conseqüências destas armas e é um exemplo histórico e atual do efeito destruidor e pernicioso das mesmas, referiu o Prelado.
As bombas de racemo, lançadas do ar ou através de sistemas de artilharia, são capazes de dispersar centenas de pequenas submunições sobre uma área que pode alcançar vários quilômetros quadrados, o que faz impossível controlar de forma precisa o lugar de sua queda, destacou Dom Figaredo e adicionou que segundo dados da Coalizão Contra o uso das Munições de Racemo (CMC) várias empresas na Espanha estão relacionadas com a produção e distribuição deste tipo de armas.
A Declaração de Oslo, assinada em 23 de fevereiro deste ano, compromete os 46 países assinantes a culminar em 2008 o processo para a consecução de um tratado que proíba as bombas racemo ou de fragmentação. Espanha, igualmente a fez em 1997 ao assinar o Tratado de Ottawa, somou-se a este acordo.