O Arcebispo de Denver, Dom Charles Chaput, pediu para não conduzir o problema migratório com insultos e fanatismos porque isso é o menos que se necessita, e indicou que a proposta apresentada no Senado, embora não é perfeita, é um caminho prometedor que deve ser apoiado.

"Se conduzirmos o debate migratório em uma forma estúpida e fanática, teremos leis que respondam a esses mesmos adjetivos", advertiu em um artigo. Explicou que mais que ataque verbais ou medidas duras pouco práticas, o fundamental é um compromisso inteligente e realista.

Nesse sentido, recordou que em seus dez anos como Arcebispo de Denver recebeu inumeráveis comentários desenquadrados e vingativos sobre a imigração. Em um destes advertem: "Há um lugar especial no inferno para você. (Obscenidade) a você e a sua igreja ilegal e de 'costas molhadas'".

Ante isso, expressou que "a parte de minha herança que é nativo-americana , tenho sangue dos índios Potawatomi por parte de minha falecida mãe, está sempre tentada a responder que a 'imigração ilegal' tem uma larga e embaraçosa tradição neste país. Mas isso não conseguiria nada. Os insultos, os exageros e a radicalização de posturas são exatamente o contrário do que necessitamos para resolver os problemas migratórios de nosso país".

Lei de reforma migratória

Dom Chaput afirmou que os americanos têm direito de nos preocupar com a segurança pública, o trabalho, o respeito à lei e a solvência de nossas instituições públicas. Entretanto, esta preocupação legítima deve ir ao mesmo tempo com outras preocupações também legítimas, como a realidade de milhões de trabalhadores honestos, mas sem documentos, que "vivem já entre nós e contribuem à vida dos Estados Unidos".

Nesse sentido, destacou o caminho tomado pelos promotores da Lei de Reforma Migratória Integral de 2007, conhecida como S. 1348. Indicou que embora o compromisso não seja perfeito e se espera que se realizem algumas emenda, o texto já "move o processo vital de reforma para diante".

"O debate sobre imigração no Senado, que continuará a princípios de junho, é o princípio do processo de reforma, não o final. Deve ser bem-vindo e apoiado neste sentido. Não podemos seguir dizendo que temos um problema urgente e não fazer nada para solucioná-lo", assinalou.

Dom Chaput esclareceu que a S. 1348 não é uma anistia nem um presente. "Não proporciona um caminho fácil nem rápido para a cidadania. Não ignora as preocupações sobre a segurança dos Estados Unidos. É uma proposta rigorosa que, entretanto, regularizará a situação de mais de 12 milhões de pessoas", explicou.

Finalmente, o Prelado expressou seu desejo de que a reforma migratória se deste ano porque "não podemos esperar mais para solucionar este urgente assunto". "Precisamos superar os prejuízos sectários que convertem o assunto da imigração em um pouco tão explosivo e, ao mesmo tempo, intratável. Precisamos atuar agora", expressou.