"Um Estado laico é verdadeiramente democrático se valorizar a liberdade religiosa como um elemento fundamental do bem comum, plenamente digno de respeito e de proteção", afirma o Arcebispo de Valência, Dom Agustín García-Gasco, em sua mais recente carta intitulada "A avaliação pela liberdade religiosa".

Em sua missiva, o Prelado assinala que o bem-estar dos cidadãos "exige que possam professar e praticar a religião que em consciência lhes pareça mais conveniente, ou deixar de praticá-la" e recorda que o Estado "não tem que intervir nem a favor, nem contra as possíveis opções, salvo que sob a aparência de religião esteja atuando contra as leis justas e das exigências de ordem pública".

Para o Arcebispo valenciano, a confissão do Estado "implica avaliação pela liberdade religiosa, amparo e favorecimento de seu exercício como parte primitiva do bem comum e dos direitos civis dos cidadãos". Este aprecio pela liberdade religiosa "implica estender esta valoração positiva às instituições religiosas presentes na sociedade, ao direito dos pais a que seus filhos eduquem de acordo com suas convicções religiosas e morais, à legítima aspiração dos fieis por desfrutar de uns meios de comunicação respeitosos com os conteúdos de sua fé".

Em troca, se…

Contudo, prossegue o Prelado, se governar "do prejuízo anti-religioso" e atua  "politicamente na fobia para as expressões religiosas do catolicismo e de outras religiões", então já "não se pratica a confissão mas sim o contrário: a doutrinação mais ou menos sutil no ateísmo e no laicismo".

Segundo Dom García-Gasco, uma amostra do "apreço pela liberdade religiosa" dá-se quando a laicidade do Estado "permite totalmente apoiar com dinheiro público o exercício da liberdade religiosa e subsidiar às instituições religiosas de forma proporcionada a sua implantação na sociedade e a sua correspondente significação na história e cultura do povo", e acrescenta que "é justo que o dinheiro dos contribuintes se administre com respeito a suas convicções e nunca contra elas".

Ao referir-se à situação atual no país, o Arcebispo assinala que os bispos vêem "com preocupação como na Espanha se busca gerar menosprezo e intolerância para a liberdade religiosa dos católicos" e assegura que "há formações políticas, partidos e meios de comunicação que atuam de modo expresso e declarado contra a religião católica".

Mais adiante, lamenta que "por muito que se pressentem como pensamentos éticos rigorosos, e como informadores objetivos, não importa nada que suas ofensivas ataquem a pessoas concretas, a seus direitos fundamentais, ao respeito a seu trabalho, a seu bom nome e inclusive a sua venerabilidade".

Finalmente, o Arcebispo pede a colaboração de todas as instituições da sociedade "para melhorar a qualidade do ensino e da educação moral da juventude" e enfatiza que o poder político "não é fonte da moral e quando pretende sê-lo, converte-se em tirania".