7 de maio de 2024 Doar
Um serviço da EWTN News

Funcionários se opõem a recuperação de identidade de Universidade Católica no Peru

Com motivo do debate que surgiu em torno do restabelecimento da fiscalização patrimonial dos bens da Pontifícia Universidade Católica do Peru, alguns representantes e professores deste centro de estudos assinalaram que sua intenção é defender o atual pluralismo ante a identidade católica do centro estabelecida pela vontade testamental de seu doador, José de la Riva Agüero.

Mediante sucessivos artigos jornalísticos e declarações à imprensa, diversos funcionários da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP) assinalaram sua oposição ao dever moral expresso pelo Arcebispo de Lima e Primaz do Peru, Cardeal Juan Luis Cipriani Thorne, de velar pela transparência e o legado testamental que deu origem a PUCP.

A oposição de que seja convocado um Conselho de Administração, que foi estabelecido à perpetuidade, vai junto com o propósito de impedir que este centro de estudo seja regido pelas normas e princípios estabelecidos pela Ex Corde Ecclesiae, a Constituição Apostólica mediante a qual o Papa João Paulo II estabeleceu em 1990, os princípios que devem reger toda universidade que se chame católica.

A aplicação da Ex Corde Ecclesiae veio dilatando-se nesse centro de estudos até a data.

A história

José de la Riva Agüero y Osma, um dos mais importantes intelectuais da história peruana, deixou um significativo patrimônio em herança a PUCP, estabelecendo um Conselho Administrativo formado por pessoas próximas a seu entorno.

O intelectual peruano estabeleceu, entretanto, que "quando tiverem morrido ou estiverem impedidos todos os mencionados, entrarão o Reitor da Universidade Católica e o designado pelo Arcebispo de Lima".

Desde 1944, data da morte de Riva Agüero, os bens deixados em propriedade da Universidade Católica passaram a ser administrados pelo Conselho Administrativo, que fazia a sessão uma vez ao ano, como também assinalava o testamento.

Entretanto, em 1994, o Conselho Administrativo, então integrada por Salomón Lerner Febres, Reitor da universidade, e Carlos Valderrama Adrianzén, "interpretaram a sua maneira o testamento", conforme assinalou recentemente um comunicado da Arquidiocese de Lima, delegando à universidade a administração dos bens e supervisão dos bens deixando para o porta-voz da Igreja Católica as mandatos testamentais.

Segundo o Dr. Henry Bullard, Assessor legal do Arcebispado de Lima, "ambos os personagens esqueceram que o Conselho Administrativo dos bens herdados à universidade é, tal e como o estabelece o testamento de Riva Agüero, perpétua e insubstituível, por isso tal acordo é nulo de pleno direito porque viola direta e abertamente a vontade do testador".

Outros advogados se somaram a esta posição assinalando que modificar a disposição do testador vai contra todo princípio jurídico.

Bullard explicou que "quando os dois membros no Conselho de Administração não ficam de acordo, quem tem o voto de minerva é o Arcebispo de Lima, que é por sua vez Grão Chanceler da universidade; algo que está estipulado no Regulamento do Conselho de Administração vigente, aprovado no ano 1957 e que não foi modificado".

"Foram os próprios membros do conselho quem por unanimidade acordou este regulamento. Questão lógica se tomar em conta que o que exerceria o voto de minerva era cabeça das duas instituições: a universidade e o Arcebispado", assinala Bullard.

Como produto de sua insistência para a realização de uma nova reunião do Conselho Administrativo, o representante nomeado pelo Arcebispo de Lima, Walter Muñoz Cho, foi reclamado pelas autoridades da PUCP, quem o tem acusado ante o Poder Judiciário de "querer intervir nos assuntos que são de competência absoluta da universidade".

"Por mais de meio século o Conselho de Administração exerceu sua obrigação de velar pela boa administração da herança de José de la Riva Agüero y Osma, sem que isto tenha significado um atropelo aos direitos de autonomia da universidade para governar e administrar seus bens", explica Muñoz Cho.

Bullard, por sua parte, explica que "durante doze anos (1994 - 2006) administraram-se os bens da Pontifícia Universidade Católica sem prestar conta a ninguém. Esse foi um dos motivos pelos qual o atual representante do Arcebispado no Conselho de Administração pediu a realização de uma reunião, mas obteve de resposta uma querela".

"Ninguém sabe o que passou com esse dinheiro e com os bens, e a ordem de Riva Agüero era que existisse um Conselho que, além de administrar, fiscalize de maneira direta o comportamento que se tome sobre o que ele deixou em herança", adiciona Bullar.

"Trata-se de cumprir com um mandato testamental. O Arcebispado não tem intenção de discutir a propriedade mas sim à administração da universidade", afirma.

Resposta intolerante

Entretanto, os funcionários da PUCP que intervieram em público assinalaram que sua decisão de resistir o legítimo pedido de contas do Arcebispado responde ao desejo de impedir que a Universidade Católica perca seu "pluralismo" e complete o processo nunca culminado de adequar seus estatutos ao que dispõe a Santa Sé para as universidades pontifícias.

Conforme explicou o Arcebispado de Lima, a Ex Corde Ecclesiae está orientada a proteger os princípios católicos e da verdade contra o relativismo e outras ideologias, respeitando a liberdade acadêmica no marco de um reto diálogo entre fé e cultura, e entre fé e ciência; realizado sempre da identidade católica.

O diário Correio, por sua parte, revelou que em 1999, o Arcebispado de Lima, através de seus representantes, junto a delegados da Universidade Católica, formaram uma comissão para adequar os estatutos da PUCP às disposições da Santa Sé.

Segundo o diário peruano, "logo depois de várias reuniões, o grupo conseguiu elaborar um documento de consenso para adequar os estatutos da universidade ao pedido papal, entretanto… instâncias superiores do centro de estudos que deveram assinar os documentos não o fizeram", com o que as normas da Santa Sé ficaram sem aplicação.

Em uma entrevista ao diário Correio, o advogado da universidade e antigo funcionário da mesma, Jorge Avendaño assinalou que a PUCP estava regida pelo direito peruano, e que o Arcebispado de Lima "concedeu-lhe o status de católica, como o Estado peruano lhe outorgou o grau de nacional sem que isso signifique que é uma universidade pública. Ao longo de 90 anos houve épocas de maior aproximação à Igreja, não o nego, mas para vincular-se requerem duas partes".

As melhores notícias católicas - direto na sua caixa de entrada

Inscreva-se para receber nosso boletim informativo gratuito ACI Digital.

Suscribirme al boletín

Vários jornais peruanos assinalaram em diversos editoriais que a reação dos funcionários da PUCP ao pedido do Arcebispado tem mais que ver com uma resposta intolerante à perspectiva e direitos da Igreja que com uma disputa patrimonial.

Com efeito, mediante um comunicado, o Arcebispado de Lima assinalou que o pedido legal da Arquidiocese é "um chamado à responsabilidade e veracidade, que é a melhor forma de conviver e resolver os problemas"; frente ao qual os funcionários da PUCP optaram por publicar uma mensagem que "confunde à opinião pública e à mesma comunidade universitária".

O comunicado arcebispal augura que os funcionários "não continuem por este caminho mediático de confundir e ofender a quem não opina como eles".

Nossa missão é a verdade. Junte-se a nós!

Sua doação mensal ajudará nossa equipe a continuar relatando a verdade, com justiça, integridade e fidelidade a Jesus Cristo e sua Igreja.

Doar