18 de dezembro de 2025 Doar
Um serviço da EWTN News

Filha de político morto por terroristas de esquerda apresenta mensagem de paz de Leão XIV

Agnese Moro tinha 25 anos de idade quando as Brigadas Vermelhas assassinaram seu pai, então primeiro-ministro da Itália, em 1978. | Daniel Ibáñez/ EWTN

“Eu pensava que a dor era só minha. Nunca tinha pensado na dele, que eu sentia ainda mais intensamente porque nunca tinha sido expressa desse modo”, disse Agnese Moro, filha de Aldo Moro, primeiro-ministro da Itália morto pelas Brigadas Vermelhas, grupo terrorista comunista que semeou o terror na Itália até o fim da década de 1980, no Vaticano.

Ela foi uma das palestrantes que apresentaram a mensagem do papa Leão XIV para o 59º Dia Mundial da Paz, que será celebrado em 1º de janeiro do ano passado.

O corpo de seu pai, então presidente do Partido Democrata Cristão de Itália (DC), foi encontrado morto no porta-malas de um Renault 4, a poucos passos da sede do partido, 55 dias depois de seu sequestro.

Aqueles anos foram conhecidos como os anos do chumbo. Entre as décadas de 1960 e 1980, cerca de 500 pessoas morreram na Itália em consequência da violência terrorista.

Agnese Moro, que tinha 25 anos de idade quando o assassinato ocorreu, optou pelo silêncio por cerca de três décadas para tentar superar a perda do pai.

Um processo de justiça restaurativa em prisões italianas, liderado por um jesuíta

No entanto, tudo mudou para ela há 15 anos. O padre jesuíta Guido Bergagna, que fundou o primeiro grupo de justiça restaurativa em prisões italianas, convidou-a a participar de um encontro com ex-militantes da luta armada das décadas de 1970 e 1980, alguns deles diretamente ligados ao sequestro e assassinato de seu pai.

“Era um espaço livre e privado, onde as pessoas podiam entrar e sair como quisessem, respeitando a todos”, disse ela na sala de imprensa do Vaticano. “Um lugar onde se podia falar ou permanecer em silêncio, expressar a própria dor sem julgamento ou censura, acompanhado por mediadores competentes, imparciais e acessíveis”.

Nesse contexto, o encontro com a dor do outro tornou-se, segundo Moro, "o primeiro golpe poderoso e irreversível contra a desumanização".

“Se você sente dor, você é humano. Você é como eu”, disse ela falando sobre esses encontros.

“A desumanização é a condição prévia para toda violência”

Moro falou sobre a centralidade da justiça restaurativa, que o papa cita explicitamente em sua mensagem como uma ferramenta para a paz social que deve ser sustentada e fortalecida. Ela disse que essa abordagem “pode ajudar a restaurar a humanidade onde a desumanização e suas consequências prevaleceram”.

As melhores notícias católicas - direto na sua caixa de entrada

Inscreva-se para receber nosso boletim informativo gratuito ACI Digital.

Suscribirme al boletín

“A desumanização é o pré-requisito para toda violência”, disse Agnese. “Não se pode destruir o corpo de alguém sem antes considerá-lo não humano, sem reduzi-lo a uma função, um uniforme, um inimigo, um fantasma. E, fazendo isso, também se suspende a sua própria humanidade”.

Nessas trocas de que participou e das quais surgiu a obra Il libro dell'incontro (O Livro do Encontro), que narra essa experiência, ela disse que havia "toda a justiça de que eles e nós precisávamos para viver".

Num paradoxo, essa humanidade reapareceu em seu encontro com os assassinos de seu pai. O que havia sido um monólogo atormentado transformou-se num diálogo que não justificava o que os terroristas fizeram, mas a ajudava a reconhecer que eles também eram humanos.

“Cada palavra que eu disse os feriu, mas eu reconheci a humanidade deles”, disse ela a jornalistas. “E cada palavra que eles disseram me magoou, mas eu reconheci a minha [humanidade]. A verdadeira escuta é o reconhecimento mútuo da humanidade”.

"Fantasmas podem ser odiados para sempre; pessoas, nem tanto"

“Fantasmas podem ser odiados para sempre; pessoas, nem tanto. Você se apaixona por suas vidas difíceis e sua luta para recomeçar, e elas se apaixonam pela minha. Nosso companheiro comum nesta jornada é o irreparável: nós por termos sofrido, eles por terem causado”, disse ela, falando sobre esse fio invisível entre vítimas e agressores.

Apesar de toda a dor, poder olhar nos olhos dos assassinos de seu pai — sobre os quais ainda há mais incógnitas do que certezas — e até mesmo perdoá-los foi um alívio para ela.

“Nenhuma paz verdadeira é alcançada simplesmente com o silenciamento das armas”, concluiu Agnese. “Para que a paz seja real e duradoura, é também necessário desativar os mecanismos mentais e emocionais que estão na base de qualquer ato violento, e as memórias radioativas que a violência irreparável, seja ela perpetrada ou sofrida, deixa para trás”.

Nossa missão é a verdade. Junte-se a nós!

Sua doação mensal ajudará nossa equipe a continuar relatando a verdade, com justiça, integridade e fidelidade a Jesus Cristo e sua Igreja.

Doar