5 de dezembro de 2025 Doar
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Leão XIV denuncia a "lei do mais forte" em discurso às autoridades turcas

Papa Leão XIV ontem (27) com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, em Ancara, Turquia. | Vatican Media

O papa Leão XIV iniciou ontem (27) sua primeira viagem internacional.

Em discurso ontem em Ancara, capital da Turquia, na recepção formal pelo presidente do país, Recep Tayyip Erdoğan, o papa disse ter esperança de que a Turquia possa ser “uma fonte de estabilidade e reaproximação entre os povos” e servir à causa de uma “paz justa e duradoura”. Ele descreveu o país como “inextricavelmente ligado às origens do cristianismo” e uma terra que convida a uma fraternidade “que reconhece e valoriza as diferenças”.

Iniciando uma viagem de seis dias que também o levará ao Líbano, Leão XIV disse que os povos da região podem ajudar a lembrar o mundo de que a paz, a dignidade humana e a fraternidade “são os únicos alicerces seguros para o nosso futuro comum”.

O imponente palácio presidencial, onde o papa discursou, tornou-se um símbolo da autoridade política contemporânea da Turquia desde que Erdoğan o inaugurou em 2014. Bombardeado numa tentativa de golpe de Estado em 2016, o palácio continua sendo a sede a partir da qual Erdoğan molda a postura do país tanto no âmbito nacional quanto internacional. Antes de seu encontro com Erdoğan, Leão XIV prestou homenagem ao túmulo de Mustafa Kemal Atatürk, fundador e primeiro presidente da República Turca.

Em seu discurso de boas-vindas ao papa, Erdoğan elogiou a abertura cultural e a harmonia inter-religiosa da sociedade turca, assim como o compromisso de seu país com a paz e a assistência humanitária, citando o acolhimento de refugiados da longa guerra civil na Síria.

Em seu discurso, o papa rejeitou a mentalidade da “lei do mais forte”, defendendo uma renovada “cultura do encontro” para combater o que descreveu como uma crescente “globalização da indiferença”. Justiça e misericórdia, disse ele, devem guiar a vida política e social. Ele disse que a inteligência artificial arrisca perpetuar as desigualdades existentes porque “simplesmente reproduz nossas próprias preferências” e exortou à cooperação para “reparar os danos já causados ​​à unidade da nossa família humana”.

Falando sobre a descrição feita por seu antecessor sobre os conflitos atuais como “uma terceira guerra mundial travada aos poucos”, o papa Leão XIV disse: “Não podemos ceder a isso! O futuro da humanidade está em jogo”. Ele disse que a Santa Sé busca trabalhar com todos países comprometidos com o desenvolvimento integral de cada pessoa.

Descrevendo a Turquia como uma “encruzilhada de sensibilidades”, o papa disse que a vitalidade social do país depende da pluralidade. “A uniformidade seria um empobrecimento”, disse ele, dizendo que as comunidades hoje correm o risco de se tornarem “polarizadas e dilaceradas por posições extremadas”. Falando sobre o emblema da viagem – uma ponte sobre os Dardanelos – ele disse que ela simboliza não só uma ligação entre a Ásia e a Europa, mas também um apelo mais profundo à unidade: “Ela conecta a Turquia a si mesma”.

O papa Leão XIV falou sobre são João XXIII, conhecido localmente como o “papa turco” por ter passado cerca de uma década como diplomata da Santa Sé na Turquia antes de se tornar papa e por ter trabalhado para garantir que os católicos não fossem marginalizados nas primeiras décadas da república turca. Ecoando o magistério do santo, Leão XIV rejeitou o isolacionismo como “uma lógica falsa”. Ele falou sobre as contribuições das mulheres para a sociedade e a vida internacional e sublinhou a importância da família, na qual “sem o outro não há eu”.

 

 

 

Falando sobre o 1700º aniversário do Concílio de Niceia, principal motivação para sua visita, que terá encontros ecumênicos e cultos com líderes ortodoxos orientais, o papa disse que o encontro histórico do século IV d.C. ainda é um tema de encontro e diálogo contínuo.

A Turquia teve papéis em vários conflitos regionais nos últimos anos, como o envolvimento na guerra da Síria e o apoio ao Azerbaijão em seu conflito com a Armênia. Ancara participou de esforços diplomáticos, como a mediação entre a Rússia e a Ucrânia e a influência nas negociações de cessar-fogo envolvendo o grupo terrorista islâmico Hamas.

O papa Leão XIV tinha agendado uma viagem aérea para Istambul depois do discurso e não tinha outros eventos públicos programados para ontem.

 

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