Nov 27, 2025 / 17:02 pm
A Santa Sé encerrou o ano fiscal de 2024 com um superávit de € 1,6 milhão (cerca de R$ 9,9 milhões), segundo o Balanço Consolidado 2024 publicado ontem (26) pela Secretaria para a Economia da Santa Sé. O resultado é uma mudança substancial em relação ao déficit de € 51,2 milhões (cerca de R$ 317,8 milhões) registrado em 2023, disse a Santa Sé.
O relatório público mais recente da Santa Sé foi referente a 2020 — publicado em 2021 — e apresentou um déficit de € 66,3 milhões (cerca de R$ 411,5 milhões).
O relatório indica que a melhoria financeira se baseia na redução do déficit operacional, que caiu cerca de 50%, de € 83 milhões (cerca de R$ 515, 2 milhões) para € 44 milhões (cerca de R$ 273,1 milhões), impulsionada por um aumento de € 79 milhões (cerca de R$ 490,3 milhões) nas receitas, provenientes principalmente de doações e da gestão hospitalar, e por um rigoroso controle de custos que compensou parcialmente a inflação e o aumento dos custos com pessoal.
O documento destaca ainda o desempenho da gestão financeira, com resultados ativos de € 46 milhões (cerca de R$ 285, 5 milhões), superiores aos do ano anterior, graças às mais-valias obtidas com a venda de investimentos históricos e ao início das operações do comitê de Investimento da Santa Sé.
Superávit excluindo hospitais
Excluindo as entidades hospitalares, a Santa Sé registrou um superávit de € 18,7 milhões (cerca de R$ 116 milhões), embora a secretaria diga que esse valor reflete efeitos contábeis extraordinários e um aumento pontual nas doações, de modo que sua consolidação dependerá dos anos futuros.
O relatório financeiro da Santa Sé revela uma alocação total de € 393,29 milhões (cerca de R$ 2,4 bilhões) para a Missão Apostólica e os Fundos Pontifícios, excluindo o financiamento hospitalar. O orçamento reflete a prioridade dada ao apoio às atividades essenciais da Igreja no mundo e mostra como os recursos são distribuídos para garantir a continuidade da missão apostólica.
Cerca de 83% dos fundos estão concentrados em cinco áreas estratégicas que sustentam o trabalho pastoral e social da Santa Sé. A alocação mais significativa, de € 146,4 milhões (cerca de R$ 909,3 milhões)— equivalente a 37% do total — destina-se ao apoio às Igrejas locais em situações de dificuldade e em contextos de evangelização, reconhecendo a importância de fortalecer as comunidades mais vulneráveis e acompanhar a difusão da fé em territórios onde a missão enfrenta maiores desafios.
O culto e a evangelização constituem a segunda maior categoria, sendo 14% dos recursos. Essa verba apoia atividades litúrgicas, formação religiosa e iniciativas para difundir a doutrina em todo o mundo. Outros 12% são especificamente dedicados à comunicação da mensagem do papa, assegurando que seu magistério, exortações e declarações cheguem efetivamente aos fiéis e à comunidade internacional.
10% do orçamento é destinado a serviços de caridade
Dez por cento do orçamento é destinado à manutenção da presença internacional da Santa Sé por meio das nunciaturas apostólicas, que têm um papel diplomático e pastoral essencial nas relações com os Estados e as Igrejas locais. Outros 10% são destinados a serviços de caridade, fortalecendo iniciativas de assistência humanitária e social que respondem às necessidades mais urgentes dos pobres e marginalizados.
Os restantes 17% financiam atividades como a organização da vida eclesial, a gestão do património histórico e o apoio às instituições acadêmicas. A secretaria sublinha que essas remessas mostram a coerência entre a missão pastoral da Igreja e a sua gestão financeira.
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O relatório conclui que, embora o resultado seja encorajador, a plena sustentabilidade financeira da Santa Sé continuará dependendo do seu desempenho nos próximos anos, marcando 2024 como um ano de recuperação econômica depois de anos de déficit.
Maximino Caballero Ledo, prefeito da secretaria para a Economia da Santa Sé, deu uma explicação abrangente dos resultados em entrevista à mídia da Santa Sé, destacando tanto as conquistas quanto a necessidade de prudência e continuidade na gestão.
“Os dados refletem um progresso notável na consolidação da situação financeira da Santa Sé”, disse Caballero. “Não se trata só de manter um orçamento equilibrado, mas de fortalecer nossa capacidade de aproveitar ao máximo cada contribuição recebida, tornando assim nosso serviço à missão da Igreja universal mais robusto e sustentável”.
O relatório financeiro apresentado pela Santa Sé mostra que o déficit operacional estrutural foi reduzido em cerca de metade, de € 83,5 milhões (cerca de R$ 518,3) para € 44,4 milhões (cerca de R$ 275,6 milhões). Isso se deve principalmente ao aumento da receita, que subiu quase € 79 milhões (cerca de R$ 490, 3 milhões) em comparação com o ano anterior, impulsionada por maiores contribuições de doadores, resultados positivos das operações hospitalares e progresso na gestão imobiliária e comercial.
Caballero disse que essa “dinâmica favorável”, aliada a um controle prudente dos gastos e a um esforço constante para aprimorar a eficiência operacional, sugere uma direção positiva para as finanças da Santa Sé. Ele disse que “o déficit de 44,4 milhões de euros indica que ainda há um longo caminho a percorrer”.
“A sustentabilidade financeira não é só uma meta possível, mas uma condição necessária para garantir a continuidade de nossa missão apostólica”, disse Caballero.
Crescimento nas doações e na confiança dos fiéis
O prefeito disse que as contribuições dos fiéis se recuperaram em 2024, depois de anos de declínio. “Esse aumento é um sinal encorajador da renovada participação dos fiéis e das Igrejas locais na missão da Santa Sé”, disse ele. “No entanto, essa dinâmica é variável e sempre exige prudência e realismo em sua interpretação”.
Segundo Caballero, a análise das despesas confirma que a maior parte dos recursos continua sendo alocada diretamente às atividades apostólicas, “refletindo a coerência entre as prioridades da missão e as decisões econômicas que a tornam possível".
“Isso permite-nos reforçar as iniciativas pastorais e apoiar as comunidades mais vulneráveis, consolidando uma gestão equilibrada e responsável dos recursos”, disse ele.
Gestão financeira e perspectivas futuras
O balanço de 2024 também apresenta resultados positivos de € 46 milhões (cerca de R$ 285,5 milhões) provenientes da atividade financeira, como operações extraordinárias relacionadas à reestruturação da carteira de investimentos, em conformidade com a nova política aprovada pelo comitê de investimentos da Santa Sé. Caballero disse que “não se espera que esses ganhos se repitam com a mesma intensidade nos próximos anos e refletem a volatilidade inerente à atividade financeira”.
Ele disse que “junto com a prudência nos gastos, é essencial continuar trabalhando no lado da receita: doações, arrecadação de fundos, valorização de ativos e gestão coerente de investimentos”.
“O objetivo não é colocar esses dois aspectos em oposição, mas consolidar o progresso e fortalecer gradualmente uma base econômica mais estável”, disse Caballero.
Rumo à plena sustentabilidade financeira
O prefeito concluiu dizendo que o ano fiscal de 2024 encerrou com um pequeno superávit de € 1,6 milhão (cerca de R$ 9,9 milhões), um sinal encorajador que, segundo ele, “demonstra que a direção tomada é positiva. Agora devemos consolidar esse progresso, cientes de que alguns dos resultados provêm de itens não recorrentes”.
“A sustentabilidade financeira é essencial para garantir a continuidade da missão da Santa Sé, que, por sua própria natureza, requer uma base econômica sólida”, disse o prefeito.
Caballero disse que “não se trata só de equilibrar o orçamento, mas de fortalecer nossa capacidade de fazer o melhor uso possível de cada contribuição recebida, tornando o serviço da Santa Sé a toda a Igreja universal mais sólido e sustentável”.
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