Leão XIV pede que se construa uma Igreja com os alicerces sólidos de Jesus Cristo, sem seguir os critérios do mundo

Nov 9, 2025 / 09:42 am

O papa Leão XIV pediu aos cristãos que construam uma Igreja com “bases sólidos” e sem seguir os “critérios do mundo”, ao mesmo tempo que os advertiu contra a pressa e a superficialidade no serviço ao Reino de Deus.

“A história milenar da Igreja ensina-nos que só com humildade e paciência se pode construir, com a ajuda de Deus, uma verdadeira comunidade de fé”, disse o papa na missa que celebrou na basílica de São João de Latrão, a catedral do bispo de Roma, por ocasião da Solenidade da Dedicação daquela que é considerada a mãe de todas as Igrejas por ser a mais antiga das basílicas.

O papa já esteve na basílica de Latrão no dia 25 de maio, quando tomou posse como bispo de Roma.

Diante dos fiéis reunidos na basílica, o papa lembrou que este templo, construído no século IV sob o papa Silvestre I por vontade do imperador Constantino, uma vez concedida aos cristãos, no ano 313, a liberdade de professar sua fé e praticar seu culto, não é apenas “um monumento e uma memória histórica”. “É sinal da Igreja ‘de pedras vivas, edificada sobre o alicerce dos apóstolos, tendo Cristo Jesus como pedra angular’, e como tal lembra-nos que também nós, formando um templo espiritual, ‘somos edificados cá na terra como pedras vivas’”, disse. 

“Não sejamos nem precipitados nem superficiais: escavemos em profundidade, livres dos critérios do mundo, que demasiadas vezes exige resultados imediatos, porque desconhece a sabedoria da espera”, exortou em sua homilia, que se concentrou na identidade viva da Igreja, que comparou metaforicamente com a construção da catedral de Roma, a basílica de São João de Latrão.

Leão XIV disse que o edifício material da basílica de São João de Latrão é uma imagem da comunidade cristã, fundada sobre bases sólidas. “Se quem a construiu não tivesse escavado bem fundo até encontrar uma base suficientemente sólida sobre a qual erguer tudo o resto, há muito que toda a construção teria ruído ou a qualquer momento correria o risco de ceder”, disse. “De igual modo nós, operários da Igreja viva, antes de podermos erguer estruturas imponentes, devemos escavar em nós mesmos e à nossa volta, para eliminar todo o material instável que possa impedir-nos de alcançar a verdadeira rocha de Cristo”, acrescentou.

Baseando-se em são Paulo, o papa disse que “ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo”. Por isso, exortou os fiéis a “voltar constantemente a Ele e ao seu Evangelho, dóceis à ação do Espírito Santo”, evitando “sobrecarregar com estruturas pesadas um edifício com bases frágeis”.

Leão XIV insistiu que “Jesus transforma-nos e convida-nos a trabalhar no grande estaleiro de Deus, moldando-nos sabiamente segundo os seus desígnios de salvação”.

O sínodo deve ser submetido a confronto e verificação na prática

Leão XIV disse que a Igreja de Roma dá testemunho disso, sobretudo “nesta fase da implementação do Sínodo, na qual o que amadureceu ao longo de anos de trabalho pede para passar através do confronto e da verificação ‘na prática’”.

“É bom continuar a trabalhar, com confiança, para crescermos juntos”, encorajou, depois de convidar também a não se deixar vencer pelo cansaço.

“Para alimentar e renovar o nosso entusiasmo, não permitamos, pois, que o cansaço nos impeça de o reconhecer e celebrar”, disse.

Citando são João Paulo II, evocou o caráter maternal da Igreja: “Ela é ‘mãe’, ‘mãe de todas as Igrejas’, ou antes ‘mamãe’, como disse São João Paulo II ao falar às crianças”.

“A beleza simples dos ritos expresse o valor do culto”

O papa também abordou o papel litúrgico da basílica de São João de Latrão, afirmando que a liturgia é “meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força”.

Ele pediu que o cuidado litúrgico em Latrão seja exemplar. “Preste-se muita atenção para que, aqui, a beleza simples dos ritos expresse o valor do culto em prol do crescimento harmonioso do inteiro Corpo do Senhor”.

Leão XIV pediu que Latrão seja um exemplo para todos, “no respeito pelas normas, na atenção às diversas sensibilidades de quem participa, segundo o princípio de uma sábia inculturação e, ao mesmo tempo, na fidelidade ao estilo de solene sobriedade típico da tradição romana, que tanto bem pode fazer às almas de quantos nela participam ativamente”.

O papa expressou seu desejo de que “quem se aproxima do Altar da Catedral de Roma possa depois partir cheio daquela graça com a qual o Senhor deseja inundar o mundo”.