Oct 28, 2025 / 11:56 am
O papa Leão XIV exortou as instituições educacionais católicas a evitar a “tecnofobia” e “garantir o acesso aos mais pobres”.
“Onde o acesso à educação continua sendo um privilégio, a Igreja deve abrir portas e inventar caminhos, porque perder os pobres equivale a perder a própria escola”, escreve Leão XIV na carta apostólica Desenhar novos mapas de esperança, publicada em italiano.
No documento papal, publicado no âmbito do 60º aniversário da declaração conciliar Gravissimum educationis, Leão XIV sublinha a necessidade de garantir o acesso às instituições educativas católicas, cerca de 231 mil centros em 171 países que atendem 72 milhões de alunos, aos mais pobres, promovendo “bolsas de estudo e políticas inclusivas” que apoiem “famílias frágeis”.
“A gratuidade evangélica não é retórica: é um estilo de relacionamento, um método e um objetivo”, diz o papa, ampliando também a perspectiva para o ensino superior, onde, diz ele, “uma abordagem inclusiva e um coração solidário nos salvam da padronização”.
No texto de nove páginas, Leão XIV fala sobre os desafios enfrentados pelas instituições educacionais. Entre eles, estão a "hiperdigitalização", que pode "fragmentar a atenção"; a crise nos relacionamentos, que "pode prejudicar a psique", e a insegurança social e as desigualdades que podem "extinguir o desejo".
O papa diz que a educação católica não deve se tornar um "refúgio nostálgico", mas sim um "laboratório de discernimento, inovação pedagógica e testemunho profético".
A educação não avança com controvérsia, mas com mansidão
Leão XIV exorta as comunidades educativas a mudarem de atitude: “Desarmar as palavras, elevar o olhar e proteger o coração. Desarmar as palavras, porque a educação não avança pela controvérsia, mas pela mansidão da escuta”.
Na carta apostólica que assinou ontem (27), antes da missa que marcou o início do Jubileu do Mundo Educativo, ele também exortou os fiéis a guardar os corações porque "o relacionamento vem antes da opinião" e "a pessoa antes do programa".
O papa também ressalta que a pedagogia católica se opõe a uma abordagem "puramente comercial" que exige que o valor da educação seja medido só em termos de utilidade prática.
Evitar a "tecnofobia"
Leão XIV enfatiza a importância de enfrentar os desafios tecnológicos na educação sem cair na "tecnofobia" e usando ferramentas digitais de modo responsável. Por isso, ele recomenda o fortalecimento da formação de professores na área digital e a promoção da "aprendizagem-serviço".
“Nossa atitude em relação à tecnologia nunca pode ser hostil”, diz o papa.
Ele diz também que "nenhum algoritmo pode substituir o que torna humana a educação: a poesia, a ironia, o amor, a arte, a imaginação, a alegria da descoberta e até mesmo a educação ao erro como oportunidade de crescimento".
“Menos cátedra” e sem “hierarquias inúteis”
O documento fala sobre a visão do papa sobre o que as universidades católicas devem ser, confiando-lhes um papel decisivo na construção de uma cultura a serviço do bem comum. Segundo Leão XIV, essas instituições devem oferecer "um diaconato da cultura, menos cátedra, mais mesas onde se sentar juntos", promovendo espaços de diálogo sem "hierarquias inúteis".
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Nesses espaços, alunos e professores devem “tocar as feridas da história e buscar, no Espírito, a sabedoria que nasce da vida do povo”, integrando o conhecimento acadêmico à experiência real e espiritual das comunidades.
Expansão do Pacto Educativo Global
O documento também fala do Pacto Educativo Global, iniciativa promovida pelo papa Francisco em 2020 para educar para a fraternidade, a justiça social e o cuidado com o planeta.
O Pacto Educacional Global tinha originalmente sete caminhos fundamentais: "colocar a pessoa no centro; ouvir as crianças e os jovens; promover a dignidade e a plena participação das mulheres; reconhecer a família como educadora primária; abrir-se ao acolhimento e à inclusão; renovar a economia e a política a serviço dos seres humanos; salvaguardar a nossa casa comum", que continuam sendo a base da proposta educacional do papa.
Leão XIV acrescenta agora três eixos: vida interior, vida humana digital e educação para a paz. Sobre o primeiro, o papa diz que “os jovens exigem profundidade; são necessários espaços de silêncio, discernimento e diálogo com a consciência e com Deus”.
O papa define o segundo caminho, sobre a dimensão tecnológica, como "humano digital". Ele pede formação "para o uso sábio das tecnologias e da IA", mas colocando "a pessoa antes do algoritmo". O terceiro caminho fala sobre a educação para a paz: "Educamos para linguagens não violentas, reconciliação, pontes, não muros", enfatiza Leão XIV.
O papa diz que “mudanças rápidas e profundas expõem crianças, adolescentes e jovens a fragilidades sem precedentes”.
“Não basta preservar: é preciso relançar”, escreve ele. “Peço a todas as instituições de ensino que inaugurem uma nova era que fale ao coração das novas gerações, recompondo conhecimento e significado, competência e responsabilidade, fé e vida”.
A educação católica “não pode ficar calada”
Leão XIV enfatizou a necessidade de a educação católica adotar uma perspectiva que integre a justiça social e ambiental. “Esquecer a nossa humanidade comum gerou divisões e violência; e quando a Terra sofre, os pobres sofrem ainda mais”, disse o papa.
A educação católica “não pode ficar calada: deve unir justiça social e justiça ambiental, promover a sobriedade e estilos de vida sustentáveis e formar consciências capazes de escolher não só o que é conveniente, mas também o que é certo”.
O papa diz que "a responsabilidade ecológica não se limita a dados técnicos". Por isso, ele pede uma educação que "envolva a mente, o coração e as mãos; novos hábitos, estilos comunitários, práticas virtuosas". Leão XIV também defende uma "educação para a paz desarmada e desarmante", que ensine a "depor as armas da palavra agressiva" e do olhar "crítico", para aprender a linguagem da "misericórdia" e da "justiça reconciliada".
“Diante dos milhões de crianças em todo o mundo que ainda não têm acesso à educação primária, como podemos deixar de agir? Diante das dramáticas emergências educacionais causadas por guerras, migrações, desigualdades e diversas formas de pobreza, como podemos deixar de sentir a urgência de renovar o nosso compromisso?”, pergunta Leão XIV.
O papa reafirma a herança da educação católica como uma "história do Espírito em ação", dizendo que "os carismas educativos não são fórmulas rígidas: são respostas originais às necessidades de cada época".
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