A autêntica espiritualidade mariana traz a ternura de Deus para dentro da Igreja, diz Leão XIV

Vaticano, Oct 12, 2025 / 13:52 pm

O papa Leão XIV rezou a missa de domingo (12) na praça de São Pedro no Vaticano para 30 mil peregrinos do Jubileu das Espiritualidades Marianas.

Durante a missa, o papa agradeceu aos membros de movimentos, confrarias, grupos de oração e santuários dedicados à Santíssima Virgem por terem ido a Roma para participar no ano santo da Igreja dedicado à esperança.

Leão disse que a espiritualidade mariana, ancorada na Sagrada Escritura e na tradição da Igreja, revela a profunda beleza do amor pessoal de Deus por cada pessoa.

“O caminho de Maria segue o de Jesus, que nos leva a encontrar todos os seres humanos, especialmente os pobres, os feridos e os pecadores”, disse ele na homilia de 12 de outubro. “Por isso, a autêntica espiritualidade mariana traz à luz na Igreja a ternura de Deus, a sua maneira de ser mãe”.

Segundo o pontífice, a devoção à Mãe de Deus “mudou para sempre a face da terra” e deve ser revivida através da “devoção popular”, especialmente num mundo que busca a paz e a justiça.

“Usemos [as devoções marianas] como força motriz para a renovação e a transformação”, disse ele no domingo. “De fato, o jubileu que estamos a celebrar exige um tempo de conversão e restituição, de reflexão e libertação”.

Desde que se tornou papa em maio, Leão XIV tem falado frequentemente sobre o significado do Cântico de Maria na vida da Igreja ao longo dos seus 2 mil anos de história.

“Algumas formas de culto não promovem a comunhão com os outros e podem entorpecer os nossos corações... Não contribuímos, como Maria, para mudar o mundo e partilhar a alegria do Magnificat”, afirmou.

“Cuidemos para evitar qualquer exploração da fé que possa levar a rotular aqueles que são diferentes — muitas vezes os pobres — como inimigos, ‘leprosos’ a serem evitados e rejeitados”, acrescentou.

Através do exemplo de Maria, o papa disse que a Igreja pode ver a “natureza revolucionária do amor e da ternura” e o seu impacto nos acontecimentos da história, bem como na vida quotidiana de cada indivíduo.

“Nela, vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam tratar mal os outros para se sentirem importantes”, disse o papa.

“Contemplando Maria, percebemos que aquela que louvou a Deus por ‘derrubar os poderosos dos seus tronos’ e ‘mandar os ricos embora de mãos vazias’ é também aquela que traz um calor caseiro à nossa busca pela justiça”, continuou ele.

Depois de proferir sua homilia, Leão XIV ficou diante da estátua original de Nossa Senhora de Fátima, trazida de Portugal para a praça de São Pedro, e dedicou a Igreja e o mundo à Santíssima Virgem Maria. Ele orou particularmente por aqueles “atormentados pelos flagelos da guerra”.

 

“Obtenha para nós o dom da paz que imploramos fervorosamente”, ele orou. "Mãe da Igreja, acolha-nos gentilmente para que, sob seu manto, possamos encontrar refúgio e ser ajudados por sua ajuda maternal nas provações da vida”.

Com toda a Igreja, estou próximo de sua imensa dor   

Antes de conduzir a congregação na oração do Ângelus antes da conclusão da santa missa, o papa fez um breve discurso e pediu à Igreja que rezasse especialmente pelas pessoas em Israel e na Palestina.

“Nos últimos dias, o acordo para iniciar o processo de paz deu uma centelha de esperança na Terra Santa”, disse ele, referindo-se ao acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, negociado na sexta-feira.

“Encorajo as partes envolvidas a continuar corajosamente no caminho que escolheram, rumo a uma paz justa e duradoura que respeite as legítimas aspirações dos povos israelense e palestino”, disse ele.

O papa concluiu seu breve discurso com pedidos de oração pelo povo da Ucrânia, após os recentes ataques fatais em Kiev; pelo povo do Peru, que está passando por um momento de “transição política”; e pelas vítimas de acidentes de trabalho na Itália.