5 de dezembro de 2025 Doar
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O que se pode esperar do cessar-fogo em Gaza

Outdoor em Jerusalém, em 6 de outubro de 2025, com retratos de israelenses mantidos reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza desde 2023. | AHMAD GHARABLI / AFP via Getty Images)

Israelenses e palestinos exaustos prendem a respiração e rezam para que o plano de paz entre Hamas e Israel, mediado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, leve a uma paz duradoura.

“É uma boa notícia, e estamos muito felizes”, disse ontem (9) o patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa.  “É um primeiro passo, a primeira fase [do plano]. É claro que há muitos [outros passos], e certamente haverá outros obstáculos. Mas agora temos que nos alegrar com esse importante passo que trará um pouco mais de confiança para o futuro e também trará uma nova esperança, especialmente para o povo, tanto israelense quanto palestino”.

O plano de paz de Trump tem 20 pontos. Inclui troca de reféns israelenses por presos palestinos; o desarmamento e a saída de cena do grupo radical muçulmano Hamas, que hoje controla a Faixa de Gaza; a retirada gradual das tropas israelenses; a entrada irrestrita de ajuda humanitária; e o estabelecimento de uma força internacional de manutenção da paz.

Autoridades israelenses e do Hamas concordaram até agora só com a primeira fase do plano: o retorno dos 48 cidadãos israelenses e estrangeiros ainda mantidos reféns pelo Hamas em Gaza. Acredita-se que só 20 dos reféns estão vivos.

O plano também exige a libertação de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, entre eles 250 cumprindo penas de prisão perpétua por homicídio, 22 menores de idade e outros 1, 7 mil presos desde o início da atual fase dos combates, que começou quando o Hamas invadiu Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1,2 mil pessoas, e fazendo centenas de reféns. Os restos mortais de 360 ​​terroristas também serão entregues. A troca poderá ocorrer na próxima segunda-feira (13), disse a Casa Branca.

O papa Leão XIV tem se dito preocupado com a situação dos civis palestinos em Gaza, entre eles os poucos cristãos remanescentes na Faixa de Gaza. A maioria deles se refugiou no complexo da igreja da Sagrada Família — a única igreja católica em Gaza.

Falando no encerramento de uma missa na praça de São Pedro, no Vaticano, em 5 de outubro, o papa disse ter esperança de que as negociações de paz “possam alcançar os resultados esperados o mais rapidamente possível”.  Leão XIV pediu “a todos os responsáveis que se empenhem neste caminho, que cessem o fogo e libertem os reféns”.  Ele pediu a todos que permaneçam “unidos em oração, para que os esforços em curso possam pôr fim à guerra e conduzir-nos a uma paz justa e duradoura”.

Resta saber se o plano de paz de Trump, que exige muitos compromissos tanto do Hamas quanto de Israel, terá sucesso além da troca de reféns e prisioneiros.

“Há desafios a serem superados”, disse Seth Frantzman, pesquisador adjunto da Fundação para a Defesa das Democracias e autor do livro The October 7 War: Israel's Battle for Security in Gaza (A Guerra de 7 de Outubro: A Batalha de Israel pela Segurança em Gaza, em tradução livre) Por um lado, Israel será cauteloso em relação à proposta de força militar internacional que — segundo o plano de paz — deverá desarmar o Hamas, manter a ordem em Gaza e prevenir futuros ataques contra Israel.

“Por experiências anteriores, sejam a força de paz das Nações Unidas no sul do Líbano ou em outros lugares, tais forças tendem a ser ineficazes”, disse Frantzman.  A força da Organização das Nações Unidas ficou praticamente passiva enquanto o Hezbollah, assim como o Hamas, uma milícia patrocinada pelo Irã, construiu túneis ilegais, acumulou armas e disparou foguetes contra Israel.

O fato de a Turquia, o país com o segundo maior exército da Organização do Tratado do Atlântico Norte, querer enviar tropas para Gaza é altamente problemático da perspectiva de Israel, disse Frantzman.

"A Turquia já apoiou o Hamas no passado e é governada por um governo ligado à Irmandade Muçulmana”, disse o pesquisador. “Como isso desradicalizaria Gaza? Não seria melhor se os Emirados Árabes Unidos, um país moderado que não apoia o Hamas, se unissem à força?"

Agora que as hostilidades podem cessar, Frantzman disse ter esperança de que organizações cristãs possam assumir um papel ainda mais ativo no fornecimento de ajuda aos moradores de Gaza e que a Santa Sé trabalhe ativamente para reparar as relações entre católicos e os muitos judeus que acreditam que a Igreja injustamente visou as ações de Israel na guerra minimizou o papel do Hamas na devastação de Gaza.

“É totalmente compreensível que a Igreja apoie católicos e palestinos”, disse ele, mas “a Igreja desperdiçou algumas décadas de reconciliação entre católicos e judeus ao não apoiar os reféns de forma mais visível e até mesmo prática, tentando entregar ajuda médica aos reféns”.

O papa Francisco se encontrou com familiares dos reféns, mas também criticou duramente Israel e recomendou uma investigação para saber se Israel estava cometendo genocídio — uma alegação que o governo israelense nega.

O cardeal Pizzaballa, que viu o sofrimento de palestinos e israelenses em primeira mão, dia a dia, diz esperar um capítulo novo e melhor.

“Agora finalmente vemos algo novo e diferente”, disse o cardeal. “É claro que também haverá uma nova atmosfera para a continuação das negociações, inclusive para toda a vida em Gaza, que permanecerá terrível por muito tempo. Mas agora estamos felizes e esperamos que esse seja só o início de uma nova fase em que possamos, aos poucos, começar a pensar não na guerra, mas em como reconstruir depois dela”.

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