Oct 1, 2025 / 15:25 pm
A China tenta exercer controle total sobre a religião, e o Departamento de Estado dos EUA deve classificar a China como “país de preocupação particular” em relação à liberdade religiosa, segundo relatórios da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF, na sigla em inglês).
A USCIRF, comissão federal que monitora a liberdade religiosa em todo o mundo, disse que a China usa vigilância, multas, represálias contra familiares, prisão, desaparecimento forçado, tortura e outras maneiras de abuso para controlar a Igreja e outras comunidades religiosas no país. A USCIRF divulgou este mês um panorama da perseguição do governo chinês a líderes religiosos de várias denominações religiosas.
No ano passado, "as condições de liberdade religiosa na China ficaram entre as piores do mundo", disse o relatório anual da USCIRF deste ano. A USCIRF pediu ao Departamento de Estado dos EUA a renovação de sua designação formal, o que pode desencadear ações legais, como medidas diplomáticas, sanções ou pressão internacional. A China tem sido redesignada como um país de particular preocupação quase todos os anos desde 1999.
A China usou “vigilância de alta tecnologia fora de locais de culto e outros meios para reprimir a liberdade religiosa em todo o país”, escreveu a USCIRF em seu relatório anual. “Também usou a repressão transnacional e a desinformação como armas, usando tecnologias emergentes para silenciar vozes críticas à liberdade religiosa do país e às violações de direitos humanos relacionadas”, diz o relatório.
No ano passado, a Santa Sé e a China prorrogaram um acordo provisório secreto sobre nomeações de bispos assinado pelo papa Francisco em 2018. O Partido Comunista Chinês (PCCh) intensificou sua política de "sinicização da religião" sob o presidente da China, Xi Jinping, forçando grupos religiosos autorizados pelo Estado a alinharem suas doutrinas com a ideologia política do partido. Muitas comunidades fiéis fizeram encontros religiosos clandestinos devido ao forte controle do país sobre o culto, as publicações e as finanças.
Autoridades ameaçaram comunidades religiosas "para forçá-las ao silêncio", diz o relatório anual. O relatório detalha casos em que autoridades chinesas "detiveram, fizeram desaparecer à força ou se recusaram a revelar o paradeiro de clérigos católicos clandestinos que se recusaram a se unir à organização católica controlada pelo Estado".
Num relatório do mês passado, a USCIRF destacou um caso que começou em fevereiro, quando autoridades teriam multado o bispo de Wenzhou, na província de Zhejiang, Peter Shao Zhumin, em US$ 27.880 (cerca de R$ 148,4 mil) por celebrar missa em público. Em março, a polícia deteve Shao por uma semana por se recusar a pagar a multa e, em seguida, o prendeu novamente pouco antes da Semana Santa para impedi-lo de celebrar missas.
Em julho, surgiram relatos de que autoridades tentaram forçar Shao a aceitar o controle da Associação Patriótica Católica Chinesa, controlada pelo Estado, prendendo e ameaçando religiosos e leigos.
O paradeiro de vários fiéis clandestinos detidos, como os bispos James Su Zhimin e Joseph Zhang Weizhu, permanece desconhecido.
Igrejas protestantes enfrentaram punições semelhantes por parte das autoridades policiais por se recusarem a aderir à organização protestante controlada pelo Estado, disse a USCIRF. Por sua vez, "a polícia invadiu igrejas domésticas e assediou, deteve, multou e prendeu membros sob acusações supostamente forjadas, como fraude e subversão".
Depois de analisar suas conclusões, a USCIRF constatou: “Grupos religiosos que se recusam a se submeter ao controle abrangente do governo sobre assuntos religiosos enfrentam perseguição generalizada. Organizações religiosas controladas pelo Estado implementam a sinicização por meio de supervisão intrusiva e Planos de Trabalho Quinquenais de Sinicização, que enfatizam a lealdade e a conformidade com os requisitos ideológicos [do Partido Comunista Chinês]”.
Recomendações da USCIRF
A comissão recomendou que o governo dos EUA, junto com parceiros internacionais, faça sanções a autoridades e entidades chinesas responsáveis por "graves violações da liberdade religiosa". Ela também pediu trabalho com parceiros para abordar o uso de tecnologia pela China para cometer violações da liberdade religiosa, conforme definido pela Lei de Liberdade Religiosa Internacional, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias e inteligência artificial.
O Congresso dos EUA deveria “considerar uma legislação para reforçar as restrições ao uso de tecnologias pela China que facilitam abusos de direitos humanos e a supressão da liberdade de religião ou crença” e “proibir o lobby pago nos EUA por agentes que representam o governo chinês”, disse o relatório.
O Departamento de Estado dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
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