Cresce oposição a prêmio da arquidiocese de Chicago a político pró-aborto

Sep 25, 2025 / 16:29 pm

Aumenta a oposição contra a decisão do arcebispo de Chicago, EUA, cardeal Blaise Cupich, de homenagear o senador democrata Richard Durbin com um "prêmio pelo conjunto da obra" por seu trabalho em torno da política de migração, apesar de seu longo histórico de votação pró-aborto.

Depois da denúncia da decisão feita pelo bispo de Springfield, Illinois, Thomas Paprocki, outros bispos seguiram o exemplo e se manifestaram contra a cerimônia em homenagem a Durbin, programada para ocorrer em novembro.

O bispo de Green Bay, Wisconsin, David Ricken, escreveu: “O plano da arquidiocese de Chicago de dar [a Durbin] um Prêmio Católico pelo Conjunto da Obra é insustentável”.

“Obras de justiça e proteção da vida não são mutuamente exclusivas, mas devem ser inclusivas”, escreveu Ricken, dizendo: “Junto-me a [Paprocki] e [ao arcebispo Salvatore Cordileone] para instar [Cupich] a retirar essa condecoração. Vamos juntos rezar e agir de forma consistente pela vida!”

A declaração de Ricken segue-se a comentários semelhantes do arcebispo de São Francisco, Califórnia, Salvatore Cordileone, que se manifestou contra o plano de Cupich no início desta semana.

“Eu me solidarizo com o bispo Thomas Paprocki de Springfield, Illinois, ao pedir ao cardeal Cupich que reconsidere a concessão ao senador Durbin de um prêmio pelo conjunto da obra por meio do Escritório de Dignidade Humana e Solidariedade da arquidiocese de Chicago, dado seu longo histórico de apoio ao aborto legal”, escreveu Cordileone.

“O bispo Paprocki, que é bispo do senador Dick Durbin, expressou choque com o fato de a arquidiocese planejar homenagear o senador Durbin que, embora se declare católico, apoia o acesso ao aborto de forma tão radical que chegou a se opor à legislação para proteger bebês nascidos depois de uma tentativa de aborto”, disse Cordileone. “O bispo Paprocki está certo ao afirmar que tanto a clareza quanto a unidade estão em risco. Espero que esse seja um chamado claro a todos os membros do corpo de Cristo para que se manifestem e deixem claro o grave mal que é tirar a vida de um ser humano inocente”.

Numa publicação subsequente, Cordileone disse: “Imaginem isso: um membro proeminente do Senado dos EUA tem um histórico muito forte na defesa da dignidade humana da vida no útero, mas também defende o financiamento de agentes da Patrulha da Fronteira para atirar em pessoas que tentam entrar ilegalmente no país. Alguém consideraria razoável homenagear tal senador por seu histórico pró-vida em relação ao aborto? Ninguém que defenda o assassinato direto e intencional de vidas humanas inocentes deve ser homenageado. Ponto final”.

"Rezo pelo bem da Igreja para que este prêmio não seja dado ao senador Durbin e o escândalo que provavelmente causará aos fiéis seja evitado", disse o bispo de Lincoln, Nebraska, James Conley, na última terça-feira (23), dizendo que também ficou “chocado e perplexo” ao saber do plano de Cupich de homenagear Durbin.

“O histórico público do senador tem sido consistentemente pró-aborto e ele se opôs a quaisquer proteções ou salvaguardas para crianças em gestação, chegando ao ponto de rejeitar a legislação para proteger crianças que sobrevivem a abortos falhos”, escreveu Conley. “Isso vai contra os princípios morais fundamentais da Igreja Católica. Parece-me que ainda há tempo para reconsiderar essa decisão”.

O bispo de Gallup, Novo México, James Wall, expressou seu apoio à posição de Paprocki, agradecendo ao bispo de Springfield por seu artigo de opinião na revista First Things numa publicação nas redes sociais na manhã de ontem (24). Wall citou a encíclica Evangelium vitae, do papa são João Paulo II, numa publicação com link para o artigo: “A vida do homem vem de Deus; é seu dom, sua imagem e marca, uma participação em seu sopro de vida. Deus, portanto, é o único Senhor desta vida: o homem não pode fazer dela o que quiser” (EV,39).

Cupich, criado cardeal pelo papa Francisco de quem foi um dos mais radicais apoiadores, divulgou uma defesa de sua decisão numa declaração de 22 de setembro, escrevendo: “Permaneci fiel às instruções de maio de 2021 da então Congregação para a Doutrina da Fé, aconselhando os bispos a buscarem e dialogarem com políticos católicos dentro de suas jurisdições... como forma de compreender a natureza de suas posições e sua compreensão da doutrina católica”.

“No cerne da ética consistente da vida está o reconhecimento de que a doutrina católica sobre a vida e a dignidade não pode ser reduzida a uma única questão, mesmo uma questão tão importante quanto o aborto”, disse o cardeal.

O arcebispo de Chicago enfatizou que Durbin seria homenageado por seus esforços para promover o ensino social católico em migração, cuidado com os pobres, a encíclica do papa Francisco Laudato si', e a paz mundial.

“O reconhecimento de sua defesa dos imigrantes neste momento, quando eles estão sujeitos ao terror e ao mal, não é algo a ser lamentado, mas um reflexo de que o Senhor está profundamente ao lado tanto dos imigrantes que estão em perigo quanto daqueles que trabalham para protegê-los”, disse ele.

Durbin está proibido de receber a Eucaristia na diocese de Springfield, Illinois — a capital do Estado — que havia sido anteriormente divulgada como sua diocese natal, desde 2004, devido ao seu histórico de votos pró-aborto. Em sua declaração, Cupich disse que Durbin havia se transferido para a arquidiocese de Chicago "há alguns anos".

Líderes pró-vida proeminentes também se manifestaram. Lila Rose, presidente do grupo pró-vida Live Action, condenou o plano de premiar Durbin, escrevendo: "Isso é vergonhoso. O sangue de crianças inocentes clama".

Kristan Hawkins, presidente do grupo pró-vida Students for Life, também se dirigiu a Cupich na última terça-feira (23), perguntando ao cardeal de Chicago: "Se um político tivesse passado décadas votando contra leis que impeçam o desmembramento de afro-americanos, judeus ou outros grupos minoritários na América, você ainda lhe daria um prêmio pelo conjunto da obra... citando seus bons votos em outras questões?"

“Eu não acho”, disse ela. “Você está tratando crianças ainda não nascidas como pessoas inferiores”.