Sep 3, 2025 / 16:19 pm
Na sexta-feira (5), o papa Leão XIV vai inaugurar um ambicioso projeto de formação em ecologia integral e experimentação de sustentabilidade ambiental nos jardins das vilas papais de Castel Gandolfo. Lá, a Santa Sé vai produzir um vinho chamado Laudato si', cuja colheita está prevista para daqui a dois anos.
O Centro de Formação Avançada Borgo Laudato Si' busca se tornar o epicentro global dos princípios da encíclica do papa Francisco da qual toma seu nome, segundo o subsecretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Fabio Baggio, um de seus principais arquitetos.
A iniciativa plantou sua primeira semente depois da pandemia de covid-19, no início de 2022. O papa argentino pediu ao então padre Baggio que desenvolvesse um projeto que promovesse a educação ambiental e a inclusão social a partir da perspectiva da encíclica Laudato si'.
“Ele me confidenciou que na Laudato si' ele ensinava com palavras, mas que preferia ensinar com gestos e ações, e queria construir um exemplo tangível dos princípios daquele documento”, disse Baggio.
Depois de meses de consultas com especialistas em várias áreas, o projeto foi aprovado pelo papa Francisco no fim de 2022 e, em fevereiro de 2023, o Centro de Treinamento Avançado Laudato Si' foi formalmente estabelecido.
O aval do papa Leão XIV
Com a morte de Francisco em abril, o projeto ficou numa espécie de limbo até que Leão XIV o assumiu. Sem o apoio do novo papa, teria sido difícil prosseguir: "Foi um momento crucial, pois precisávamos de várias autorizações para prosseguir, e aproveitei a oportunidade para lhe falar sobre o projeto", disse o cardeal Baggio. Leão XIV chegou a lhe dizer para não interromper as obras de reforma em sua estadia na Villa Barberini em Castel Gandolfo, o que não era de conhecimento público na época.
Nestes primeiros meses de pontificado, o papa demonstrou seu apoio direto com várias visitas oficiais. Agora, com a inauguração solene, que também terá um concerto do cantor Andrea Bocelli, ele dará seu aval final.
Na visita, Leão XIV poderá cumprimentar pessoalmente todos os funcionários dessa instalação de 55 hectares, que fica entre jardins, terras agrícolas e uma fazenda de gado.
O coração do projeto, apresentado ontem (2) à imprensa, é uma grande estufa com estrutura curva inspirada na colunata da praça de São Pedro, no Vaticano. Em frente a ela, há um prédio com dez salas de aula e um refeitório. Lá, serão feitas oficinas para aprender, por exemplo, técnicas de agricultura orgânica e agricultura regenerativa.
Técnicas de agricultura sustentável e outros programas de educação ambiental também serão ensinados a uma ampla gama de públicos, desde crianças em idade escolar e universitários até famílias e executivos de empresas.
No entanto, o cardeal Baggio disse que a iniciativa ainda está em fase inicial e que, por enquanto, as oficinas podem durar só um dia devido à impossibilidade de acomodar os participantes. Ele anunciou, porém, que espera inaugurar uma residência para visitantes em janeiro.
Inclusão
O Centro de Formação Avançada Borgo Laudato Si' também se tornará uma escola profissionalizante estabelecida em território da Santa Sé. Ele oferecerá oficinas práticas de jardinagem, viticultura orgânica e colheita de azeitonas, com programas voltados especificamente para mulheres vítimas de violência doméstica, refugiados, ex-dependentes químicos, gestantes com recursos limitados e ex-presidiários em processo de reintegração.
O projeto busca não só educar sobre ecologia, mas também oferecer oportunidades de emprego e reinserção social, integrando princípios de sustentabilidade, economia regenerativa e administração ambiental à vida cotidiana.
Até o momento, foram feitos alguns projetos piloto com grupos de pessoas em risco de exclusão social que "encontraram emprego depois de concluir sua formação profissional inicial", disse o padre Manuel Dorantes, diretor administrativo do centro.
Segundo o padre Dorantes, a mensagem que eles querem enviar ao mundo é: "Se nós, o menor Estado do mundo, podemos fazer isso, o que outros países maiores e mais engenhosos poderiam fazer?"
Catequese baseada na beleza da criação
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O centro pretende ser uma catequese baseada na beleza da criação.
“Quando falamos de ecologia integral, nos referimos à cooperação e à inter-relação entre o Criador, a criação e a humanidade”, disse o padre. “Queremos que aqueles que vêm não só admirem os jardins, mas se perguntem quem é Deus, quem somos nós e o que é este mundo que Ele criou”.
Vinho Laudato si'
Além do vinho orgânico Laudato Si', que tem apoio da Universidade de Enologia de Udine, no norte da Itália, há outras iniciativas sustentáveis.
Por exemplo, a produção de óleo, que atualmente chega a 3 mil litros, é obtida por meio de poda e técnicas de cultivo sustentáveis. Queijo e leite também são produzidos pelas 60 vacas que vivem nas fazendas. Além disso, graças à diversidade de plantas aromáticas cultivadas nos jardins, o centro produz mel e produtos botânicos, como chás de ervas, infusões e óleos essenciais, reforçando o ensino da biodiversidade e da ecologia integral.
Todos esses produtos são vendidos no próprio centro, com os lucros reinvestidos na manutenção do projeto e em empresas que dão algum suporte a pessoas que participam das oficinas de capacitação.
“Aqui temos fazendas papais e terras agrícolas que têm sido fonte de alimento para os papas por muitos anos”, disse o padre Dorantes à EWTN News. “Agora, esses mesmos produtos estarão disponíveis para todos, mas é uma produção muito limitada, então decidimos tornar esses produtos disponíveis — o vinho, o queijo, o azeite, o mel — para pessoas que desejam apoiar imigrantes e refugiados, e jovens mulheres que decidiram não abortar seus bebês e tê-los”.
Sustentabilidade e economia circular
A irmã Alessandra Smerilli, subsecretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, membro do conselho administrativo do centro, enfatizou que o projeto pretende ser um exemplo de economia circular: "Além de não gerar resíduos, beneficia a sociedade sem retirar recursos".
Outras inovações são painéis solares que produzirão mais energia do que o consumido, reciclagem de resíduos que será convertida em fertilizante e um sistema de irrigação gerenciado por inteligência artificial que, segundo os responsáveis, pode economizar até 95% de água. Eles também estão trabalhando num sistema que coletará água da chuva e reutilizará águas residuais, e o uso de plástico é totalmente proibido.
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