Aug 25, 2025 / 15:51 pm
O Congresso da República da Guatemala aprovou uma lei declarando o primeiro sábado de agosto Dia Nacional da Bíblia, algo que a Igreja no país chamou de "desnecessário".
O diretor de comunicações da arquidiocese de Santiago da Guatemala, padre Luis René Sandoval Quinteros, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, que "a criação de uma lei para um Estado laico que celebre as Sagradas Escrituras num dia específico, e ainda por meio de um mecanismo nacional de emergência, nos parece estranha, e também acreditamos que cada instituição deve cumprir com suas funções".
Segundo a assessoria de imprensa do Congresso, a lei foi aprovada com 110 votos a favor, de um total de 160 deputados, por meio de um procedimento de emergência nacional, em 12 de agosto. O texto estabelece que a comemoração busca "garantir o respeito aos direitos inerentes à dignidade humana, promovendo o desenvolvimento integral de todos os habitantes, incluindo suas dimensões espiritual, ética e cultural". Na celebração, estão previstas "atividades educativas, cívicas e culturais que destacam a importância desse livro sagrado na sociedade guatemalteca".
O padre Sandoval Quinteros disse que "diante de questões tão importantes" em nível nacional, "parece um pouco estranho para nós, e não entendemos a razão pela qual este Dia da Bíblia foi criado".
Ele disse que os fiéis não foram "consultados como Igreja, e sentimos que isso não faz sentido para nós", com um mês inteiro já dedicado à Sagrada Escritura.
A Igreja dedica o mês de setembro à Bíblia, comemorando são Jerônimo em 30 de setembro. Ele foi incumbido pelo papa são Dâmaso I para traduzir a Bíblia para o latim, um latim usado desde o século IV e adotado por algumas denominações protestantes. "Portanto, parece-nos um tanto desnecessário que a Igreja Católica realize mais celebrações", disse o padre guatemalteco.
Bernardo Arévalo: “Para o crente não é necessário”
O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, em entrevista coletiva em 18 de agosto, anunciou que não vetaria a lei "porque ela não afeta a laicidade do Estado (…), não declara a Bíblia um texto oficial nem uma religião oficial".
"O Dia da Bíblia é todo dia e é comemorado pela prática, não pela declaração no Congresso de pessoas cujas práticas fazem duvidar se são realmente fiéis aos princípios", disse o presidente.
No entanto, ele disse que respeitaria a decisão dos congressistas, embora tenha dito também: "Francamente, para os crentes, não é necessário ter um Dia da Bíblia".
Separação de Estado e Igreja
Sobre a separação entre Igreja e Estado, o padre Sandoval Quinteros enfatizou que "deve ser saudável, porque assim como não interferimos no desenvolvimento do Estado, o Estado não deve intervir na fé das pessoas. Essa minoria que não é cristã deve ser respeitada e incluída".
Ele disse que o Estado deve "garantir a liberdade religiosa, porque lembremos que na Guatemala, apesar de ser minoria, nem todos são cristãos". Embora não haja dados oficiais sobre a religião no país, segundo o Latinobarómetro, em 2023, os cristãos evangélicos eram 44,2% da população, seguidos pelos católicos, com 42,4%.
O padre pediu um foco nas questões sociais, a fim de cumprir verdadeiramente "a Palavra de Deus, que quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade".
Portanto, disse ele, "ao legislar em favor de nossos irmãos e irmãs, em relação à saúde, à segurança e à educação, cumpriremos verdadeiramente a lei, a lei de Deus e a lei dos homens".
A iniciativa guatemalteca segue medidas semelhantes em outros países latino-americanos, como El Salvador e República Dominicana, que também têm um dia nacional patrocinado pelo governo dedicado à Bíblia.
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