Aug 22, 2025 / 15:57 pm
A prática de dar às crianças nomes não cristãos se espalhou pela América Latina. Nomes estranhos e extravagantes são comuns, mas o que a Igreja ensina sobre isso e como os nomes afetam a vida das pessoas? Um bispo e uma psicóloga respondem à pergunta.
No Peru, o Registro Nacional de Identificação e Estado Civil (RENIEC) divulga regularmente listas dos nomes mais incomuns do país. Cerca de 30 mulheres peruanas se chamam Bellatrix, em homenagem à personagem das histórias sobre Harry Potter. Cerca de 50 se chamam John Lennon, e sete pessoas têm o nome Avatar.
Na Venezuela, nomes podem ser quase impronunciáveis, sendo alguns dos mais famosos na cultura popular Efrofriendlyns, Jhesvergreen e Ronnalys Silvidiskeilymar. Em Cuba há nomes como Disney Landia, Leidy Diana e Virus Margarita, segundo o site Cuba Debate.
O que a Igreja ensina sobre nomes
O Catecismo da Igreja Católica diz que, no batismo, “o cristão recebe o seu nome na Igreja” (n.º 2156) e que “o nome de todo o homem é sagrado. O nome é a imagem da pessoa. Exige respeito, como sinal da dignidade de quem por ele se identifica” (n.º 2158).
O catecismo aconselha os pais, padrinhos e párocos a evitar nomes estranhos ao sentimento cristão e dar à criança um nome que ofereça ao batizado "um modelo de caridade", como o nome de um santo ou outro nome que reflita algum mistério ou virtude inerente à fé.
O Catecismo diz que “o nome recebido é um nome de eternidade” (n. 2159). E diz também: “No Reino, o caráter misterioso e único de cada pessoa marcada com o nome de Deus resplandecerá em plena luz”.
“Não é uma heresia”, mas deve haver prudência
O bispo de Orihuela-Alicante, Espanha, José Ignacio Munilla, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, que "uma grande pobreza do nosso tempo é a falta de pontos de referência" que sofrem as crianças e os jovens em seu crescimento.
"Está muito na moda agora impor nomes que não têm nada a ver com os santos cristãos ou virtudes cristãs", disse ele.
O bispo espanhol disse que o costume de receber um nome cristão no batismo une os fiéis e os conecta com toda a Igreja, que é o Corpo Místico de Cristo, por meio da Comunhão dos Santos.
"Ter um santo padroeiro, sob cujo nome fui batizado e em quem me inspiro, é uma referência muito forte”, disse Munilla. “Muitas vezes, quando recorremos a nomes que vimos numa novela ou de uma atriz, revelamos uma fragilidade em nossas referências".
“Partimos desse mal: não admiramos os santos”, disse também o bispo. “E como não os admiramos, admiramos outras pessoas e usamos outros nomes, como atrizes ou cantoras, ou simplesmente usamos o nome porque a palavra é bonita. Essa escolha já indica um problema em nossos corações".
Segundo o bispo, os fiéis cristãos um dia saberão "até que ponto nossos santos padroeiros estão intercedendo por nós e nos protegendo". Munilla diz que, embora "não seja heresia" usar um nome alheio ao cristianismo, os nomes devem ser escolhidos com prudência.
Ele disse também que o problema está na secularização da sociedade, da qual as crianças são obrigadas a participar ao não lhes darem nomes dos quais possam se orgulhar.
“Deus dá aos santos uma missão especial, que é interceder por aqueles que levam seus nomes; mas também somos convidados a aprender sobre a vida do santo que leva o nosso nome”, disse o bispo de Orihuela-Alicante. “Seria desejável que os cristãos tivessem uma relação especial com eles.
O problema com os nomes "indica, sem dúvida, que não somos amigos dos santos. Isso indica uma crise", disse Munilla.
“Uma tendência ao individualismo”
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Sofía Delgado, psicóloga venezuelana, disse à ACI Prensa que o nome é parte fundamental da identidade de uma pessoa, porque é a primeira coisa que ela sabe sobre si mesma e a primeira coisa que a apresenta à sociedade.
“Podemos presumir muitas coisas sobre uma pessoa a partir de um nome”, disse Delgado. “Nomes têm uma história e uma origem; foram passados de geração em geração, e é mais fácil se identificar com esses tipos de nomes, que têm um significado claro”.
Delgado disse que é difícil dizer quais efeitos negativos um nome estranho pode ter em crianças e adolescentes. Um deles é, sem dúvida, o bullying que podem sofrer na juventude, "porque podem se destacar de modo negativo".
"A criança pode sentir retraimento porque é provocada por causa do seu nome”, disse a psicóloga. “Ela pode sofrer com isso e exibir vários comportamentos negativos. Pode não querer ir à escola, sentir frustração, e todas essas coisas são típicas de situações de bullying".
Delgado diz também que a secularização da sociedade é uma das razões pelas quais os nomes cristãos estão se tornando menos comuns. "À medida que a sociedade se distancia da religião cristã, o sentido de escolher um nome com significado cristão se perde", disse ela.
Ao mesmo tempo, a psicóloga diz que outro fator importante que influencia essa situação "é uma tendência ao individualismo, um desejo de se destacar dos outros e uma recusa em se conectar com a história e a tradição, que geralmente são rejeitadas".
A psicóloga concluiu dizendo que os nomes são uma espécie de "âncora psicológica" essencial para uma autopercepção positiva. Embora não seja algo necessariamente decisivo, um nome cristão ajuda "a ter mais autoconfiança e a se relacionar melhor com os outros".
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