Leão XIV pode visitar o Líbano antes do fim do ano, diz patriarca

Aug 20, 2025 / 16:15 pm

O papa Leão XIV pode visitar o Líbano antes do fim do ano, disse ontem (19) o líder dos católicos maronitas do país.

O patriarca da Igreja Católica Maronita, cardeal Bechara Boutros Raï, disse à emissora de televisão saudita Al Arabiya que o papa Leão XIV "visitará o Líbano em algum momento entre agora e dezembro", acrescentando que não tinha certeza de quando a viagem seria.

"A visita acontecerá depois de uma decisão da Santa Sé sobre quando será feita, então ainda não está definida. Mas os preparativos para a visita estão em andamento, embora o momento exato ainda seja desconhecido, aguardando o anúncio da Santa Sé", disse Raï.

A Santa Sé ainda não anunciou nenhuma viagem internacional oficial para o novo papa, mas especula-se há meses sobre para onde suas primeiras viagens ao exterior o levarão. Muitos esperam que sua viagem inaugural tenha uma parada em Niceia — atual Iznik, no noroeste da Turquia — para marcar o 1.700º aniversário do Primeiro Concílio Ecumênico. A data mais provável é 30 de novembro, dia de santo André, quando uma delegação católica tradicionalmente visita a Turquia.

Reportagens também sugeriram que o papa Leão XIV poderia adicionar outras paradas à visita à Turquia. Uma visita papal à Argélia — seguindo os passos de Santo Agostinho, que foi bispo de Hipona, onde hoje é Annaba — está entre os itinerários em consideração. O Líbano surgiu como outro possível destino.

Uma viagem papal ao Líbano foi discutida por muito tempo sob o papa Francisco, mas as crises política e econômica do país complicaram o planejamento. Francisco expressou publicamente seu desejo de visitar o Líbano numa entrevista coletiva a bordo de um avião, voltando do Iraque, em março de 2021. Alguns meses depois, autoridades da Santa Sé disseram que a visita dependeria da formação de um governo.

Em abril de 2022, o então presidente do país, Michel Aoun, anunciou que Francisco viajaria ao Líbano em junho daquele ano, mas a viagem nunca se concretizou. O Líbano também foi cogitado como um possível ponto de encontro entre Francisco e o patriarca ortodoxo russo Kirill depois do início da guerra na Ucrânia, um encontro que nunca ocorreu.

O Líbano sofreu um vácuo político prolongado depois do fim do mandato de Aoun em outubro de 2022. O país permaneceu sem um chefe de Estado até Joseph Aoun ser eleito presidente em 9 de janeiro deste ano.

A última visita papal ao Líbano foi em setembro de 2012, quando o papa Bento XVI visitou Beirute, capital do Líbano, e outras partes do país. Desde então, o Líbano tem sido atingido pela guerra civil na Síria, que trouxe cerca de 1,5 milhão de refugiados, um colapso financeiro que fez a libra libanesa perder 97% de seu valor em relação ao dólar americano desde 2019, e a devastadora explosão no porto de Beirute em 2020. Apagões deixaram os cidadãos com energia elétrica só algumas horas por dia no pior momento da crise.

As tensões também permanecem altas ao longo da fronteira sul do Líbano. Na guerra de Gaza, ataques aéreos israelenses atingiram os subúrbios ao sul de Beirute em setembro e outubro do ano passado. Hassan Nasrallah, secretário-geral do grupo terrorista islâmico Hezbollah, foi morto num ataque aéreo israelense em Beirute em 27 de setembro do ano passado, aumentando os temores de um conflito mais amplo com o Hezbollah.

A população do Líbano, de cerca de 6 milhões de habitantes, é composta por cerca de 68% de muçulmanos, divididos entre sunitas e xiitas; e cerca de 28% de cristãos, a maioria dos quais são católicos maronitas, segundo estatísticas de 2020 do Pew Research Center.

Embora a Santa Sé não tenha respondido a um pedido de comentário sobre as declarações de Raï, as especulações sobre os destinos para onde o papa Leão XIV poderá viajar nos próximos anos continuam. Fiéis espanhóis expressaram a esperança de que Leão XIV possa visitar Barcelona, na Espanha, no próximo ano para a conclusão da basílica da Sagrada Família. Viagens ao Peru e aos EUA também foram discutidas para o ano que vem— ano que marcará o 250º aniversário da fundação dos EUA.