Jul 24, 2025 / 10:42 am
Um ex-diplomata da Santa Sé, agora dedicado a ajudar os cristãos na Terra Santa, refletiu sobre a missão da Igreja em zonas de conflito e as raízes dela no Oriente Médio.
O grão-mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, cardeal Fernando Filoni, disse ao EWTN News Nightly na última terça-feira (22) que o Oriente Médio não é só parte do passado do cristianismo, mas continua sendo uma área de vital importância.
“Estar lá significa não deixar que essa vasta região só seja considerada historicamente como o início da Igreja, sem comunidades cristãs vivas”, disse Filoni.
Apesar das ondas de emigração e violência, Filoni diz que a Igreja não pode esquecer suas raízes.
"Jerusalém é a Igreja Mãe”, diz o cardeal. “Ninguém deve se esquecer da casa de sua mãe e de seu pai".
Filoni falou sobre seu serviço como núncio apostólico em Bagdá na primeira Guerra do Golfo, no início dos anos 1990. Mesmo com as bombas caindo e muitos abandonando o país, ele e outros bispos concordaram: "Nós permanecemos. O povo permanece, nós permanecemos".
Naquela época, viajar era perigoso e os telefones rapidamente caíram, mas Filoni e um bispo auxiliar fizeram visitas a paróquias para verificar como estavam padres e leigos. "Precisávamos mostrar aos nossos fiéis, mesmo sendo uma minoria numa realidade majoritariamente islâmica: estamos com vocês", disse Filoni.
Citando sua própria declaração de que “se um pastor foge em momentos difíceis, as ovelhas se dispersam”, o cardeal descreveu isso como um chamado à ação inspirado na Bíblia.
“O próprio Jesus, falando do bom pastor, recomendou que aqueles a quem foi confiado o Evangelho enfrentem as dificuldades com a mesma dignidade que o próprio Cristo demonstrou”, disse ele. “Essa continua sendo uma herança fundamental da Igreja”.
Como grão-mestre da ordem equestre do Santo Sepulcro, o cardeal agora chefia uma ordem de cavalaria que apoia o patriarcado latino de Jerusalém, e auxilia os cristãos em toda a Terra Santa.
A ordem dá ajuda financeira, financia escolas e paróquias e apoia esforços humanitários que permitem que os cristãos permaneçam em sua terra natal ancestral.
“Não somos os atores principais”, disse ele, “mas somos aqueles que, nos bastidores, apoiam o patriarcado e todas as suas ações. Essa é a comunhão da Igreja em ação”.
Filoni, ex-prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, enfatizou o papel da Igreja como pacificadora na região.
“A paz não é uma opção secundária, mas sim primária”, disse o cardeal. “Não podemos viver sempre pensando nas injustiças do passado. A Igreja está aí para lembrar a todos que uma vida normal e serena é o que crianças, homens e mulheres realmente desejam”.
Ele destacou esforços anteriores da Santa Sé — como um papel informal e indireto no incentivo às trocas de prisioneiros na guerra Irã-Iraque, nos anos 1980— como exemplos de como até mesmo pequenos gestos podem abrir portas.
Hoje, em meio à guerra na Ucrânia, a Igreja trabalha para encontrar crianças desaparecidas, defender prisioneiros e feridos e prestar assistência. "Essas ações criam uma plataforma para o diálogo, partindo do sofrimento concreto causado pela guerra", disse Filoni.
O cardeal disse, no entanto, que tais esforços serão, em última análise, inúteis se as potências em guerra não buscarem a paz. "Pode-se até oferecer uma plataforma de ouro [para negociações], mas não funcionará porque é a vontade das pessoas envolvidas na guerra que deve aceitar ou rejeitar a possibilidade de diálogo, de discussão", disse ele.
O cardeal elogiou a reafirmação antecipada do papa Leão XIV do Sollicitudo omnium ecclesiarum, documento fundamental da diplomacia da Santa Sé publicado pelo papa são Paulo VI, e falou sobre como são João Paulo II expandiu essa missão por meio de suas extensas viagens.
“Há uma dinâmica centrípeta e outra centrífuga — uma que atrai e outra que vai em busca”, diz Filoni. “Nessa troca, a vida da Igreja é criada”.
Respondendo sobre o que poderia distinguir a abordagem de Leão XIV, ele disse que um novo papa “não segue seu antecessor — ele segue Pedro”.
“Há continuidade, mas também algo novo”, disse o cardeal. Filoni diz que o mundo mudou rapidamente, com a revolução da inteligência artificial surgindo só na última década. A trajetória excepcionalmente diversificada de Leão XIV como bispo missionário, chefe de sua ordem religiosa e superior da cúria romana o preparou bem para tais desafios, disse o cardeal.
Falando sobre Gaza, Filoni adota um tom sombrio.
“Infelizmente, não há nenhum lugar em Gaza que não tenha sido afetado pela violência das armas, da guerra, da vingança e dos assassinatos”, disse ele. “Manter pessoas sequestradas em cativeiro é inaceitável. E atacar aqueles que buscam água ou comida é terrível”.
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"Não há justificativa", disse também o cardeal. Ele pediu a libertação imediata de todos os reféns mantidos pelo grupo terrorista islâmico Hamas e o fim dos bombardeios por Israel.
O cardeal falou sobre uma imagem da resiliência da Igreja que testemunhou em Mosul, Iraque: depois de um bombardeio, um padre lhe mostrou um muro em que a imagem do papa permanecia intacta em meio aos escombros. "Aqui, a cruz não caiu", disse-lhe o padre.
“Essa é a mensagem”, disse Filoni. “A cruz é mais forte que a violência, porque é o instrumento através do qual Deus fez a paz entre o céu e a terra”.
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