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Cardeal Müller anuncia Cristo como resposta à desorientação da Europa

Cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito emérito do Dicastério para a Doutrina da Fé, na basílica de São Pedro em 29 de março de 2019. | Daniel Ibáñez / EWTN

O cardeal Gerhard Ludwig Müller disse que “a desorientação generalizada deve ser combatida com aquela certeza fundamental que só pode surgir do enraizamento dos seres humanos em Jesus Cristo”.

Müller, prefeito emérito da Congregação para Doutrina da Fé (atual Dicastério para a Doutrina da Fé), discursava sobre a crise espiritual e moral da Europa no encerramento da Escola de Verão do Instituto Superior de Sociologia, Economia e Política em El Escorial, Espanha, sobre o tema Orientações Cristãs para uma Nova Europa.

Primeiro, o cardeal enfatizou que a Europa não é só uma realidade geográfica, mas também "uma ideia" que se consolidou historicamente como um "fato histórico universal".

Ele disse que a civilização ocidental foi forjada a partir do cristianismo e propôs uma visão de seres humanos criados "à imagem e semelhança de Deus".

Impossível definir a Europa sem o cristianismo

Müller falou sobre o "programa de descristianização radical da Europa" nos últimos 300 anos, iniciado "pelos jacobinos franceses radicais e sustentado teoricamente pela crítica à religião do século XIX, para em seguida se materializar nas ideologias totalitárias do século XX".

"O ser humano individual como pessoa sempre tem prioridade absoluta sobre qualquer ideologia totalitária e, como cidadãos, sobre o Estado", disse o cardeal.

Para ele disse, o programa de descristianização "não conseguiu apagar as ideias cristãs que moldaram a Europa, mas apenas secularizá-las ".

Müller reiterou que "é impossível definir a Europa sem o cristianismo", ainda que o cristianismo não esteja “ligado à Europa em suas origens ou em sua essência".

“O cristianismo é, antes, uma pessoa com quem temos uma relação completamente pessoal, baseada na fé, na esperança e no amor", disse o cardeal.

Para ele, o conflito atual na Europa se dá entre sua identidade cristã e novas correntes ideológicas. "A centralidade do ser humano é o verdadeiro ponto de discórdia entre uma Europa que se alimenta de suas fontes cristãs e uma Europa que nega sua identidade cristã e, consequentemente, precisa se abrir a ideologias ateístas, anti-humanistas ou pós-humanistas. É disso que se trata a guerra cultural hoje", disse ele.

Müller também criticou a tendência de certos cientistas e engenheiros sociais de "humilhar" a visão que valoriza o ser humano "como centro e fim de toda a criação", para demonstrar que a posição privilegiada da humanidade no cosmos é inválida, "porque nenhum Deus é necessário como hipótese para a explicação física e bioquímica da origem do cosmos e da evolução da vida e, portanto, nenhum Deus Criador que realmente exista é necessário".

O fim dos seres humanos é a felicidade eterna em Deus

Diante dessa visão, ele reafirmou que "o objetivo dos seres humanos, criados por Deus e para Deus, só pode ser a felicidade eterna em Deus”.

“Sua existência física no mundo material e sua natureza social na família e na sociedade são só meios para alcançar a perfeição em Deus", disse o cardeal. "A fé, no sentido cristão, é, portanto, um ato racional e moral pelo qual a pessoa humana se orienta voluntariamente para Deus, e não um mero banho de sentimentos religiosos e experiências espirituais".

Em sua análise da origem do mal e do significado da liberdade, Müller disse que "o mal entrou no mundo pelo livre-arbítrio, que se separou de Deus”. E que o mal “também pode ser superado pelo livre-arbítrio em direção ao bem, se o ser humano se confiar à graça de Deus que perdoa e renova".

O cardeal enfatizou que "além disso, também podemos contribuir para a construção do Reino de Deus trabalhando pela nossa salvação eterna por meio da fé no Deus da verdade e do amor, da recepção dos sacramentos e de uma vida de seguimento de Cristo".

Müller encorajou as pessoas a não ficarem pessimistas sobre os avanços tecnológicos, dizendo que a inteligência artificial "é tecnicamente controlável pela razão instrumental humana" e que pode ser direcionada "para o bem em virtude da razão metafísica e moral".

Para ele, as grandes tragédias humanas, "que desafiam toda a razão, não só contradizem nossa compaixão inata e senso de justiça", mas também "traem ainda mais a lógica profunda de toda a criação".

Assim, o cardeal enfatizou que “no fundo da nossa consciência, onde cada um de nós está completamente sozinho e íntimo de Deus, nós nos julgamos e nos apresentamos diante de Deus como nosso juiz misericordioso e, ao mesmo tempo, incorruptível”.

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O mal e a morte não triunfam

Müller falou sobre sua convicção de que "a razão divina, em última análise, guia a história para o bem, e que o amor se revela como o Logos da liberdade".

“No final, o mal e a morte não triunfam sobre a vontade universal de Deus para a salvação", disse ele.

O cardeal lamentou o “crescente esquecimento de Deus e a indiferença religiosa na Europa”, dizendo que muitas pessoas, entre elas cristãos batizados, “vivem como se Deus não existisse”.

No entanto, Müller disse que a esperança "se encontra concretamente no Evangelho de Cristo", que torna possível uma "comunidade de nações em paz e liberdade". Ele disse também que "a desorientação generalizada deve ser combatida com aquela certeza fundamental que só pode surgir do enraizamento do ser humano em Jesus Cristo".

Por fim, o cardeal Müller enfatizou que "a Igreja não é uma ONG dedicada a melhorar as condições materiais de vida", mas sim que "está em Cristo como um sacramento, ou seja, um sinal e instrumento de união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano".

O cardeal concluiu dizendo que o cristianismo "se torna o pilar de uma nova Europa de paz, liberdade e justiça social", e que a Igreja "pode dar uma contribuição importante nesse sentido, já que ela mesma sempre foi um modelo de unidade fraterna na diversidade das expressões culturais".

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