Apr 16, 2025 / 09:30 am
A supressão do Sodalício de Vida Cristã (SVC) e de todas as instituições fundadas por Luis Fernando Figari foi formalizada na segunda-feira (14), como resultado de uma investigação ordenada pelo papa Francisco.
O superior-geral do Sodalício de Vida Cristã, José David Correa, assinou o decreto de supressão na sede do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano. Segundo um comunicado do SCV, a assinatura ocorreu "na presença da Irmã Simona Brambilla, prefeita do dicastério".
“Monsenhor Jordi Bertomeu Farnós foi nomeado Comissário Apostólico para as tarefas relacionadas à supressão do Sodalício", continua o comunicado. Com dom Charles Scicluna, Bertomeu fez parte da missão especial que o papa Francisco enviou ao Peru em julho de 2023 para investigar denúncias de abuso dentro do Sodalício.
“Com dor e obediência, aceitamos essa decisão aprovada de forma específica pelo papa Francisco, que põe fim à nossa sociedade”, continua o comunicado.
Com a assinatura deste decreto, termina o processo de dissolução de todas as instituições fundadas por Luis Fernando Figari, incluindo a Fraternidade Mariana da Reconciliação, as Servas do Plano de Deus e o Movimento de Vida Cristã.
A Fraternidade Mariana da Reconciliação anunciou sua dissolução em 2 de abril, as Servas do Plano de Deus fizeram o mesmo em 4 de abril, e o Movimento de Vida Cristã anunciou sua dissolução ontem (14).
A Fraternidade Mariana da Reconciliação disse que a supressão "é motivada no decreto, pela falta de carisma de origem divina no fundador (Luis Fernando Figari), bem como pelos abusos e comportamentos impróprios e abusivos de Figari e de muitos de seus colaboradores". A fraternidade “reconhece que não foi alheia a formas de abusos psicológicos e de consciência em seu meio”.
Figari foi punido pela Santa Sé em fevereiro de 2017 por causa de abusos sexuais e de poder que cometeu ao longo de vários anos. Em agosto de 2024, o papa Francisco o expulsou do SCV, atendendo pedido do Sodalício de 2019.
No comunicado de ontem, o Sodalício agradeceu a Deus pela vocação à qual seus membros foram chamados "sem qualquer mérito, para servir na Igreja".
“Valorizamos o fato de que, graças à Sua ação amorosa, Ele permitiu que muitas pessoas, de diversos países, vivam conosco uma experiência comum de fé autêntica, de fraternidade e ardor apostólico, que deu muitos frutos”, diz o texto.
O SCV também reiterou seu pedido de perdão às vítimas pelos "maus-tratos e abusos cometidos em nossa comunidade. Pedimos também perdão a toda a Igreja e à sociedade pela dor causada".
Também agradeceu àqueles que fizeram parte de sua família espiritual e aos bispos que os acolheram em suas dioceses.
O SCV foi fundado por Figari em Lima em 1971 e estava presente no Brasil, EUA, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica e Equador.
A dissolução foi comunicada aos seus membros em janeiro, na assembleia plenária do SCV em Aparecida (SP).
Sobre o patrimônio das instituições suprimidas, os decretos publicados pelas fraternas e pelas servas dizem que o valor consolidado deverá ser usado para "indenizar as vítimas e, subsidiariamente, será doado proporcionalmente para garantir o sustento financeiro dos membros das entidades fundadas por Luis Fernando Figari".
O Sodalício informou que, entre maio de 2016 e abril de 2025, indenizou 98 pessoas que foram vítimas de abuso sexual, psicológico e de poder através de acordos extrajudiciais.
O SCV disse que, do total de casos abordados, 17 envolveram abuso sexual contra menores entre 11 e 17 anos, 20 envolveram adultos e 61 envolveram outros tipos de abuso.
O valor total destinado para as reparações das vítimas, segundo o SCV, é de US$ 6,5 milhões (Cerca de R$ 38 milhões).
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