1 de maio de 2024 Doar
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Bispos e padres apresentam a visão do presidente chinês ao clero de Hong Kong

Bandeiras da China | Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

A agência de notícias Reuters informou sobre um encontro que qualificou como "histórico" no qual bispos e líderes religiosos chineses expuseram ao clero católico de Hong Kong a visão da religião com "características chinesas" do presidente da China, Xi Jinping.

Quatro padres informaram à Reuters sobre o encontro realizado em 31 de outubro, um encontro descrito como "a aproximação mais assertiva" de Pequim na tentativa de influenciar a diocese de Hong Kong, cujo bispo, dom Stephen Chow, foi  consagrado em maio de 2021 consagrado. A cidade de Hong kong congrega vários ativistas pró-democracia e defensores dos direitos humanos.

Os padres disseram que, embora os líderes católicos de Hong Kong tenham se reunido na China continental com seus homólogos individualmente, a reunião de outubro foi a primeira vez que os dois lados se encontraram formalmente.

Segundo os padres, não se falou publicamente do encontro e se evitaram os discursos políticos.

No encontro de um dia realizado via Zoom, promovido pelo Gabinete de Relações do Governo Central em Hong Kong e pela Administração Estatal de Assuntos Religiosos, estiveram três bispos e cerca de 15 líderes religiosos da China apoiados pelo governo, e cerca de 15 clérigos de Hong Kong.

Susanne Ho, porta-voz da diocese de Hong Kong, disse à Reuters que a diocese "não divulga detalhes de encontros privados". Os gabinetes que fazem parte do governo chinês e participaram do encontro preferiram não dar declarações.

A Sala de Imprensa da Santa Sé, também não fez comentários.

Dois dos padres disseram que, sem mencionar o presidente Xi ou dar instruções ou ordens, os representantes da China descreveram a política de "sinicização" do presidente como estando em conformidade com as políticas de inculturação da Santa Sé.

A visão de Xi Jinping, com "características chinesas", visa aproximar as religiões estrangeiras do Partido Comunista Chinês e do Estado, para realizar o chamado "sonho chinês" através do patriotismo e da cultura chinesa.

Um dos padres disse que o encontro "foi apenas o primeiro passo e sinto que eles sabiam que não poderiam aparecer com isso muito pesadamente ou de forma muito dogmática".

"Todos nós sabemos que a palavra sinicização carrega consigo uma agenda política. Eles não precisaram dizer ", acrescentou. "Xi era o elefante na sala", disse o segundo clérigo, usando a expressão do inglês que designa um problema importante que todo mundo finge não perceber.

Os dois clérigos disseram que os padres de Hong Kong falaram muito sobre a política de inculturação, evitando qualquer possível ofensa política ou questões que pudessem gerar interferência do lado da China continental.

O grupo de Hong Kong tinha como líder o padre Peter Choy, tido pelos locais como próximo do governo chinês.

Três dos clérigos que falaram à Reuters disseram que dom Chow, que na época da reunião ainda era apenas o bispo eleito de Hong Kong, participou brevemente da reunião após seu início, o que pode lhe dar certo espaço para manobrar no futuro.

O novo bispo de Hong Kong, dom Stephen Chow Sau-yan, recebeu a consagração episcopal no dia 4 de dezembro na catedral da Imaculada Conceição, na ilha, e pediu aos fiéis que rezassem por ele, para sempre seguir a vontade de Deus.

O novo bispo ressaltou neste dia que "como sucessor dos apóstolos, pela graça de Deus Todo-poderoso, peço-lhes suas constantes orações para que possa ser sempre leal à vontade do Senhor, como pastor do Povo de Deus em Hong Kong e cumprir fielmente os meus deveres".

Os padres também disseram à Reuters que o cardeal John Tong abriu e fechou o encontro de 31 de outubro.

Um porta-voz da diocese de Hong Kong disse que o padre Choy, o bispo Chow e o cardeal Tong não quiseram comentar o encontro.

"A pressão está aumentando sobre nós em Hong Kong. Alguns de nós veem (sinicização) como um código para Xi-nização", disse um clérigo. "Teremos que ser inteligentes para resistir", acrescentou.

No início deste mês, Xi Jingping disse que as religiões na China deveriam abraçar o Partido Comunista. "Temos que seguir na direção do país para a sinicização da religião. Temos que seguir para que os numerosos crentes religiosos se unam ao redor do partido e do governo", disse o presidente.

Hong Kong é uma região administrativa especial da China. Seus cidadãos gozam da liberdade de culto e da possibilidade de evangelização, enquanto na China continental há uma longa história de perseguição contra os cristãos que desafiam o regime comunista.

Com a aprovação da nova lei de segurança em 2020, o governo chinês ganhou mais poder para suprimir os protestos pró-democracia em Hong Kong, que o regime via como uma ameaça direta ao seu poder.

A lei de segurança nacional de Hong Kong é muito ampla em suas definições de terrorismo, sedição e conspiração internacional.

Pela regra, uma pessoa acusada de qualquer um desses crimes pode receber no mínimo dez anos de prisão, com possibilidade até de prisão perpétua.

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Com esta nova lei, as autoridades de Hong Kong condenaram vários líderes pró-democracia, incluindo o advogado Martin Lee e o bilionário Jimmy Lai, a vários anos de prisão em 16 de abril.

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