Nesta sexta-feira, 24, durante seu voo à Armênia, o Papa Francisco se referiu ao referendum que decidiu a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e assinalou que este resultado requer “a todos nós uma grande responsabilidade” para garantir o bem dos britânicos e a convivência no Velho Continente.

Ontem, no Reino Unido – formado pela Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e Gales –a população foi consultada se estava a favor da sua saída da União Europeia (Brexit) ou queria permanecer (Bremain). Ao final, 52% votou a favor de deixar a UE.

Perguntado pela imprensa, o Pontífice assinalou que só tinha lido a informação básica do resultado justo antes de sair de Roma, mas sentia que esta era a “vontade expressa pelo povo”.

“Isto requer a todos nós uma grande responsabilidade”, indicou, “para garantir o bem do povo do Reino Unido e também a convivência de todo o continente europeu. Assim eu espero”.

Mesmo que o referendum não seja vinculante, a imprensa britânica não acredita que o Parlamento interfira neste processo. Caso seja concretizado, Reino Unido será o primeiro país que sairia da UE desde sua criação em 1992.

Por isso, o resultado da consulta significou um terremoto político e econômico na UE e em outras partes do mundo. David Cameron anunciou sua renúncia como Primeiro-ministro do Reino Unido e indicou que deixará o cargo antes de outubro. Além disso, a libra esterlina caiu mais de 10% com relação ao dólar e registrou seu preço mais baixo desde 1985, antes de ter uma leve melhora.

Entre os líderes europeus que se pronunciaram está a chanceler alemã Angela Merkel, para quem o triunfo de Brexit “supõe um ponto de inflexão para a Europa e para o projeto europeu”.

A chefe do governo alemão advogou por relações amistosas com o Reino Unido e chamou à unidade dos demais 27 países membros da EU, porque “os desafios” da globalização “são muito grandes para superá-los sozinhos”.

Nesse sentido, pediu não tomar decisões rápidas a respeito da futura relação do Reino Unido com o bloco, pois isto só “dividirá a Europa”.

Entretanto, analistas consultados pela imprensa europeia advertem que o Brexit pode animar outros países a deixar a UE, ou até mesmo motivar setores que buscam a independência da Escócia, pois a maioria dos escoceses (62% contra 38%) votou por permanecer no bloco europeu.

Do mesmo modo, na Irlanda do Norte, onde 55% das pessoas votaram por permanecer na UE, já se começa a escutar vozes a favor da reunificação com a Irlanda.

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