Em uma nova mensagem de vídeo por ocasião da próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a ser realizada no dia 9 de abril de 2017, e que desejou colocar no caminho para a JMJ Panamá 2019, Papa Francisco desafiou os jovens a descobrir o que eles têm a oferecer à sociedade e à Igreja.

“A Igreja e a sociedade precisam de vocês. Com as suas propostas, com a coragem que têm, com os seus sonhos e ideais, são derrubados os muros do imobilismo e abrem caminhos que nos levam a um mundo melhor, mais justo, menos cruel e mais humano”, afirma o Santo Padre.

O Pontífice recordou aos jovens que “Deus também olha para você e o chama, e quando o faz, está olhando todo o amor que somos capazes de desencadear”.

Também recordou-lhes que “neste caminho a Nossa Mãe, a Virgem Maria nos companha e encoraja com a sua fé, a mesma fé que ela expressa em seu canto de louvor. Maria diz: ‘O Todo-Poderoso fez em Mim maravilhas’. Ela dá graças a Deus, porque olhou para a sua pequenez e também reconhece as grandes coisas que Ele fez em sua vida”.

Finalmente, incentivou-os: “Cultivem uma relação de confidência e amizade com Nossa Senhora. Ela é a nossa Mãe. Falem com Ela como uma Mãe. Agradeçam junto com Ela pelo dom da fé que vocês receberam dos mais velhos, confiando-Lhe toda a sua vida. Como uma boa Mãe os escuta, abraça, caminha com vocês. Garanto-lhes que se fazem isso, não vão se arrepender!”.

Memória, coragem e esperança

Do mesmo modo, junto com o vídeo foi difundida uma mensagem de texto mais longo na qual o Pontífice reflete sobre o laço comum que une a JMJ Cracóvia, celebrada em julho de 2016, com a JMJ de 2017 e 2018, que serão realizadas em cada diocese e a de 2019 no Panamá.

Memória do passado, coragem no presente e esperança no futuro. Estes são os três eixos que aparecem claramente expressos nos temas escolhidos para as próximas JMJ.

Segundo explicou o Santo Padre, a edição deste ano refletirá sobre o tema “O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas”. O tema do próximo ano será: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus”. A JMJ 2019 será inspirada nas palavras: “Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra”.

O Papa destacou a forte mensagem mariana destes lemas, que não é coincidência. “Neste caminho, a Virgem Maria acompanhará”, assinalou.

Na mensagem, o Pontífice recorda como depois do anúncio do anjo, Maria se levantou e correu até a casa da sua prima Isabel, grávida de seis meses, que vivia a 150 quilômetros de distância.

“Maria não Se fecha em casa, não Se deixa paralisar pelo medo ou o orgulho. Maria não é daquelas pessoas que, para estar bem, precisam de um bom sofá onde ficar cômodas e seguras. Não é uma jovem-sofá! Vendo que servia uma mão à sua prima idosa, Ela não perde tempo e põe-Se imediatamente a caminho”.

Como Maria, durante os longos dias de viagem à casa de sua prima, “meditou sobre o acontecimento maravilhoso em que estava envolvida. O mesmo sucede conosco, quando fazemos uma peregrinação: ao longo da estrada, voltam-nos à mente os fatos da vida, e podemos maturar o seu sentido e aprofundar a nossa vocação, descoberta em seguida no encontro com Deus e no serviço dos outros”.

“Quando Deus toca o coração de um jovem, de uma jovem, estes tornam-se capazes de ações verdadeiramente grandiosas. As ‘maravilhas’ que o Todo-poderoso fez na existência de Maria falam-nos também da viagem da nossa vida, que não é um vagar sem sentido, mas uma peregrinação que, não obstante todas as suas incertezas e tribulações, pode encontrar em Deus a sua plenitude”.

Neste sentido, “quando o Senhor nos chama, não Se detém naquilo que somos ou no que fizemos. Pelo contrário, no momento em que nos chama, Ele está a ver tudo aquilo que poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de desencadear”.

“Como a jovem Maria, podeis fazer com que a vossa vida se torne instrumento para melhorar o mundo. Jesus chama-vos a deixar a vossa marca na vida, uma marca que determine a história, a vossa história e a história de muitos”.

Ser jovem não significa estar desconectado do passado

O Papa destacou a importância da memória, a importância do passado. “Ser jovem não significa estar desconectado do passado. A nossa história pessoal insere-se em uma longa esteira, no caminho comunitário dos séculos que nos precederam. Como Maria, pertencemos a um povo”.

Concretamente, falou a respeito do papel crucial que a história da Igreja deve ter na vida dos cristãos.

“A verdadeira experiência de Igreja não é como um flashmob em que se marca um encontro, faz-se uma representação e depois cada um continua pelo seu caminho. A Igreja traz consigo uma longa tradição, que se transmite de geração em geração, enriquecendo-se ao mesmo tempo com a experiência de cada indivíduo. Também a vossa história encontra o seu lugar dentro da história da Igreja”, escreve o Papa.

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“Fazer memória do passado é útil também para acolher as intervenções inéditas que Deus quer realizar em nós e através de nós. E ajuda a abrir-nos para sermos escolhidos como seus instrumentos, colaboradores dos seus projetos salvíficos”, destaca o Pontífice.

Por isso, sublinhou a necessidade de “dar o devido valor à tradição”, embora afirmasse que dar valor à tradição “não significa ser tradicionalistas”.

Francisco ressalta que “saber fazer memória do passado não significa ser nostálgicos ou ficar presos a um período determinado da história, mas saber reconhecer as próprias origens, para voltar sempre ao essencial e lançar-se com fidelidade criativa na construção de tempos novos”.

“Uma sociedade que valoriza apenas o presente, tende também a desvalorizar tudo aquilo que se herda do passado, como, por exemplo, as instituições do matrimónio, da vida consagrada, da missão sacerdotal. Estas acabam por ser vistas como sem sentido, como formas ultrapassadas. Pensa-se viver melhor em situações chamadas ‘abertas’, comportando-se na vida como num reality show, sem propósito nem finalidade. Não vos deixeis enganar!”, exorta o Papa.

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