Como todos os anos, a Igreja Católica universal destinará a coleta da Sexta-feira Santa em favor da Terra Santa e do Oriente Médio, por isso o Vaticano incentivou os fiéis a serem solidários.

“A Igreja continua trabalhando na salvaguarda da presença cristã e em dar voz a quem não a tem. Esta salvaguarda se realiza no âmbito da pastoral e da liturgia, que é fundamental para a vida das nossas pequenas comunidades. Mas, continua trabalhando, de modo sério, na promoção de uma educação de qualidade”, indicou o Cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais.

Em uma carta enviada aos bispos do mundo em 26 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, e divulgada neste dia 4 de março, o Cardeal recordou “as provações sofridas ao longo dos séculos pela Igreja na Terra Santa e em todo o Oriente Médio".

"Provações essas que continuam: a tragédia da contínua e progressiva redução do número dos fiéis locais, com o consequente risco de ver desaparecer as diversas tradições cristãs que remontam aos primeiros séculos", assinalou.

O Cardeal Sandri denunciou que “longas e desgastantes guerras produziram e continuam causando milhões de refugiados condicionando, fortemente, o futuro de inteiras gerações, que se veem privadas dos bens mais elementares como o direito a uma infância serena, a uma instrução escolar orgânica, a uma juventude dedicada à procura de um trabalho, à formação de uma família, à descoberta da própria vocação, a uma vida adulta produtiva, digna, e a uma terceira idade serena”.

Nesse sentido, a autoridade vaticana assinalou que "graças à generosidade dos fiéis de todo o mundo" a Igreja continua trabalhando "na salvaguarda da presença cristã e no dar voz a quem não a tem".

Em concreto, o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais destacou cinco áreas nas quais a Igreja trabalha, graças à coleta da Sexta-feira Santa em favor da Terra Santa.

O primeiro é o âmbito da pastoral e da liturgia, que é fundamental para a vida das nossas pequenas comunidades; seguido de uma educação de qualidade através das escolas, que são fundamentais para preservar a identidade cristã e construir uma convivência fraterna, especialmente com os muçulmanos.

O terceiro âmbito é a criação de oportunidades de emprego. O quarto é a ajuda material, nos lugares onde há pobreza extrema ou necessidades de saúde e emergências humanitárias ligadas aos fluxos de refugiados e trabalhadores migrantes estrangeiros.

Por fim, há o cuidado dos Santuários, que seria impossível sem a coleta “pro Terra Sancta”. O Purpurado lembrou que esses lugares conservam a memória da revelação divina, do mistério da encarnação e da nossa redenção; além de estar onde a comunidade cristã local encontra os fundamentos de sua própria identidade.

Nesse sentido, o Cardeal Sandri descreveu que “em torno dos santuários e, graças à sua presença, muitos dos fiéis cristãos encontram um trabalho digno, acolhendo os milhões de peregrinos que nos últimos anos chegam, cada vez mais numerosos, para visitar os Lugares Santos”.

“A Terra Santa é o lugar físico onde Jesus viveu essa agonia e esse sofrimento, transformando-os em ação redentora, graças a um amor infinito. No Getsemani, faz isso até suar sangue. No Cenáculo, antecipa a oferta de si mesmo que realizará na Cruz através do dom da Eucaristia, mas também através do lava-pés e do mandamento do amor fraterno. Ao longo da Via Dolorosa, ainda podemos imaginar os lugares do duplo processo e da condenação de Jesus. Podemos vê-lo enquanto percorre o caminho levando a Cruz ajudado pelo Cirineu, e chegar ao Gólgota para ser pregado, e entregar-se nas mãos do Pai confiando-nos Maria, e morrer colocado em um sepulcro novo e vazio de onde ressuscitará ao terceiro dia”, descreveu.

Com a coleta realizada todos os anos na Sexta-feira Santa, a Custódia Franciscana da Terra Santa pode cumprir sua missão de preservar os Lugares Santos e promover a presença cristã por meio de atividades de solidariedade. Por exemplo, mantendo estruturas pastorais, educacionais, assistenciais, de saúde e sociais.

Os territórios que se beneficiam com a coleta são Jerusalém, Palestina, Israel, Jordânia, Chipre, Síria, Líbano, Egito, Etiópia, Eritreia, Turquia, Irã e Iraque.

A Custódia da Terra Santa recebe a maior parte da coleta e o restante é destinado pela Congregação para as Igrejas Orientais que a utilizam para a formação de seminaristas, sustento do clero, atividades escolares, formação cultural e subsídios nas varias circunscrições eclesiásticas do Oriente Médio.

Em concreto, a Custódia da Terra Santa tem quase 1150 funcionários entre Israel e Palestina que trabalham em 15 escolas, 4 casas para peregrinos, 80 santuários e 25 paróquias.

Segundo informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, a arrecadação total da coleta em 2019 foi de 8.279.209,64 dólares dos quais 3.276.252,00 dólares foram destinados para a formação acadêmica, espiritual e humana de seminaristas e sacerdotes; e, quando possível, para os leigos, sob a jurisdição da Congregação para as Igrejas Orientais.

As ajudas incluem bolsas de estudo, taxas universitárias, gastos com saúde, entre outros, dos quais mais de 300 estudantes se beneficiam. A Congregação para as Igrejas Orientais também contribui para a subsistência do Pontifício Instituto Oriental, uma instituição acadêmica de ensino superior.

Finalmente, a Congregação para as Igrejas Orientais indicou que "a generosidade dos fiéis católicos para com os irmãos e irmãs do Oriente Médio pode resolver tantos problemas, mas a oração e o apoio moral são ainda mais necessários".

Por isso, o dicastério do Vaticano convidou "a adotar, embora não se saiba o nome, um cristão do Oriente Médio, para rezar por ele/ela durante todo o ano de 2020”.

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Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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