O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, afirmou que o Vaticano “considera positivo o acordo sobre o programa nuclear iraniano” assinado nesta terça-feira em Viena (Áustria) entre o país islâmico e as potências que fazem parte do grupo P5+1, depois de aproximadamente dois anos de negociações.

Através de um comunicado, o porta-voz vaticano assinalou: “Trata-se de um resultado importante das negociações realizadas até o momento, mas que requer a continuação do esforço e do compromisso de todos para que dê frutos".

Frutos que o Vaticano espera que "não se limitem só ao âmbito do programa nuclear, mas se estendam a outros setores”, acrescentou o sacerdote.

O acordo

Há cerca de 20 meses o Irã esteve negociando com o grupo 5+1, formado pela China, Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e Alemanha, a possibilidade de retirar as sanções econômicas que afetam ao país islâmico e que foram impostas ante o temor de que seu programa nuclear contemplasse o aspecto militar.

Nesse sentido, a chefe e representante da Política externa da União Europeia, Federica Mogherini, informou: “Hoje alcançamos um acordo nuclear com o Irã. O objetivo do acordo assinado é assegurar que o programa nuclear iraniano tenha um caráter não militar, em troca da retirada das sanções internacionais que asfixiam a economia do país”.

A agência de imprensa iraniana IRNA indicou que o embargo internacional sobre fornecimentos de armas permanecerá durante cinco anos. Por sua parte, Estados Unidos manterá seu embargo unilateral de venda de tecnologia para mísseis balísticos dentro de um período máximo de oito anos.

Do mesmo modo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), estará a cargo de verificar que o Irã cumpra o acordo. Por isso continuará com suas inspeções e controles no programa nuclear.

Nesse sentido, a revogação gradual das sanções não poderá ser iniciada antes do primeiro semestre de 2016, depois do relatório definitivo que a AIEA emitirá em dezembro.

Entretanto, no acordo foi estabelecido que as inspeções não poderão ser inesperadas, mas deverão ser previamente solicitadas, como prevê o Protocolo Adicional do Irã ao Tratado de não Proliferação nuclear, que Teerã se comprometeu ratificar. Além disso, o país islâmico poderá rejeitar as visitas que considere que prejudiquem sua segurança nacional.

Por sua parte, no caso que um dos membros do Grupo 5+1 suspeitasse que o Irã não estivesse cumprindo o acordo, seria convocada uma reunião com a comissão de arbitragem. Se comprovam o descumprimento deste acordo, demandaria à república islâmica diante do Conselho de Segurança da ONU; assim as sanções revogadas seriam novamente impostas dentro de 65 dias ao Irã.