Um tribunal paquistanês ordenou a libertação da menina cristã Maira Shahbaz, de 14 anos, sequestrada de sua casa e obrigada a se casar com um muçulmano e a se converter ao islã.

Segundo informou a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, por meio de um comunicado, o tribunal de Faisalabad reconheceu que a certidão de nascimento de Maira mostra que ela é menor e que, portanto, o casamento com seu sequestrador, Mohamad Nakash, já casado e pai de dois filhos, era ilegal.

O juiz determinou que a menor deverá deixar a casa de seu sequestrador e entrar em um refúgio para mulheres, embora no momento também não poderá ter contato com seus familiares.

Esta situação continuará até que o Supremo Tribunal de Lahore emita uma sentença final, que está prevista para a próxima semana.

Do mesmo modo, Mohamad Nakash, junto com outras duas pessoas, foi acusado de sequestrar e falsificar a certidão de casamento. Para poder elaborar essa acusação, foi fundamental a declaração do religioso islâmico que figura como testemunha do casamento no certificado, já que negou qualquer tipo de implicação e afirmou que o documento é falso.

Segundo a investigação judicial, o sequestro e a falsificação do casamento com a menor teriam como objetivo final o tráfico de pessoas.

Maira foi sequestrada em 28 de abril, quando caminhava perto de sua casa, no bairro de Madina Town, nos arredores de Faisalabad. Nakash, junto com seus dois cúmplices armados, a forçou a entrar no veículo enquanto disparava no ar e posteriormente fugiu do local.

Em um primeiro momento, o tribunal decidiu que a menor tinha 19 anos e que o casamento era válido. Posteriormente, uma vez apresentados documentos como a certidão de nascimento e documentos da igreja local e da escola de Maira, foi demonstrado que sua idade real era de 14 anos.

O sequestrador defendeu a validade de seu casamento, argumentando que, embora a lei paquistanesa proíba o casamento de menores, o costume islâmico permite isso desde que a menina tenha tido seu primeiro período menstrual.

O advogado da família da menina, Khalil Tahir Sandhu, disse à Ajuda à Igreja que Sofre que existem muitos casos semelhantes aos de Maira. "O que vemos com frequência é que, depois de dois ou três anos, os sequestradores devolvem a garota à sua família quando já satisfizeram a sua luxúria".

Em outro caso semelhante, em 22 de julho, o tribunal de Karachi, no Paquistão, também validou a certidão de nascimento de outra menor cristã, Huma Younus, e reconheceu que era adolescente, por isso ordenou o comparecimento no tribunal do sequestrador e de seus cúmplices.

Juma Younus foi sequestrada em 2019 por Abdul Jabbar e forçada a se converter ao Islã e a se casar com o sequestrador.

O diretor da Ajuda à Igreja que Sofre na Itália, Alessandro Monteduro, denunciou que “todos os anos, cerca de mil meninas e mulheres cristãs e hindus são sequestradas da mesma maneira no Paquistão. A isto se acrescenta a ausência de tutela pelas autoridades judiciais, muitas vezes influenciadas pelas pressões sociais”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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