O Cardeal Ricardo Blázquez interveio no programa ‘El Espejo’, da emissora de rádio COPE, no qual falou sobre a cúpula contra os abusos sexuais que aconteceu no Vaticano e na qual participou como presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE).

O Cardeal Blázquez incentivou a ler novamente o discurso de encerramento da Cúpula pronunciado pelo Papa Francisco, que "tem muitas chamadas de atenção", mas "também de reconhecimento, porque não queremos nos defender do que não podemos nos defender".

Nesse sentido, o Presidente da CEE destacou que o discurso "foi dirigido à Igreja, mas não deixou de apelar aos governantes dos vários países porque, sim, é um problema universal. Não podemos colocar o dedo acusador em apenas um dos lugares, mas estamos todos implicados".

O discurso de encerramento do Papa, segundo o Cardeal Blázquez, "remete a uma profundidade especial, também ao mistério do mal, porque o abuso de menores não é simplesmente uma questão de injustiça, mas tem a ver com o pecado e o mistério do mal".

Sobre a importância de escutar as vítimas, o Purpurado afirmou: "Alguns dos testemunhos das vítimas me fizeram chorar. Que abuso tão grande, durante anos, tergiversando o mal que faziam como se [a vítima] fosse culpada! E um silêncio cúmplice que se voltava contra a vítima e que não a escutavam, nem sequer em sua família...".

"Queremos que as crianças de todo o mundo encontrem proteção e ajuda em nós, na Igreja", assegurou o Purpurado que também destacou que "não é apenas olhar para esta frente [a Igreja], mas para todos, encontramo-nos diante de um desrespeito tremendo e maligno de meninos e meninas quando ainda não descobriram sua sexualidade e são desrespeitados desta forma no âmbito da família, no da educação e no da Igreja que quer estar inequivocamente ao lado das vítimas, defendendo-as, escutando-as, acolhendo-as”.  

Cardeal Blázquez também enfatizou que a Igreja "é a única organização internacional que transformou este tema em uma reflexão cuidadosa, de três dias, com conferências de especialistas, longos diálogos, também com oração, porque é justamente uma questão que tem a ver com o pecado”.

Sobre os próximos passos a serem dados com relação à implementação de medidas e protocolos nas dioceses do mundo, o presidente da CEE disse que é absolutamente necessário escutar as vítimas "sempre, com o tempo que precisem, sem olhar para o relógio. Mas também é necessária uma reação de caráter penal, onde não haja nada de encobrimento, nada de silêncio cúmplice. Deve haver uma denúncia clara e uma colaboração com as autoridades do Estado".

Em relação à aplicação dos protocolos de ação, o Cardeal assegurou que o Papa falou deles como “normas e, diante de uma norma que é quebrada, é preciso pedir explicações. Deve haver uma dimensão penal no tratamento desta questão".

Além disso, assegurou que informará "o mais adequadamente possível" as conclusões desta cúpula à Comissão Permanente da Conferência Episcopal Espanhola. "É uma responsabilidade que tenho muito clara e quero que seja compartilhada", assegurou.

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