A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) relatou que 14 pessoas foram mortas em frente a uma igreja católica na diocese de Nouna, cidade de Bourasso, em Burkina Faso, na noite de domingo (3).

Burkina faso fica na região do Sahel, ao sul do deserto do Sahara, onde vêm crescendo a presença e a influência de grupos radicais muçulmanos internacionais como o Estado Islâmico.

Os terroristas chegaram primeiro a um templo católico e lá "mataram 14 pessoas em frente à igreja", descreve um padre aterrorizado da diocese de Nouna, que preferiu permanecer anônimo por segurança.

Os terroristas então foram para Bourasso, matando mais várias pessoas. O número total de vítimas pode chegar a 30 pessoas.

As vítimas, muitas delas cristãs ou de uma crença tradicional africana, rogaram e imploraram por suas vidas, mas os terroristas, que já rondavam a área e ameaçavam a região nos últimos dois anos, acabaram com suas vidas.

“O procedimento é sempre o mesmo, os terroristas chegam de moto, dois por moto, vão encapuzados e armados. À noite é difícil saber quantos são, certamente várias dezenas", disse o padre à ACN.

O padre, que em maio deste ano escapou de uma emboscada terrorista, defendeu a inocência das vítimas dizendo que elas "não têm nenhum envolvimento com política ou com esses grupos terroristas, são atacados quando não têm nada para se defender. É uma confusão total”.

“Estou realmente muito triste… eu conhecia quase todas as vítimas”, disse ele.

Um dos sobreviventes, que também quis ficar anônimo, disse à fundação ACN que os terroristas vieram “à minha casa e fizeram dois membros da minha família saírem”.

“Eles os degolaram antes de conseguirem sair. Fiquei com uma enorme angústia e medo. Eu estava com medo de que eles voltassem para pegar o resto da minha família", disse.

Horas antes do atentado, na manhã de domingo, havia sido celebrada na diocese de Nouna uma missa de ação de graças pela recente ordenação de dois padres e pelos sete anos de missão de um catequista em Bourasso.

O catequista perdeu dois irmãos no atentado terrorista ocorrido naquela noite.

Diante de tudo isso, o padre que presenciou o atentado garante que continua firme na fé e na esperança: "Temos a coragem de viver os dias que Deus nos dá... Aqui quando nos levantamos, sabemos que estamos vivos, mas não sabemos se ainda estaremos vivos à noite."

A violência em Burkina Faso

Burkina Faso continua com constantes ataques terroristas, além de sequestros e assassinatos de cristãos e religiosos católicos, que o governo golpista do Coronel Samdaogo Damiba não conseguiu conter, apesar das múltiplas promessas.

Exemplos de ataques à Igreja Católica são o assassinato do padre salesiano Antonio César Fernández, pelas mãos de terroristas muçulmanos, em 2019. Há também o caso da freira americana Suellen Tennyson, de 83 anos, que foi sequestrada em abril de 2022, assim como um seminário menor foi atacado e incendiado em fevereiro deste ano.

Por causa do drama na região, a ACN tem promovido projetos para ajudar as vítimas e os deslocados a superar o trauma dos ataques e continuar com suas vidas. Além disso, financiou várias estações de rádio para melhor comunicação e cuidado pastoral em lugares onde as pessoas precisam correr para salvar suas vidas.

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