Durante a noite de quarta-feira, 17, um grupo não identificado de extremistas provocou um incêndio intencional na Igreja da Tagbha, localizada ao oeste do lago Tiberíades (Israel) e que, de acordo com a tradição cristã, é onde Jesus realizou um dos milagres da multiplicação dos pães e peixes.

Não é o primeiro atentado contra uma Igreja cristã em território israelense. No ano passado, no último dia da visita do Papa a Terra Santa, um grupo de judeus extremistas destruiu as cruzes e atacaram os religiosos.

 

 

O incêndio ocorreu durante a madrugada de quarta-feira. Micky Rosenfeld, porta-voz da polícia israelense, indicou à imprensa local que o incidente foi provocado por alguém e este começou na parte de dentro do templo. Doze pessoas foram afetadas pela fumaça, entre elas, duas queimaduras leves.

 

 

O administrador do santuário, o Pe. Matias, membro da Ordem dos Beneditinos, disse à AFP que “o fogo destruiu o escritório paroquial e um armazém, que estão ao redor do átrio, e também danificou o chão e o teto da Igreja.

Logo depois de apagar o incêndio, os bombeiros encontraram uma inscrição em hebreu num dos muros da Igreja, que dizia: “Os falsos ídolos serão arrancados”. Esta frase pertence à judia “Alénou LeShabéah” (É nosso dever louvar ao Senhor de Tudo) que é recitada no final das três orações diárias dos judeus.

Por isso, a polícia suspeita que os autores do incêndio sejam judeus radicais, pois realizaram também vandalismo nesta região, como, por exemplo, a profanação no cemitério cristão de Kufr Birim, a Basílica de Nazareth, a Igreja do Cenáculo e outros lugares de culto católicos e ortodoxos.

 

 

A polícia prendeu 16 jovens suspeitos de provocar o incêndio. Devido aos seus antecedentes eles foram interrogados. Todos eram estudantes de uma yeshiva (escola judia) localizada em Yitzar, onde os radicais ensinam a sua doutrina à crianças e adolescentes sob a ordem de que as outras religiões têm “um preço por pagar”. Os jovens foram libertados, após responderem algumas perguntas.

O primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahou, denunciou o incêndio como um ato violento que afetou todos os israelenses.

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“A liberdade de culto é um dos pilares de Israel. O ódio e a intolerância não têm lugar em nossa sociedade”, declarou Benyamin Netanyahou ao canal israelense ‘i24News’ e indicou que pediu que os fatos sejam investigados.

Wadie Abunasar, um católico de Terra Santa consultado pelos meios de comunicação, foi ao lugar para avaliar os danos e afirmou a ‘Efe’: “Estamos agradecidos pelos esforços das autoridades israelenses, mas esperamos resultados. A prisão não é suficiente. Está bem, prenderam os culpados, mas serão castigados? Seguiremos o caso de perto pois queremos que o Estado de Israel trate estes assuntos de maneira séria”.

A Igreja da multiplicação dos pães e os peixes foi construída em 1980 pelos monges beneditinos, está localizado sobre as ruínas das Igrejas construídas durante os séculos IV e V.