Num 5 de março como hoje, Santa Jacinta Marto nasceu em Aljustrel (Portugal), há 111 anos e, no marco desta data, ao recordar a vida da mais nova dos videntes de Fátima, o sacerdote e teólogo italiano Franco Manzi assinalou que “os sofrimentos físicos” vividos por ela parecem “com aqueles de Cristo na cruz”.

Para assinalar este dia, o Santuário de Fátima publicou um vídeo no qual Pe. Franco Manzi, da Diocese de Milão, apresenta esta relação entre a vida de Santa Jacinta e a Paixão de Cristo.

Conforme recordou, “Jacinta começou a converter muitas das coisas desagradáveis da sua vida em ofertas de amor”, sempre tendo como objetivo “a conversão dos pecadores”. Entretanto, indicou, “de forma muito peculiar, tomou partido da Paixão, da Cruz de Cristo, vivenciando a sua própria morte com os mesmos sentimentos de Jesus e determinando assim, da sua própria forma, a mensagem de Fátima”.

“Os sofrimentos físicos da Jacinta parecem-se, em alguns aspetos, com aqueles de Cristo na cruz”, declarou, ao citar que “a pleurite purulenta no pulmão esquerdo, razão pela qual Jacinta foi hospitalizada no hospital de Vila Nova, causou-lhe, uma vez regressada em casa, uma ferida no flanco esquerdo”.

Para o sacerdote, esta ferida “faz-nos lembrar da ferida no flanco do Crucifixo, causada por uma lança”.

Além disso, Pe.Manzi observou como Santa Jacinta desejou e buscou imitar Jesus, “o servo sofredor”.

Segundo ele, “desde as primeiras visões, a Jacinta deu um salto qualitativo a um nível espiritual, certamente possibilitado pelo seu carisma profético, o dom da profecia, uma vez que para ela foi possível ver o Anjo e Nossa Senhora, mas também ouvi-los e perceber as suas comunicações, mesmo que não falasse diretamente com eles”.

“A sua consciência de fé, chegou ao ponto de querer imitar Jesus. Jesus, acima de tudo, o servo sofredor. Sentindo uma terna afeição por Jesus, Jacinta começou a desejar participar nos Seus sofrimentos em reparação pelos pecados da humanidade”, indicou.

111 anos da pastorinha de Fátima

Conforme explica o site do Santuário de Fátima, embora a data de nascimento indicada no registro de batismo de Jacinta Marto seja 11 de março daquele ano, o dia 5 de março se baseia em um interrogatório feito pelo cônego Manuel Nunes Formigão aos pastorinhos, datado de 11 de outubro de 1917, no qual se lê que “Jacinta de Jesus fez 7 (anos) a 5 de março”.

A explicação para a alteração da data de nascimento de Jacinta em seu registro de batismo está em uma nota de rodapé do primeiro volume da Documentação Crítica de Fátima, no qual está publicado o interrogatório do cônego Formigão.

“Provavelmente, a data exata de nascimento seria efetivamente o dia 5 de março de 1910. Como o batismo foi a 19 de março, terá sido indicado o dia 11 como data de nascimento, para evitar a multa aplicável ao adiamento, para além dos oito dias”, afirma a fonte crítica dos acontecimentos de Fátima.

A pequena Jacinta foi um dos três videntes das aparições da Virgem Maria na Cova da Iria, juntamente com seu irmão Francisco Marto e sua prima Lúcia de Jesus.

Era a sétima e última filha de Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus, tendo sido batizada a 19 de março de 1910, na Igreja Paroquial de Fátima.

Desde muito nova, pastoreava o rebanho de seus pais, com Francisco e Lúcia. Foi durante um desses pastoreios na Cova da Iria, que os três viram a aparição de uma Senhora “mais brilhante que o sol” que lhes diz ser “do Céu” e lhes pede que ali voltem “seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora”, indicando-lhes que, na aparição final, lhes revelaria quem era e o que queria. Na última aparição, a Senhora viria a apresentar-se aos Videntes como a Senhora do Rosário.

A Virgem concedeu a Jacinta a visão dos sofrimentos do Sumo Pontífice. “Eu o vi em uma casa muito grande, ajoelhado, com o rosto entre as mãos, e chorava. Fora, havia muita gente; alguns atiravam pedras, outros diziam imprecações e palavrões”, contou ela. Por isso e outros feitos, as crianças tinham presente o Santo Padre e ofereciam três Ave Maria por ele depois de cada Rosário.

Jacinta participava diariamente da Santa Missa e tinha grande desejo de receber a Comunhão em reparação dos pobres pecadores. Atraía-lhe muito estar com Jesus Sacramentado. “Gosto tanto de dizer a Jesus que O amo”, repetia.

Em uma ocasião, uma mãe rogou a Jacinta que pedisse por seu filho que se foi como o filho pródigo. Dias depois, o jovem retornou para casa, pediu perdão e contou a sua família que depois de ter gastado tudo o que tinha, roubado e estado no cárcere, fugiu para bosques desconhecidos.

Quando se achou completamente perdido, ajoelhou-se chorando e rezou. Nisso, viu Jacinta que o pegou pela mão e o conduziu até um caminho. Assim, pôde retornar para casa. Logo interrogaram Jacinta se tinha se encontrado com o moço e ela disse que não, mas que tinha rogado muito à Virgem por ele.

Santa Jacinta faleceu aos 9 anos de idade, no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, onde foi internada depois de adoecer em 1918 com a epidemia da gripe espanhola. O seu corpo foi sepultado no cemitério de Vila Nova de Ourém, tendo sido transladado para o Cemitério de Fátima em 1935 e, dez anos mais tarde, para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

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Ela foi beatificada a 13 de maio de 2000 pelo Papa João Paulo II, em Fátima, e canonizada juntamente com seu irmão Francisco Marto, em 13 de maio de 2017, pelo Papa Francisco, no Santuário de Fátima, no marco da celebração do Centenário das Aparições.

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