O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, afirmou que há "uma necessidade urgente de encontrar normas éticas para as atividades financeiras modernas".

O Cardeal disse estas palavras durante a apresentação do prêmio "Economia e Sociedade", concedido à professora Mary Lee Hirschfeld, que apresentou o trabalho "Aquino e o mercado: Rumo a uma economia humana", baseado nos ensinamentos de Santo Tomás de Aquino. O prêmio foi entregue em 29 de maio no Palácio da Chancelaria do Vaticano.

Nesta edição do prêmio, concedido a cada dois anos, participaram mais de 45 obras de doze países de três continentes. O prêmio é promovido pela Fundação Centesimus Annus – Pro Pontefice.

Ao receber o prêmio, a professora de Teologia e Economia da Villanova University (Estados Unidos) disse que "a concepção de Aquino, dos incentivos e sua compreensão da propriedade privada acabam sendo radicalmente diferentes das dos economistas, precisamente porque Aquino está pensando na felicidade, na forma como já discuti anteriormente, como algo que se encontra nos bens superiores de Deus, a família, a comunidade e a virtude".

"Em um mundo assim, a riqueza é boa, mas é um bem instrumental. Essa foi a raiz da visão de uma economia humana que expus em meu livro", disse a especialista, segundo informa Vatican News.

"Meu livro está destinado a ambos os mundos: destina-se a mostrar ao mundo secular que seus hábitos de pensamento sobre a relação entre riqueza e felicidade não são a única maneira possível de pensar sobre isso. E visa alertar a Igreja para as dificuldades de compartilhar sua sabedoria com um mundo que não compartilha sua linguagem", assinalou.

Por sua vez, o Cardeal Parolin ofereceu três pontos para reflexão. O primeiro é o da escolha racional da economia neoclássica, em particular a tese da "recaída favorável", que pressupõe que cada crescimento econômico pode produzir maior equidade e inclusão social no mundo.

Sobre este ponto, o Cardeal italiano disse que o Papa Francisco, "e com ele toda a Doutrina Social da Igreja, parte de um conceito integral do homem, cuja felicidade se realiza não nas opções de consumo, mas na efetiva abertura e na partilha com os outros e no verdadeiro amor de Deus".

O segundo ponto se refere à relação com o dinheiro, o qual se aceitou “pacificamente o seu predomínio sobre nós e nossas sociedades”, criando novos ídolos, advertiu o Cardeal. 

Também aqui, Santo Tomás de Aquino pode ajudar, porque ele distingue "entre a verdadeira felicidade e a vida boa com a falsa esperança de uma felicidade que consiste em ter sempre mais bens materiais".

O Secretário de Estado sublinhou que, para Santo Tomás, "uma ação política e econômica harmoniosa, que promova alcançar os fins do homem em todo lugar, ou dito em termos mais atuais, o seu desenvolvimento humano integral, exige uma ação prudente dos cidadãos e governos".

Diante deste panorama, prosseguiu, é necessário "encontrar padrões éticos para atividades financeiras modernas, cuja compreensão e gestão requeiram habilidades técnicas específicas".

"O estudo da relação entre o pensamento do Doutor Angélico (Santo Tomás de Aquino) e o pensamento econômico moderno, tão bem desenvolvido pelo trabalho premiado, poderia então tornar-se um campo fértil de diálogo inter-religioso e cultural, assim como uma influência comum das várias religiões nas realidades sociais", concluiu o Cardeal Parolin.

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