O santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha (RS), foi o ponto de partida para o revezamento da tocha da 24ª Surdolimpíada de Verão, que acontece em Caxias do Sul (RS). Segundo o reitor, padre Ricardo Fontana, a escolha do santuário para este marco olímpico se deve à importância da religiosidade para a região da Serra Gaúcha.

“Para nós, foi algo inusitado e inédito. Não esperávamos. As Olimpíadas tem também um aspecto que envolve a questão cultural, por isso, eles fizeram uma pesquisa na nossa região para saber qual é a marca da região da Serra Gaúcha. Essa marca é a religiosidade católica”, disse padre Ricardo Fontana à ACI Digital.

Segundo o sacerdote, “foi feita uma pesquisa antropológica pela Universidade de Caxias que mostrou que o DNA da região é em primeiro lugar a fé, ou seja, as comunidades se estabeleceram aqui a partir da devoção trazida da imigração italiana com uma base muito sólida da fé, depois da família e do trabalho. Este é o DNA antropológico que constitui a região: fé, família e trabalho. E o dado cultural que ainda marca muito é a religiosidade, a fé das pessoas”.

 “A partir dessa pesquisa, os coordenadores do evento se perguntaram qual seria o marco principal da religiosidade da região da Serra Gaúcha e viram que é o santuário de Caravaggio. Então, o Comitê Internacional que organiza as Surdolimpíadas decidiu fazer o acendimento da tocha olímpica aqui no santuário de Nossa Senhora de Caravaggio”, contou o reitor.

As Surdolimpíadas são um evento multiesportivo internacional, organizado pelo Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD – International Committee of Sports for the Deaf). A primeira edição aconteceu em Paris, em 1924. Esta é a primeira vez que o evento acontece na América Latina, de 1º a 15 de maio. Caxias do Sul é a cidade sede e Farroupilha é uma sub sede. São mais de 5 mil atletas, treinadores e membros de delegações representando 79 países. 

No sábado (30), o revezamento da tocha olímpica teve início pela manhã, no santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em um momento conduzido pelo reitor, padre Ricardo Fontana, com a equipe sacerdotal do santuário. “Tivemos a graça, de a partir do Círio Pascal que representa Cristo nossa luz, acendermos e entregarmos a luz para todos os povos, para que a paz reine em todos os corações e reine na humanidade”, disse o reitor.

O revezamento teve início com a atleta gaúcha do futebol, Stefany Krebs. O trajeto de 25 quilômetros se encerrou na catedral diocesana Santa Teresa D’Ávila, em Caxias do Sul, onde foi acesa uma vela junto altar lateral de Nossa Senhora Aparecida. A chama permanece ali até o final do evento.

“Uma das características principais, inclusive que o papa Francisco nos pede, é que sejamos uma Igreja acolhedora, que vai ao encontro das realidades, que seja uma Igreja em saída. Nesse momento, estamos tendo aqui um grande evento esportivo, com vários países participando”, disse o padre. Ele destacou que as igrejas estão abertas para receber os participantes das Surdolimpíadas. “E as pessoas vêm, participam da missa, vêm rezar. Percebemos isso”, afirmou.

O santuário de Nossa Senhora de Caravaggio também acolhe as competições de ciclismo, entre 2 e 8 de maio. “Nesse caso também teve algo interessante porque nós queríamos fazer um gesto de promoção pela paz, já que está acontecendo a guerra na Ucrânia. E tivemos a alegria de que a medalha de ouro no feminino foi para uma ucraniana”, contou padre Fontana. A ucraniana Yelisaveta Topchaniuk conquistou o primeiro ouro da competição, em categoria de velocidade.

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