Depois que a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) publicou uma nota explicativa sobre a proibição de abençoar uniões homossexuais, três padres e dois leigos líderes de organizações pró-família agradeceram ao Vaticano pela resposta e garantiram que esta é uma mostra de "bom senso eclesial” e uma “grande ajuda para aqueles que defendemos a fé da Igreja”.

Em 15 de março, a CDF publicou um responsum (resposta, em latim), a um dubium (dúvida, em latim) que perguntava: “A Igreja dispõe do poder de abençoar as uniões de pessoas do mesmo sexo?” A congregação do Vaticano respondeu negativamente. Além disso, declarou "ilícita toda forma de bênção que tenda a reconhecer" tais uniões.

“A resposta da CDF e a nota explicativa que a acompanha são uma mostra do bom senso eclesial e uma grande ajuda para aqueles que defendemos a fé da Igreja”, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o Pe. Francisco José Delgado, sacerdote diocesano, pároco das paróquias Lominchar e Palomeque, em Toledo (Espanha). 

O presbítero espanhol destacou que “até agora havia muitos padres que se amparavam no fato de que a Igreja abençoa até os animais para respaldar celebrações litúrgicas nas quais se abençoavam uniões homossexuais. Agora, já não podem mais falar isso”. 

“Curiosamente, esses sacerdotes costumavam justificar as suas ações, agora claramente declaradas ilícitas, nas palavras e nos gestos do Papa Francisco. Perguntamo-nos se depois deste documento, aprovado pelo próprio Papa, deixarão de realizar estes atos que escandalizam os simples e dificultam a conversão das pessoas envolvidas”, expressou.

Para o Pe. Juan Manuel Góngora, que ficou mais conhecido depois que o Twitter sancionou sua conta em janeiro, “esta declaração da CDF supõe o esclarecimento de uma coisa óbvia: o pecado não pode ser abençoado. Em uma sociedade infantilizada onde o emotivismo é justificativa para transformar o vício em virtude; este esclarecimento manifesta que a sexualidade humana deve ser vivida de acordo com o projeto de Deus, e não de acordo com os desejos fomentados e financiados pelas instituições supranacionais”.

“Por isso, ficamos felizes por esta intervenção do Magistério, que vai contra esse movimento nocivo para a dignidade do ser humano, que busca modificar a própria concepção do homem com o objetivo de manipulá-lo como um fantoche”, acrescentou.

Pe. Mario Arroyo Martínez, autor do livro “A Igreja e os homossexuais: um falso conflito”, disse à ACI Prensa que a nota da CDF “é realmente um assunto de coerência, de fidelidade aos ensinamentos de Jesus Cristo, na medida em que a união matrimonial ocorre exclusivamente entre um homem e uma mulher abertos à vida”.

“Outro tipo de união que tenha relação sexual não está conforme a vontade de Cristo nem conforme o desígnio criador de Deus e, portanto, não pode ser abençoada como não se pode abençoar o pecado. Mas, atenção, isso não significa uma discriminação exclusiva para as pessoas homossexuais”, destacou o sacerdote.

“Na realidade, não pode ser abençoada nenhuma união que não corresponda a esse desígnio criador de Deus de um homem e uma mulher para sempre, abertos à vida. A bênção implica uma concordância entre o que se abençoa e a mensagem de Jesus Cristo. Este caso é como o de uma união livre ou um casamento civil entre heterossexuais, pois não há uma vontade expressa de seguir os ensinamentos de Jesus Cristo. Abençoá-la significaria uma confusão”, explicou.

“Não supõe uma discriminação aos homossexuais porque as pessoas individualmente podem abençoar umas às outras, o que não pode ser abençoada é a sua união”, acrescentou.

A nota explicativa da CDF indica que a presença de “elementos positivos” nas uniões homossexuais, “que em si mesmos devem ser apreciados e valorizados, ainda não é capaz de justificá-las e fazê-las objeto lícito de uma bênção eclesial, porque tais elementos estão a serviço de uma união não ordenada ao desígnio de Deus”.

Pe. Arroyo também destacou que a nota da CDF “é oportuna porque a Igreja está determinada em um processo de acompanhar os homossexuais para que possam viver segundo os ensinamentos de Jesus Cristo. Neste caminho, são encorajados a participar na Celebração Eucarística, nas obras de misericórdia, na oração do Terço. Mas nem o sacramento da confissão nem da Eucaristia estão abertos enquanto não fizerem uma mudança efetiva de vida na qual aceitem viver ou lutem para viver a castidade”.

“Esta nota é muito oportuna para assinalar os limites, para saber até onde podemos ir no acompanhamento às pessoas homossexuais”, frisou.

O leigo Jesús Magaña, presidente da plataforma Unidos pela Vida na Colômbia, destacou a importância da nota vaticana “porque o que se busca é a salvação das pessoas, para que possam encontrar o seu desenvolvimento pleno, o encontro pessoal com Deus. Celebramos esta declaração porque esclarece muito e encoraja o trabalho real com aquelas pessoas que precisam de nossa caridade”.

Rodrigo Iván Cortés, presidente da Frente Nacional pela Família no México, disse a ACI Prensa que "em um mundo onde prevalecem a confusão e a manipulação, é extremamente importante valorizar o que são as luzes, as verdadeiras afirmações", como a nota da CDF.

Cortés denunciou que atualmente “há um esforço global, de órgãos governamentais como a ONU, ou regionais como a União Europeia, que buscam subordinar as igrejas católica e evangélicas à sua agenda: uma agenda que pretende impor de qualquer forma a ideologia da confusão de gênero”.

Essa ideologia, concluiu, "tenta romper com a natureza sexual das pessoas, para impor uma suposta autopercepção e tirar o fundamento, esvaziar de conteúdo as instituições chaves para a sociedade como a instituição matrimonial”.

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