O sacerdote ruandês Dominique Savio Tuyisenge recorda o genocídio ocorrido neste país em 1994, há 25 anos, no qual morreram 800 mil pessoas. "Foram dias para se apoiar em Deus, era o único caminho", assegurou.

Pe. Dominique Savio Tuyisenge. Foto: AVAN

O genocídio foi uma consequência da rivalidade entre os grupos étnicos hutus e tutsis. O atentado contra o avião do presidente de Ruanda Juvénal Habyarimana, do grupo étnico dos hutus, desencadeou as revoltas que duraram 100 dias nos quais os tutsis foram perseguidos.

Pe. Dominique Savio Tuyisenge é sacerdote da Congregação dos Missionários dos Sagrados Corações e vive há quatro anos em Valência (Espanha), onde é pároco da igreja de São Pedro Pascoal.

Pe. Dominique tinha 17 anos, estava no ensino médio da escola e vivia na cidade de Kigali quando começou a guerra civil.

"Foi horrível porque percebemos que o ser humano é capaz de cometer atrocidades", disse Pe. Dominique a ‘Paraula’, jornal semanal da Arquidiocese de Valência. O início desta guerra fez com que toda a sua família fugisse para o Congo, onde permaneceu por três anos.

O sacerdote recordou que a “guerra estava em Ruanda, em todos os lugares e víamos como as pessoas morriam”. Muitos de seus familiares e amigos faleceram durante os conflitos. O sacerdote assegurou que isso lhe serviu “para valorizar cada instante da vida e as coisas boas que tem”.

Pe. Dominique destacou o "grande trabalho feito pela Igreja em Ruanda naqueles dias, quando muitos missionários arriscaram suas vidas e os templos converteram-se em refúgio" e como esse trabalho continuou depois, porque "a Igreja foi pioneira na reconciliação e está fazendo muito trabalho nas prisões e com iniciativas para conseguir perdão".

Neste sentido, Pe. Dominique apontou que, apesar destes momentos horríveis, sempre manteve a esperança de que Deus "iria tirar o bem de tanto mal”, porque “quando o homem falha apenas Deus pode solucionar, é o único que pode mudar o coração do ser humano quando se perverte, por isso foram dias para se apoiar em Deus, era o único caminho”.

O sacerdote assegurou que "o perdão é amar, e temos que olhar em frente e ressuscitar". Além disso, sublinhou que Deus "sempre esteve com Ruanda, nos abençoou com um país maravilhoso, conhecido como o das mil colinas e que, pouco a pouco vai se levantando com a sua ajuda”.

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