Às vésperas da Semana Santa, no Brasil, fiéis terão a oportunidade de se preparar para viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus diante de algumas relíquias de nosso Senhor, que serão apresentadas na Paróquia Assunção de Nossa Senhora, em São Paulo (SP), no dia 11 de abril.

As relíquias que serão apresentadas são da Coluna da Flagelação, da Coroa de Espinhos, da Santa Cruz, do Santo Cravo, do Título, da Esponja, da Lança Sagrada e do Santo Sudário. Todas fazem parte do Oratorium Sanctus Ludovicus, custodiado Fábio Tucci Farah, especialista em relíquias da Arquidiocese de São Paulo, fundador e diretor do Departamento de Arqueologia Sacra da Academia Brasileira de Hagiologia (ABRHAGI), delegado no Brasil da International Crusade for Holy Relics (ICHR) e curador adjunto da Regalis Lipsanotheca.

A data escolhida para esta apresentação das relíquias, 11 de abril, é justamente quando a Igreja celebra a chamada Semana das Dores, a qual, como recorda Farah à ACI Digital, “é tradicionalmente celebrada na semana que antecede a Semana Santa”.

“Com origem na Ordem dos Servos de Maria, a lembrança das Sete Dores da Mãe de Deus se tornou devoção universal na Igreja sob o papado de Pio VII”, explica o especialista em arqueologia sacra.

“Segundo a Tradição, o sofrimento da Mãe não terminou com a Ressurreição de Jesus. Nem com Sua Ascenção ao Céu. Em Jerusalém, Ela costumava percorrer, em lágrimas, o caminho da cruz, o caminho que Cristo havia marcado com Seu sangue”, acrescenta.

Entretanto, Farah observa que, “se a humanidade já havia sido redimida por Seu sacrifício, por que Sua mãe ainda padecia daquelas terríveis dores?”. Assim, assinala que, “na Epístola de São Paulo aos Colossenses, o Apóstolo revela: ‘Agora regozijo-me nos meus sofrimentos por vós, e completo o que falta às tribulações de Cristo em minha carne pelo seu Corpo, que é a Igreja’”.

“Se em sua missão, São Paulo deveria sofrer com Cristo, não podemos nem imaginar o sofrimento reservado à Mãe de Deus, a Corredentora da humanidade”, pontua.

Além disso, explica, “a lembrança diária da via dolorosa de Cristo por Maria teria inspirado os primeiros cristãos a percorrerem o itinerário da Salvação, em Jerusalém” e, assim “originado a Via Sacra”.

“Entretanto, a Via Sacra como conhecemos hoje, em todas as igrejas do mundo, ganharia forma mais de mil anos depois. Durante as Cruzadas, espalharam-se pela Europa itinerários simbólicos da vida de Cristo, sobretudo de Sua Paixão. Era a única oportunidade de peregrinação a milhares de religiosos e leigos que não podiam empreender uma viagem cara e, sobretudo, perigosa ao Oriente. Por meio daquelas ‘vias sacras’, milhares de fiéis conseguiam acompanhar os passos de Nosso Senhor”, conta.

Nesse sentido, o especialista ressalta que, “se meras representações artísticas podiam fazer nossos antepassados testemunharem o episódio central de nossa Salvação, imagine do que uma relíquia não seria capaz”.

“As Relíquias da Paixão – acrescenta Tucci Farah – participaram efetivamente da história de nossa Redenção. Mais do que uma peregrinação simbólica, essas relíquias nos arrebatam até Jerusalém, quase dois mil anos atrás. E nos colocam frente a frente com Jesus Cristo. Nesse caso – as relíquias são um sacramental –, basta que tenhamos fé”.

Assim, no próximo dia 11 de abril, durante a apresentação das relíquias da Paixão de Cristo, Fábio Tucci Farah buscará enfatizar “o aspecto transcendental” destas. Segundo ele, “os fiéis serão convidados a um percurso espiritual pela Via Sacra por meio das Relíquias da Paixão, ao lado de Nossa Senhora”.

“Não testemunharão à distância o que ocorreu há quase dois mil anos. Serão, sim, espectadores privilegiados da história de nossa Salvação”, sublinha.

Haverá também a celebração da Santa Missa, presidida por Padre Juarez de Castro, ao final da qual, todos poderão se aproximar das relíquias para preces privadas.

A Paróquia Assunção de Nossa Senhora fica na Rua Alameda Lorena , 665A , Jardim Paulista, São Paulo. A apresentação das relíquias terá início às 18h.

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