A Suprema Corte do Estado da Pensilvânia (Estados Unidos) publicou na última terça-feira um relatório que detalha mais de mil supostos casos de abusos sexuais dos membros do clero durante várias décadas em seis dioceses.

O relatório divulgado no dia 14 de agosto detalha as denuncias realizadas nas Dioceses de Allentown, Erie, Greensburg, Harrisburg, Pittsburgh e Scranton, sobre as evidências de abusos e encobrimentos sistemáticos ao longo dos últimos 70 anos, 1947 até 2017.

O relatório de 884 páginas foi escrito por 23 membros de um grande júri, que durante 18 meses examinou meio milhão de páginas de documentos. O FBI ajudou na investigação.

O documento afirma ter identificado mais de mil vítimas de 300 sacerdotes acusados de maneira crível  ​​e denuncia os esforços das autoridades eclesiásticas para ignorar, ocultar ou encobrir as acusações, tanto para proteger os sacerdotes acusados ​​como para evitar o escândalo na Igreja.

O relatório também identificou uma série de práticas nas dioceses, que constituíam um "guia para esconder a verdade".

Isso inclui o uso de frases como "confundir sentimentos" ou "contato inadequado" em vez de referir-se explicitamente à violação ou abuso sexual; ou nomear sacerdotes para investigar outras pessoas, em vez de usar uma equipe qualificada e objetiva.

Como consequência do encobrimento, quase todos os casos são muito antigos para serem julgados, embora tenham sido apresentadas duas acusações. Até agora, um sacerdote, Pe. John Sweeney, foi declarado culpado por agredir sexualmente um estudante no início dos anos 1990.

O relatório afirma que, embora fosse calculado mais de mil vítimas, o número real não é mensurável.

A maioria das vítimas dos casos examinados pelo grande júri eram homens. As idades das vítimas variaram de pré-adolescentes a seminaristas jovens adultos.

Os sacerdotes mencionados no relatório são acusados ​​de vários crimes, incluindo violação, abuso sexual e toques indevidos. O relatório indica que alguns sacerdotes teriam manipulado as suas vítimas com álcool e pornografia.

Aproximadamente dois terços dos sacerdotes acusados ​​morreram. O acusado mais jovem mencionado no relatório nasceu na década de 1990.

Nas últimas décadas, a Igreja nos Estados Unidos teve uma série de medidas proativas destinadas a criar um ambiente mais seguro para as crianças. Isto incluiu um processo de seleção mais rigoroso dos seminaristas, formação para os trabalhadores da paróquia sobre como identificar e prevenir o abuso, e novas políticas sobre como uma diocese deveria responder à má conduta denunciada.

Resposta dos bispos da Pensilvânia ao relatório

Em uma declaração emitida pela Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), os prelados expressaram que sentem "vergonha" pelas conclusões do relatório.

“Como um corpo de bispos, sentimo-nos envergonhados pelos pecados e omissões dos sacerdotes e bispos católicos. Rezamos para que todos os sobreviventes de abuso sexual encontrem cura, consolo e fortaleza na presença amorosa de Deus, enquanto a Igreja se compromete a continuar restaurando a confiança através do acompanhamento, da comunhão, da responsabilidade e da justiça”.

Além disso, da USCCB, as seis dioceses envolvidas no relatório publicaram declarações separadas nas quais reconheceram falhas para proteger as crianças e se comprometeram a trabalhar a fim que isso nunca mais aconteça.

Por exemplo, o Bispo de Harrisburg, Dom Ronald W. Gainer, disse em uma declaração que estava "triste" com o relatório, “porque novamente, lemos que as crianças inocentes foram vítimas de atos terríveis cometidos contra eles”.

Também pediu desculpas novamente aos sobreviventes e à sociedade, tanto pelos abusos cometidos no passado quanto pelos funcionários da Igreja que permitiram que eles ocorressem.

O Prelado disse aos fiéis que as políticas haviam mudado para garantir um ambiente mais seguro e que "a segurança e o bem-estar de nossos filhos é importante demais para não tomar medidas imediatas e definitivas".

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