“Que o Senhor tenha piedade de nós”, disse o papa Francisco ao responder a uma pergunta sobre o que diria ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, feita no voo de volta de Malta a Roma no domingo, 3 de abril.

Falando sobre o desembarque das tropas aliadas na Normandia em 6 de junho de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, em uma comemoração s com chefes de Estado, o papa disse que “não recordo que alguém tenha falado dos trinta mil jovens soldados que perderam a vida naquelas praias. Abriam-se os barcos, saíam e eram metralhados lá, nas praias. A sua juventude não importa".

“Isto faz-me pensar e entristece. Estou triste por isto que acontece hoje. Não aprendemos. Que o Senhor tenha piedade de nós, de todos nós. Todos somos culpados”, exclamou Francisco.

O papa também falou sobre a necessidade de apostar num "esquema de paz" em vez de um "esquema de guerra".

“Mas nós fomos teimosos como humanidade. Somos apaixonados pelas guerras, pelo espírito de Caim. Não por acaso, no início da Bíblia há este problema: o espírito ‘caimista’ de matar em vez do espírito da paz", disse o papa.

Para o papa, “as guerras justas ou as guerras injustas” sempre nascem “duma injustiça… sempre! Porque é o esquema de guerra, não é o esquema de paz. Por exemplo, fazer investimentos para comprar as armas. Dizem-me: precisamos delas para nos defendermos. Mas este é o esquema de guerra.”

O papa explicou que falou várias vezes com as autoridades ucranianas e russas para saber da situação e dar as suas impressões, algo que também fez no final de 2021 com Vladimir Putin, “quando ele ligou para me dar as boas-festas. Conversamos".

Francisco também ofereceu suas condolências pelos jornalistas que morreram na guerra na Ucrânia e disse que "não os esqueçamos. Foram corajosos e eu rezo por eles, para que o Senhor lhes dê o prêmio pelo seu trabalho".

Em sua viagem a Malta, o papa Francisco falou muitas vezes sobre a guerra.

Ontem (3) na missa que presidiu na Praça dos Celeiros, em Floriana, recordou "a Ucrânia martirizada" e a "guerra sacrílega" que este país sofre desde 24 de fevereiro, quando foi invadido pela Rússia.

“Não nos cansemos de rezar e ajudar os que sofrem, que a paz esteja convosco”, concluiu o papa em sua homilia.

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