Milhares de migrantes da América Central cruzaram o México nas últimas semanas com a esperança de chegar aos Estados Unidos, mas quais situações dramáticas os impulsionaram a iniciar este êxodo em massa?

Em diálogo com EWTN Noticias, Rick Jones, conselheiro sênior em Migração e Políticas Públicas de Catholic Relief Services (CRS) na América Latina, assinalou que existem "três razões principais: a violência, as mudanças climáticas e a falta de oportunidades" em seus países de origem.

Catholic Relief Services é a agência solidária da Igreja nos Estados Unidos. Realiza o seu trabalho na América Latina, no Caribe, no Oriente Médio, na Europa, na África e na Ásia.

A primeira caravana de migrantes de 2018 partiu em 13 de outubro de San Pedro Sula, em Honduras. Quando chegaram à Cidade do México, no começo do mês de novembro, ultrapassavam 5.600 pessoas.

Outras caravanas seguiram os seus passos.

Jones advertiu que "El Salvador e Honduras estão entre os cinco países mais violentos do mundo. Em San Pedro Sula, por exemplo, a taxa de homicídios é de 100 por 100.000 habitantes".

Como comparação, assinalou que em Los Angeles (Estados Unidos), "a taxa de homicídios é de 6 por 100.000 habitantes". "A diferença nos níveis de violência é esmagadora", disse.

Sobre as mudanças climáticas, Jones observou que "a maioria das pessoas no interior da América Central planta milho e feijão com base na chuva. Se houver muita água, eles perdem, se não houver chuva, eles também perdem. E em Honduras, nos últimos cinco anos, eles tiveram quatro anos de seca, e neste ano tiveram uma seca e logo depois uma inundação. As pessoas perderam tudo".

"Finalmente, as pessoas não têm muitas opções de trabalho. A grande maioria das pessoas em El Salvador, por exemplo, trabalha no setor informal, e ganham dois ou três dólares diariamente. Isso não é suficiente para as suas necessidades básicas".

O Conselheiro Sênior da CRS indicou que os migrantes "sofrem ao longo do caminho" para chegar aos Estados Unidos. "Caminham entre oito e nove horas por dia e ficam com os pés descascados, e seus sapatos cheios de buracos. Neste momento, muitos estão doentes, com infecções respiratórias e até pneumonia, devido às baixas temperaturas no norte do México".

"Estamos trabalhando com algumas religiosas que estão nos ajudando, mas não é suficiente", lamentou.

Jones disse que a CRS trabalha na América Central "tanto com jovens quanto com produtores e camponeses".

"Temos um programa chamado Jovens Construtores, através do qual ajudamos os jovens a conseguir um trabalho. E conseguimos dar um emprego a aproximadamente 15 mil jovens nos últimos 10 anos. Mas é uma gota no mar. Há mais de um milhão de jovens que não estudam nem trabalham".

Além disso, ajudam as pessoas das áreas rurais "para que tenham alternativas reais que não sejam apenas semear milho e feijão".

"Em El Salvador, estamos apoiando a reativação da produção de cacau e isso está gerando fonte de renda, ajudando a administrar melhor a água e a terra", disse.

Com este tipo de projetos, destacou, "as pessoas têm fonte de renda e uma qualidade de vida melhor".

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