Os doutores Justo Aznar e Julio Tudela, do Observatório de Bioética da Universidade Católica de Valência (Espanha), apresentaram recentemente um relatório criticando a decisão da Conferência Episcopal da Alemanha de aprovar o uso da "pílula do dia seguinte" em casos de estupro sempre que "seus princípios sejam não abortivos", pois na opinião dos peritos a decisão dos Bispos não está "avalizada pela evidência médica".

Em seu "Comentário à decisão dos bispos alemães a respeito da utilização da contracepção de emergência em mulheres vítimas de estupro", os peritos asseguram, citando diversas cifras e estudos científicos que, segundo "a bibliografia médica disponível", resulta muito ousado afirmar que algum dos medicamentos existentes no mercado "possa responder ao exigido pelos bispos alemães, para que seu uso seja moralmente legítimo".

Para Aznar e Tudela, "as declarações do presidente da Conferência Episcopal alemã, Robert Zollitsch, arcebispo de Friburgo", quem disse que os avances médicos permitiriam usar pílulas do dia seguinte que não causem abortos, aparentemente "não podem aplicar-se, atendendo às evidências científicas existentes até a data".

"Dos fármacos atualmente utilizados com tal fim (pílula do dia seguinte), não podemos assegurar que atuem sempre por um mecanismo contraceptivo. Quer dizer, sempre existirá alguma ocasião em que seu efeito se consiga por um mecanismo anti-implantatório, quer dizer abortivo, o que invalidaria moralmente seu uso", asseguraram os especialistas médicos.