Na quinta-feira, 14 de junho, Sándor Dolmus, coroinha da Catedral de León, foi assassinado por paramilitares na Nicarágua.

Assim confirmou através das redes sociais o Bispo Auxiliar de Manágua, Dom Silvio José Báez, depois que foi avisado por sacerdotes da Diocese de León, no oeste do país.

“Esta mensagem que acaba de chegar me fez chorar. Os sacerdotes informaram a dolorosa e indignante notícia de que os paramilitares assassinaram um coroinha da Catedral de León, que estava em Zaragoza no momento do ataque nesta manhã em León”, escreveu o Prelado em sua página do Facebook.

O coroinha, continuou Dom Báez, “tinha 15 anos de idade. Foi assassinado com um tiro no peito. Basta! Quanta dor! Que Deus consolide a sua família e acolha no altar do céu o nosso irmão coroinha Sándor Dolmus!”.

Irmão Holman Espinoza, religioso do Instituto de Vida Consagrada Missionários Marianos, informou ao Grupo ACI que Sándor “queria ser religioso em nossa comunidade. Eu estava tentando ajudá-lo no que podia”.

“Estamos muito tristes, era um menino muito bom, amoroso e prestativo”, manifestou.

Irmão Espinoza contou que Sándor “estava andando na rua, perto da igreja de São José, quando foi baleado no peito”.

O religioso assinalou que pelas ruas de León “não se pode andar, porque há disparos o tempo todo. Há muito perigo”.

Byron Estrada, membro do Movimento 19 de abril de León, indicou a ‘100% noticias’ que Sándor “era um dos nossos, esteve conosco desde o primeiro dia do protesto”.

Estrada se referiu aos protestos que começaram a ocorrer em abril deste ano em todo o país, depois que o governo de Daniel Ortega decidiu aumentar a contribuição dos trabalhadores e no Instituto Nacional da Seguridade Social da Nicarágua (INSS). Esta medida foi revogada devido às manifestações.

“Infelizmente, a Frente Sandinista junto com seus paramilitares hoje é culpada por isso. E continuo apelando como estudante, como membro do movimento, não queremos mais sangue derramado na nossa Nicarágua e muito menos em León”, expressou.

Em sua última publicação no Facebook, Sándor Dolmus escreveu no dia 14 de junho a seguinte mensagem: “Senhor Jesus, coloco nas tuas mãos o teu país Nicarágua, especialmente León, não nos abandone, dá-nos a paz. Eu sei que o Senhor nunca abandonou ninguém, ajuda a tua cidade de León, ajude-nos a vencer o mal”.

Estas palavras foram divulgadas pelos amigos de Sándor como uma homenagem, depois que ficaram sabendo do seu assassinato.

Este não foi o primeiro ataque dos paramilitares contra os cidadãos na Nicarágua.

O Arcebispo de Manágua, Cardeal Leopoldo Brenes, indicou que os grupos paramilitares ligados ao governo perpetraram ataques contra a população e contra a Igreja desde o dia 12 de junho.

Em Manágua, os bairros orientais foram cercados pelos paramilitares.

No final de maio, a Universidade Centro-Americana (UCA) da Nicarágua, administrada pela Companhia de Jesus, denunciou que homens mascarados atacaram suas sedes na capital com um morteiro.

Do mesmo modo, Pe. Vicente Martínez Bermúdez, da Diocese de Matagalpa, denunciou que no último fim de semana um grupo de homens encapuzados o ameaçou de morte enquanto apontavam um fuzil para ele.

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Até o momento, a violenta repressão do governo de Ortega contra os nicaraguenses já causou a morte de mais de 140 pessoas, a maioria das quais morreu em protestos em várias cidades do país.

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