Em seu discurso às autoridades da Estônia, à sociedade civil e ao corpo diplomático que o Papa Francisco na manhã de hoje no jardim do palácio presidencial em Tallinn, Estônia, o Santo Padre destacou o valor da independência para a Estônia.

Assim como nos últimos dias na Lituânia e na Letônia, o Pontífice pediu para manter viva a memória do sofrimento e da dor provocados ​​pelas ocupações nazistas e soviéticas durante o século XX.

De fato, durante esta viagem apostólica, o Papa se referiu várias vezes a guardar essa independência dos países bálticos.

O Pontífice recordou que, há alguns séculos, a Estônia é conhecida como a “Terra de Maria”, ou “Maarjamaa”. “A evocação de Maria me sugere duas palavras: memória e fecundidade”, assinalou.

Terra da memória

Assim como na Lituânia e na Letônia, o Santo Padre mencionou os sofrimentos do povo estoniano durante seu passado recente, devido às ocupações nazista e soviética.

“O vosso povo”, afirmou, “teve que suportar, em diferentes períodos históricos, duros momentos de sofrimento e tribulação. Lutas pela liberdade e independência, que sempre se viram postas em questão ou ameaçadas”.

Entretanto, destacou o grande crescimento social nos últimos vinte e cinco anos que permitiram “ao vosso país, apesar de ser pequeno, estar entre os primeiros pelo índice de desenvolvimento humano, pela sua capacidade de inovação, bem como pela demonstração de um alto nível de liberdade de imprensa, democracia e liberdade política”.

Além disso, Francisco destacou a necessidade de manter viva esta memória, pois, “considerando o vosso passado e o vosso presente, encontramos motivos para olhar com esperança o futuro nos novos desafios que surgem”.

“Ser terra de memória significa saber lembrar que o lugar que alcançastes atualmente se deve ao esforço, ao trabalho, ao espírito e à fé dos vossos pais. Cultivar, agradecidos, a memória permite identificar todos os resultados que hoje desfrutais com uma história de homens e mulheres que lutaram para tornar possível essa liberdade e que, por sua vez, vos desafia a prestar-lhes homenagem, abrindo caminhos para aqueles que virão a seguir”.

Terra de fecundidade

O Papa assinalou que a característica da Estônia como "terra de fecundidade" significa valorizar as raízes, especialmente as raízes dos jovens.

“A consciência de pertencer e lutar pelos outros, de estar enraizado num povo, numa cultura, numa família pode-se ir perdendo pouco a pouco, privando, sobretudo os mais jovens, de raízes a partir das quais possam construir o seu presente e o seu futuro, porque os priva da capacidade de sonhar, arriscar, criar”.

Advertiu, por isso, o perigo de confiar o desenvolvimento à única carta do progresso tecnológico como o único meio possível de desenvolvimento pode causar a perda “da capacidade de criar vínculos interpessoais, intergeracionais e interculturais”.

“Uma terra será fecunda, um povo dará frutos e será capaz de gerar o amanhã apenas na medida em que dá vida a relações de pertença entre os seus membros, na medida em que cria laços de integração entre as gerações e as diferentes comunidades que o compõem, e ainda na medida em que quebra as espirais que obscurecem os sentidos, afastando-nos sempre uns dos outros”.

“Neste esforço, queridos amigos, quero garantir-vos que podem contar sempre com o apoio e a ajuda da Igreja Católica, uma pequena comunidade entre vós, mas com tanta vontade de contribuir para a fecundidade desta terra”, concluiu.

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