O Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, afirmou que não se deixarão “paralisar pelo medo” após os atentados provocados pelo Estado Islâmico (ISIS) contra a França durante a última sexta-feira nem por suas ameaças contra o Vaticano e o Papa Francisco.

Durante uma entrevista concedida no dia 15 de novembro ao jornal francês ‘La Croix’, o Cardeal Parolin expressou: “o ocorrido na França ilustra, de uma forma mais concreta, que ninguém pode considerar que está livre do terrorismo. O Vaticano pode ser um alvo, devido ao seu significado religioso. Podemos aumentar as medidas de segurança no Vaticano e ao seu redor. Mas não nos deixaremos paralisar pelo medo. Isto não muda em nada a agenda do Papa”.

A respeito da afirmação do Papa Francisco de que estamos vivendo uma “terceira guerra mundial por partes”, e considerando os atentados ocorridos em Paris na última sexta-feira, o Cardeal explicou que o Santo Padre se refere a uma “guerra não declarada, assimétrica. Uma guerra que vai além do campo de batalha, onde as vítimas são pessoas inocentes, jovens, adultos e idosos”.

“Uma terceira guerra mundial em capítulos também significa que não sabemos onde acontecerá o próximo ataque. O Estado Islâmico advertiu que Paris… era só o começo”.

Por isso, assinalou que como resposta “é necessária uma “mobilização geral na França, na Europa e em todo o mundo. A mobilização de todos os meios de segurança, polícia e forças de inteligência, para erradicar o mal do terrorismo. Mas que também necessitamos de um desenvolvimento de todos os recursos espirituais a fim de dar uma resposta positiva frente ao mal”.

Em seguida, disse que é necessário “educar as pessoas a fim de que aprendam a rechaçar o ódio e devemos convocar todos os agentes, políticos e religiosos, nacionais e da vida internacional. Temos que fazer um esforço para lutar e juntos. Sem esta união, esta batalha duríssima não será vencida. E é necessária a participação dos atores muçulmanos também. Eles devem fazer parte da solução”.

O Secretário de estado precisou logo que quando o Papa disse que “é lícito deter o injusto agressor”, em referência ao Estado Islâmico, o Santo Padre não dizia nada novo porque citou o Catecismo da Igreja Católica quando estabelece que “as autoridades têm o direito legítimo de repelir os agressores que estão contra a sociedade civil que está sob o poder da sua responsabilidade”.

“Isto corresponde à legítima defesa de um Estado, o qual deve proteger seus cidadãos e afastar os terroristas. Quando se trata de uma intervenção no exterior, deve procurar legitimá-la através dos organismos da comunidade internacional. Nosso papel é recordar estas condições, e não especificar os meios para rechaçar aos agressores”, manifestou.

Por outro lado, o Cardeal se referiu ao próximo Ano Santo que começará no dia 8 de dezembro e disse que este acontecerá no contexto de “um mundo dilacerado pela violência, portanto, este é o momento adequado para lançar a ‘ofensiva da misericórdia”.

“O Santo Padre deseja que o Jubileu da Misericórdia sirva para as pessoas se reunirem, se entenderem, superarem o ódio. Logo depois dos atentados em Paris, este objetivo foi reforçado. Nós recebemos a misericórdia de Deus para ter esta mesma atitude com os outros”.

“O Misericordioso” é o apelativo mais belo com que os muçulmanos se referem a Deus. Eles também estão chamados a aderir-se a este ano santo, tal como o Papa deseja”, concluiu.

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