O papa Francisco entrou na Sala Paulo VI do Vaticano com uma bengala, e não em cadeira de rodas como nos últimos meses, para fazer a Audiência Geral de hoje (3).

Francisco retomou suas atividades oficiais após a pausa do mês de julho antes de sua viagem apostólica ao Canadá.

Depois de ler a passagem de Jesus com os discípulos de Emaús em várias línguas, o papa Francisco fez sua catequese em italiano. O tema foi a viagem ao Canadá.

“Foi uma viagem diferente de qualquer outra. Com efeito, a principal motivação era encontrar os povos originais para lhes expressar a minha proximidade e tristeza, e pedir perdão - pedir perdão - pelo mal que lhes foi causado por aqueles cristãos, incluindo muitos católicos, que no passado colaboraram nas políticas de assimilação forçada e de resgate dos governos daquela época”, explicou o papa.

Francisco lembrou que o lema da viagem foi "Caminhar juntos" e acrescentou que "foi empreendida uma viagem ao Canadá para escrever uma nova página do caminho que a Igreja percorre com os povos indígenas desde há algum tempo".

É "um caminho de reconciliação e cura, que pressupõe conhecimento histórico, escuta dos sobreviventes, consciência e sobretudo conversão e mudança de mentalidade", disse.

Francisco reconheceu que “alguns homens e mulheres da Igreja foram entre os mais resolutos e corajosos defensores da dignidade dos povos indígenas, protegendo-os e contribuindo para o conhecimento das suas línguas e culturas”.

No entanto, o papa lamentou que “infelizmente, não faltaram cristãos, ou seja, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos que participaram em programas que hoje compreendemos que são inaceitáveis e inclusive contrários ao Evangelho. E por isso fui pedir perdão em nome da Igreja”.

“Foi uma peregrinação penitencial. Houve muitos momentos de alegria, mas o sentido e o tom geral foram reflexão, arrependimento e reconciliação”, disse.”.

Falando sobre a viagem apostólica que fez de 24 a 30 de julho, o papa disse que ela teve três etapas: “a primeira, em Edmonton, na parte ocidental do país. A segunda, Québec, na parte oriental. E a terceira no norte, em Iqaluit, talvez a 300 km do círculo polar ártico” e que consistia em “memória, reconciliação e cura”.

Francisco destacou que a história antiga dos povos indígenas ensina "harmonia com sua terra" porque "nunca maltratam a criação".

“Deste percurso de memória, reconciliação e cura nasce a esperança para a Igreja, no Canadá e em toda a parte. E ali, a figura dos discípulos de Emaús que, depois de ter caminhado com Jesus ressuscitado, com Ele e graças a Ele passaram do fracasso à esperança”, disse Francisco.

Francisco agradeceu às autoridades civis pela acolhida e destacou a unidade dos bispos no Canadá, porque esta viagem foi possível graças ao fato de que “os bispos estavam unidos, e onde há unidade é possível progredir. Por isso, gostaria de realçar isto e agradecer aos bispos do Canadá por esta unidade”.

Falando sobre os diversos momentos que teve com os povos indígenas, Francisco concluiu dizendo “que nestes encontros, especialmente no último, senti como uma bofetada a dor daquelas pessoas: os idosos que perderam os filhos e não sabiam onde estavam, por causa da política de assimilação. Foi um momento muito doloroso, mas era necessário encará-lo: devemos encarar os nossos erros, os nossos pecados”.

“Que a fortaleza e a ação pacífica dos povos indígenas do Canadá sejam um exemplo a fim de que todos os povos nativos não se fechem, mas ofereçam a sua indispensável contribuição para uma humanidade mais fraterna, que saiba amar a criação e o Criador, em harmonia com a criação, em harmonia entre todos vós”, concluiu o papa.

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