Em um clima de cordialidade e satisfação pelas boas relações bilaterais entre a Colômbia e o Vaticano, o presidente colombiano, Iván Duque Márquez, se reuniu com o Papa Francisco e, em seguida, com o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, na segunda-feira, 22 de outubro.

Os temas principais desta reunião realizada no Vaticano foram o processo de paz com a guerrilha ELN e a situação dos migrantes venezuelanos que fogem do regime de Maduro. O encontro com Francisco ocorreu durante a viagem diplomática que o presidente colombiano está realizando aos diferentes países da Europa.

Entretanto, outros temas também foram mencionados, como a corrupção, o meio ambiente e a situação da juventude.

De acordo com um comunicado divulgado pela Sala de Imprensa do Vaticano, durante as conversas, também destacaram a contribuição da Santa Sé no processo de paz e de reconciliação do povo colombiano.

Do mesmo modo, continua o comunicado, “sublinharam a importância do diálogo constante entre Igreja e Estado a fim de enfrentar os desafios atuais da sociedade, com referência particular a algumas questões de interesse comum como a tutela da vida, o combate à corrupção e ao tráfico de drogas, a promoção da legalidade e a proteção do ambiente”.

No final da reunião com o Pontífice e com o Cardeal Secretário de Estado, o presidente Duque Márquez respondeu algumas perguntas dos jornalistas.

Processo de paz

Sobre o processo de paz e de diálogo com a guerrilha ELN, o presidente assegurou que recebeu "o apoio de Sua Santidade no exercício que desenvolvemos para que possa ser realizada uma inclusão efetiva das pessoas que deixaram a violência e querem começar um processo de reconciliação com o povo colombiano com os princípios de verdade, justiça, reparação e não repetição".

"Tive a oportunidade de manifestar ao Secretário de Estado o desejo, que disse também ao povo colombiano, de poder avançar em um diálogo com ELN se, e somente se, cumprirem as condições da entrega de sequestrados e que ponham fim a qualquer tipo de ação criminosa e violenta".

Nesse sentido, o presidente sublinhou: “Sempre recebi do Vaticano a melhor disposição para apoiar a Colômbia em seus esforços de paz, em todos os sentidos. Achei que a conversa que tivemos com o Cardeal Parolin foi muito positiva, porque me permitiu reiterar qual é a vontade do governo".

Venezuela

Sobre a situação dos refugiados venezuelanos, explicou que o Santo Padre incentivou o governo colombiano a seguir na linha da "política fraterna de receber os irmãos venezuelanos no nosso país. Nós não fechamos as fronteiras, acolhemos em nosso território os irmãos venezuelanos que fogem da desolação da ditadura e continuaremos oferecendo a eles todas as oportunidades a fim de que saiam desta tragédia".

"Também indiquei ao Santo Padre que temos feito esforços com a comunidade internacional para mobilizar recursos, para que tenhamos uma resposta multilateral desse problema, e senti essa voz de apoio tão importante".

Afirmou que, "tanto diante do Santo Padre como diante o Secretário de Estado Parolin, deixamos claro que a Colômbia continuará trabalhando de maneira solidária com o povo venezuelano a fim de que possam sair da tragédia que sofrem atualmente e seguiremos falando de uma política migratória fraterna e focada no bem-estar do povo venezuelano e na irmandade de ambos os países".

Corrupção

Além destes grandes temas, o presidente da Colômbia também conversou com o Papa e com o Cardeal Parolin sobre a corrupção, "a luta frontal contra a corrupção", esclareceu. "Com Sua Santidade, falamos do dano enorme que a corrupção causa à sociedade".

Meio ambiente

A defesa do meio ambiente foi outro capítulo debatido nas conversas. "Compartilhamos a ideia do Sínodo de 2019, que como vocês sabem, estará relacionado com o meio ambiente e a proteção da Amazônia, entre outros temas ambientais".

"Sua Santidade e eu compartilhamos a ideia de enfrentar o desmatamento, um dos principais problemas do nosso governo; de promover valores de proteção ambiental na juventude, como a redução de resíduos e a reutilização, a reciclagem; e a proteção da biodiversidade e da água”.

Juventude

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Como a visita ocorreu durante o Sínodo dos Bispos sobre os jovens, realizado no Vaticano, este tema foi inevitável.

"Também compartilhamos uma agenda em favor dos jovens", indicou. "Na Colômbia, estamos avançando com a 'economia laranja' (que busca atrair talentos), através do empreendedorismo, da cobertura em termos de qualidade educacional em todo o território, da atenção integrada à primeira infância...".

Destacou os avanços na "formação técnica e tecnológica e no fortalecimento das universidades, da universidade pública para dar oportunidades aos jovens".

Troca de presentes

Antes de terminar o encontro com o Papa, a delegação colombiana e a delegação vaticana realizaram a tradicional troca de presentes.

O Pontífice presenteou o presidente e a sua delegação com uma medalha com a representação de uma oliveira cujos dois ramos se unem.

Quando entregou ao presente, o Papa disse a Duque: "Eu te entrego esta medalha com o ramo de oliveira cujos dois ramos unem aquilo que havia sido separado. Desejo que as suas mãos sejam como esses dois ramos e que unam a Colômbia".

Por sua parte, o presidente colombiano entregou ao Papa uma imagem da Sagrada Família feita com sal da Mina de Sal de Zipaquirá; um livro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquirá; um livro sobre biodiversidade amazônica; uma tela feita pelas crianças da fundação do jogador de futebol colombiano James Rodríguez; uma camisa do time de futebol colombiano assinada pelo jogador; uma rede feita pelos artesãos colombianos; e uma caixa com quatro bolsas de café colombiano.

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