Em sua homilia na Missa celebrada na Casa Santa Marta nesta terça-feira, 14 de janeiro, o Papa Francisco lamentou a incoerência dos batizados que não dão bom testemunho.

“Quanto mal fazem os cristãos incoerentes que não dão testemunho e os pastores incoerentes, esquizofrênicos, que não dão testemunho!”, expressou o Pontífice.

Por isso, o Santo Padre rezou ao Senhor para que todos os batizados tenham “autoridade” que “que não consiste em comandar e aparecer, mas em ser coerente, ser testemunha e, por isso, ser companheiro de estrada no caminho do Senhor”.

Nesse sentido, o Papa refletiu sobre o Evangelho da liturgia do dia, de São Marcos, que indica que “Jesus ensinava como quem tem autoridade”, ao contrário dos escribas.

“Qual é a autoridade que Jesus tem? É o estilo do Senhor, aquele 'senhorio' – digamos assim – com a qual o Senhor se movia, ensinava, curava, ouvia. Este estilo senhorio – que é algo que vem de dentro – mostra... O que mostra? Coerência. Jesus tinha autoridade porque era coerente com aquilo que ensinava e aquilo que fazia, isto é, como vivia. Aquela coerência é o que dá a expressão de uma pessoa que tem autoridade: ‘Esta pessoa tem autoridade porque é coerente’, ou seja, dá testemunho. A autoridade se mostra nisto: coerência e testemunho”, afirmou o Papa.

Ao contrário, Francisco destacou que, como os escribas não eram coerentes, Jesus exortou o povo a “fazer o que diziam, mas não o que faziam” e acrescentou que, em diversos episódios do Evangelho, chama-os de “hipócritas”.

“E a palavra que Jesus usa para qualificar esta incoerência, esta esquizofrenia, é ‘hipocrisia’. É um terço de qualificativos!”, afirmou o Papa, o qual convidou a ler o Capítulo 23 do Evangelho de São Mateus, no qual Jesus os descreve muitas vezes como: “hipócritas por isso, hipócritas por isso, hipócritas…”.

Nesse sentido, o Santo Padre assinalou que “a hipocrisia é o modo de agir daqueles que têm responsabilidade sobre as pessoas – neste caso, responsabilidade pastoral –, mas não são coerentes, não são senhores, não têm autoridade. E o povo de Deus é manso e tolera; tolera muitos pastores hipócritas, muitos pastores esquizofrênicos que dizem e não fazem, sem coerência”.

Entretanto, o Pontífice explicou em sua homilia que “o povo de Deus distingue bem entre a autoridade de uma pessoa e a graça da unção” e quem pergunta “mas você vai se confessar com aquela pessoa, que é isso, isso e isso?”, o Papa respondeu: “Mas para mim ele é Deus. Ponto. Ele é Jesus”.

“E esta é a sabedoria do nosso povo, que tolera tantas vezes, tantos pastores incoerentes, pastores como os escribas, e também cristãos que vão à missa todos os domingos e depois vivem como pagãos. E as pessoas dizem: ‘Isto é um escândalo, uma incoerência’. Quanto mal fazem os cristãos incoerentes que não dão testemunho e os pastores incoerentes, esquizofrênicos, que não dão testemunho!”, advertiu o Papa.

Leitura comentada pelo Papa Francisco:

Marcos 1,21b-28

21bEstando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.

23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24“Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. 25Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!”

26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galileia.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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