Durante a Audiência Geral de hoje (13) dedicada à “Paz da Páscoa”, o papa Francisco exortou a ser "portadores da paz de Cristo com as 'armas do Evangelho' que são a oração, a ternura, o perdão e o amor gratuito ao próximo".

A Páscoa "especialmente este ano, é a ocasião abençoada para passar do Deus mundano para o Deus cristão, da avidez que levamos dentro de nós para a caridade que nos liberta, da expectativa de uma paz trazida pela força para o compromisso de testemunhar concretamente a paz de Jesus”, disse o papa. “Coloquemo-nos perante o Crucificado, fonte da nossa paz, e peçamos-lhe paz do coração e paz no mundo”.

Refletindo sobre a paz que Cristo dá, Francisco disse recordou que no último Domingo de Ramos contemplou-se "a entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado pelo povo como rei", ocasião em que "muitos esperavam um Messias poderoso que estabeleceria uma 'paz social', obtida através da imposição e da força. Jesus, em vez disso, percorre outro caminho" disse o papa, porque "sua paz não é a paz que o mundo oferece". Cristo "nos dá a sua paz como rei de mansidão e humildade, com a entrega total de si mesmo".

“A paz que Jesus nos dá na Páscoa não é a paz que segue as estratégias do mundo, que acredita poder obtê-la através da força, da conquista e de várias formas de imposição. Esta paz, na realidade, é apenas um intervalo entre guerras: sabemo-lo bem”, sublinhou o papa.

Por isso, Francisco disse que “enquanto o poder mundano só deixa destruição e morte a sua paz constrói a história, transformando os corações dos que acolhem a sua presença salvadora”.

“A paz do Senhor segue o caminho da mansidão e da cruz: é ocupar-se do próximo. Com feito, Cristo assumiu sobre si o nosso mal, o nosso pecado e a nossa morte. Assumiu sobre si tudo isto. Desta forma, ele libertou-nos. Ele pagou por nós. A sua paz não é o fruto de algum compromisso, mas nasce do dom de si mesmo”, afirmou.

"Neste momento difícil, de agressão armada, somos chamados a ser portadores da paz de Cristo com as 'armas' do Evangelho, que são a oração, a ternura, o perdão e o amor gratuito ao próximo, o amor a todos".

“Esta é a forma de trazer a paz de Deus ao mundo. É por isso que a agressão armada destes dias, como qualquer guerra, representa um ultraje contra Deus, uma traição blasfema ao Senhor da Páscoa, preferindo ao seu rosto manso o do falso deus deste mundo. A guerra é sempre uma ação humana para levar à idolatria do poder”, lamentou o papa.

Neste sentido, o papa falou sobre a atualidade da história da Lenda do Grande Inquisidor do escritor russo Fiódor Dostoievski (1821-1881) para alertar sobre “a tentação de uma falsa paz, baseada no poder, que depois leva ao ódio e à traição de Deus e a tanta amargura na alma".

Tríduo Pascal 2022

O papa Francisco destacou que estamos vivendo a Semana Santa e encorajou a “preparar os corações para continuar com fé” as celebrações do próximo Tríduo Pascal, que é o “culminância do ano litúrgico e da vida da Igreja”.

“Nesta Semana Santa, respondam com generosidade a Cristo que nos chama a nos unirmos mais profundamente com sua morte e ressurreição. Ele quer encher-nos com a sua vida, dando-nos uma esperança que não desilude”, convidou o papa.

Páscoa é uma festa em família

Em seguida, saudando os fiéis de língua polonesa, o papa destacou que "este ano eles celebram a Semana Santa e a Páscoa de uma maneira especial: junto com muitos hóspedes ucranianos" e destacou que "a Páscoa é uma festa em família, e ao abrir suas casas para eles, tornaram-se membros da sua família” e juntos poderão contemplar o Crucifixo e esperar “a ressurreição de Cristo e a paz na Ucrânia”.

Jesus é a nossa paz

Além disso, ao saudar os fiéis de língua árabe, o papa encorajou-os a recordar que “Jesus é a nossa paz”, por isso exortou a colocar “n’Ele as nossas preocupações e os nossos medos. Porque o fiel confia inclusive na angústia e confia em que com Jesus Cristo tudo ocorre para o nosso bem”, por isso exclamou: “Não tenham medo. Que o Senhor abençoe a todos e os proteja sempre de todo o mal”.

“Peçamos ao Senhor que nos prepare para viver em união com Ele nos dias da Paixão e da Ressurreição. Que nossas orações acompanhem em particular todos aqueles que estão passando por estes dias santos em abandono, guerra ou dificuldade”, disse aos fiéis de língua inglesa.

Jovens que participam na UNIV

Por fim, o papa saudou em particular os muitos jovens presentes que participam do Encontro Internacional UNIV 2022 que aplaudiram em vários momentos da Audiência Geral, repetindo: “esta é a juventude do papa”.

Segundo os organizadores, este ano mais de 2 mil estudantes universitários estão participando para viver a Semana Santa em Roma e refletir sobre o tema "Reconstruindo juntos: a força das relações humanas" e destacaram que a UNIV nasceu em 1968 sob o impulso de são Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei.

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“Nestes dias santos acompanhamos Jesus na sua Paixão, Morte e Ressurreição. Peçamos-lhe que, assim como Páscoa significa 'passagem', também nós sejamos capazes de 'dar passos' de reconciliação. E que sua paz reine em nossos corações e no mundo inteiro. Que Deus os abençoe. Muito obrigado”, concluiu o papa Francisco.

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